• Carregando...
Decolagem de uma aeronave.
Decolagem de uma aeronave.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Não existe mais modo automático na vida, e menos ainda nas viagens. Até antes da pandemia, estávamos acostumados a fazer tudo de uma forma em que tudo se encaixava. Não é mais assim e, por enquanto, precisamos nos adaptar às novas realidades e aos perrengues que elas trazem, pois não sabemos quando ou mesmo se tudo voltará ao normal.

No turismo, o sistema desencaixou. Pense em uma engrenagem: ela funciona bem porque todas as peças se “entendem”, mas, se um parafuso afrouxar, ela para ou fica descontrolada. No universo das viagens, as partes não estão mais conversando. As companhias aéreas não estão falando entre elas ou com os aeroportos, os hotéis ou mesmo as pessoas. Os aeroportos pouco explicam para os passageiros quando algo dá errado in loco. Responsabilidades são jogadas de colo em colo, e ninguém quer assumir os erros para os consumidores. Em todas essas situações, o personagem comum está sempre do lado que precisa de auxílio: os clientes – passageiros e hóspedes. O que fazer quando as coisas derem errado? E como evitar contratempos homéricos?

Quando mencionei que as companhias aéreas não estão conversando entre elas, não foi à toa. Com a capacidade reduzida por questões de segurança sanitária, alguns voos têm chegado com overbooking em suas paradas quando fazem parte de viagens com escalas. Os passageiros, que nada têm a ver com isso e só querem embarcar para seguir viagem, ficam à mercê do encaixe em um próximo voo. Se a culpa é da empresa que vendeu a passagem ou da companhia aérea com overbooking, pouco importa – e pouco adianta alimentar expectativas em relação a soluções imediatas. O melhor é pensar à frente e fazer de tudo para não passar por isso.

As regras estão mudando todos os dias – às vezes, no meio do dia, enquanto você está no seu voo rumo a um aeroporto onde fará uma conexão. Não dá mais para fazer as coisas no gut feeling, como a intuição mandar. Tem de ser no papel, na checklist. Literalmente. É preciso telefonar para a companhia aérea para checar o status do voo, confirmar se você está com toda a documentação necessária e se os seus equipamentos de segurança são os aceitos para o seu destino – muitos países não aceitam mais viajantes com máscaras faciais de pano, apenas a PFF-2. Talvez peçam para você usar face shield. Não existe confirmação excessiva.

Faça corretamente as contas da quarentena. Como a entrada de voos vindos diretamente do Brasil está proibida na maioria dos países, será necessário cumprir uma quarentena em algum lugar que permita a chegada e a permanência de brasileiros. Todos pensam em 14 dias, mas na verdade são 16, porque é preciso contar os dias dos voos em si. Quem fizer uma quarentena redux não poderá entrar no seu destino final. E só por causa de uma conta imprecisa...

Leve as receitas médicas de todos os seus remédios, verifique o desbloqueio dos cartões de bancos e a habilitação do roaming do celular. Esses detalhes podem garantir sua tranquilidade caso um voo seja cancelado e você precise bancar uma hospedagem surpresa perto do aeroporto até conseguir embarcar em outro voo, por exemplo. Ter certeza de que a fronteira do país escolhido para a quarentena está aberta naquele dia também é importante. Não custa repetir: as regras estão mudando o tempo todo. Esteja preparado para tudo!

Se a lista de cuidados, verificações e pormenores parecer excessiva, não hesite antes de buscar a ajuda de profissionais e empresas, mesmo que antes da pandemia você fosse o tipo de viajante que fazia tudo por conta própria. Com a nova realidade das viagens, há empresas especializadas em se manter atualizadas sobre todas as regras, fornecendo até mesmo serviços conhecidos como door-to-door, buscando o cliente na porta de casa deixando-o por conta própria apenas quando chegar ao destino final, passando inclusive pela quarentena nos hotéis mais seguros disponíveis no mercado.

Algumas coisas não são demais atualmente: os cuidados no dia a dia, os testes de Covid-19, as confirmações de serviços, as garantias de tranquilidade. Já estamos vivendo de uma forma tão diferente do nosso normal, com uma ânsia tão grande de poder voltar a viajar sem essas preocupações, que fazer tudo direitinho e fugir de roubadas agora é imprescindível. Quem conseguir se adaptar a tantas mudanças sairá sempre na frente, seja em nível pessoal ou de negócios. Acredite: quando tudo isso passar, você vai agradecer por ter prestado atenção a estes alertas e ter conseguido fugir dos perrengues de viagens da pandemia.

Natasha de Caiado Castro é fundadora e CEO da Wish International, especialista em inteligência de mercado, e board member da United Nations e do Woman Silicon Valley Chapter.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]