Em todas as rodas de conversa atualmente, a insatisfação com a situação política e econômica do país sempre vem à tona. Apesar disso, há poucas ações concretas por parte da sociedade para mudar o panorama e fazer valer sua vontade. Um dos pontos de maior indignação está ligado aos sucessivos aumentos de impostos a que os governantes vêm recorrendo. O Brasil, hoje, já possui uma das maiores cargas tributárias do mundo: mais de 35% de nosso PIB corresponde aos valores destinados ao poder público na forma de tributos.

CARREGANDO :)

Esse dinheiro sai diretamente do bolso de cada cidadão, que nos produtos que consome ou serviços que contrata paga altos impostos, muitas vezes equivalentes à maior parte do preço final de uma mercadoria. Taxando mais a produção do que a renda, temos um sistema injusto. Ao comprar um produto, todo cidadão paga a mesma quantia em impostos, independentemente de seus vencimentos serem altos ou baixos.

Não bastasse essa injustiça, o sistema tributário brasileiro é absurdamente complexo. Com uma infinidade de normas, cria-se um emaranhado burocrático que exige extremo cuidado, principalmente das indústrias. Além de ser altamente taxado ao longo de seus processos produtivos, o setor industrial gasta muito tempo e dinheiro para cumprir com todas as suas obrigações com o fisco. Esse é, sem sombra de dúvidas, um dos principais fatores que tiram o poder de concorrência das indústrias brasileiras e colocam o país em posição pouco destacada nos rankings globais de competitividade. Segundo o Fórum Econômico Mundial, ocupamos a 75.ª posição entre 140 países.

Publicidade

Taxando mais a produção do que a renda, temos um sistema injusto

Por outro lado, ninguém pode ser contra o pagamento de impostos. Afinal, é esse dinheiro que garante o funcionamento da administração pública. É aí que reside o grande problema do Brasil. Apesar de a sociedade arcar com tributos equivalentes aos de países desenvolvidos, ela não tem o devido retorno em serviços públicos de qualidade. E, quando a má gestão desses recursos cria rombos nos cofres púbicos, como está ocorrendo agora, os governos sempre recorrem à mesma fórmula: aumentar ainda mais os impostos para ampliar a arrecadação, sem que se vejam grandes esforços para mudar a maneira de se administrar os recursos retirados da população.

Temos no Brasil uma máquina púbica inchada. Mas a incapacidade de gestão, a má aplicação dos recursos, a concessão de uma série de privilégios e benefícios e os inúmeros desvios pela corrupção fazem com que os serviços prestados não atendam a todas as necessidades da sociedade. Cortar gastos desnecessários e investir no aumento da eficiência, do controle e da transparência é o que deveria ser feito pelos governantes para equalizar as contas públicas.

Mas isso só vai ocorrer se a sociedade se mobilizar e cobrar uma mudança de postura da classe política. Para contribuir com esse movimento, a Fiep e várias entidades apoiadoras trazem a Curitiba, neste domingo, a campanha “Não vou pagar o pato”. Com uma mobilização no calçadão da Rua XV, às 10h30, apresentaremos aos paranaenses essa iniciativa, lançada pela Federação das Indústrias de São Paulo e que se espalha pelo país. A campanha quer mostrar que a população não suporta pagar mais impostos e abomina a possibilidade de criação de novos tributos, como a CPMF.

Publicidade

Quando uma sociedade não se manifesta, abre espaços para desmandos. Por isso, convido a todos para nos ajudar nesse esforço. Neste momento decisivo para o país, sua omissão e seu silêncio farão com que todos nós paguemos o pato.

Edson Campagnolo é presidente do Sistema Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).