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Deputado Ademar Traiano (PSD), presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).
Deputado Ademar Traiano (PSD), presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).| Foto: Orlando Kissner / Alep

O empresário Vicente Malucelli, em delação premiada ao Ministério Público do Paraná (MP-PR), disse ter se sentido pressionado a pagar propina para o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), deputado Ademar Traiano (PSD). A alegação está presente em um dos vídeos divulgados pela RPC TV e pelo G1 nesta terça-feira (19).

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A delação do empresário e as gravações feitas por ele integram os acordos de Não Persecução Penal (ANPP) e Não Persecução Civil (ANPC) firmados por Traiano e pelo então deputado estadual Plauto Miró e o MP-PR em 2022, mas que só se tornaram públicos agora. As provas fazem parte do processo que teve o sigilo derrubado por cerca de duas semanas, mas que retornou ao segredo de justiça por determinação do desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) Luiz Mateus de Lima, no mês de fevereiro.

Pedido de propina foi feito como "ajuda para campanha", aponta delator

Em 2012, a TV Icaraí venceu a licitação para prover os serviços da TV Assembleia. O contrato valia por três anos, e poderia ser renovado por igual período. O pedido de propina, relatou Malucelli ao MP-PR, ocorreu em 2015, durante esse processo de renovação, e foi revelado ao Ministério Público na delação premiada feita pelo empresário em 2020.

O empresário disse que o deputado Plauto Miró, então 1º Secretário da Alep, e Traiano, presidente do Legislativo Estadual, pediram R$ 300 mil de propina para que o contrato fosse renovado. O pedido teria sido feito por Traiano na forma de uma “ajuda para a campanha”. Ao MP-PR Malucelli disse ter fingido que não havia entendido qual ajuda seria essa.

“O Plauto não abriu a boca, e o Traiano escreveu em um papel o valor de R$ 300 mil. Aí eu falei ‘vou repassar para o acionista principal e eu venho com o retorno’”, disse Malucelli. “Eu entendi naquele momento que se eu não colaborasse ou se não desse essa ajuda de campanha eu ia ter o contrato rescindido”, completou.

Malucelli afirmou que uma rescição contratual naquele momento representaria um dano irreparável para o grupo empresarial. “A gente tem quarenta e poucos funcionários ali. Se eu precisasse rescindir eu tinha que ter planejamento. Seria um dano irreparável naquele momento”, detalhou.

Pedidos de propina seriam corriqueiros, disse empresário

Malucelli afirmou aos promotores que Traiano começou a ser mais agressivo na cobrança da propina durante as negociações. “No final, ele me tirou pra ... como se não ‘tivesse’ fazendo mais do que a obrigação”, explicou o empresário.

Ele disse, na delação, ter ficado consternado com uma fala de Traiano pedindo para que Joel “abrisse o bolso”. Joel Malucelli é o principal acionista do grupo J. Malucelli, do qual a TV Icaraí fazia parte.

O deputado teria dito a Vicente que “é muito mais fácil a gente receber dos fornecedores de flor, de alguma coisa do município, do cafezinho, do que receber de vocês”. O empresário confirmou ao MP-PR que por esta fala foi possível perceber que o recebimento de propina por parte do deputado seria algo corriqueiro com outras empresas.

Para Traiano, caso envolvendo propina está encerrado

Em nota, a defesa de Ademar Traiano afirma que considera o caso como encerrado. “O deputado Traiano reafirma que formalizou um acordo junto ao Ministério Público, o qual foi homologado pelo Poder Judiciário e plenamente cumprido por sua parte. Conforme a legislação em vigor, o assunto está encerrado”, destacou a assessoria de Traiano.

Para o Ministério Público do Paraná, a homologação do acordo com os deputados Ademar Traiano e Plauto Miró e seu cumprimento “encerram o caso no que toca ao seu teor”. O MP-PR reforçou que os áudios e vídeos estão em segredo de Justiça “por determinação legal e ordem judicial”, e que a celebração dos acordos “guarda completa sintonia com o previsto no ordenamento jurídico”.

O Tribunal de Justiça do Paraná disse, em nota, que não se pronuncia sobre julgamentos e confirmou as provas exibidas pela RPC TV e pelo G1 como ainda sigilosas.

A reportagem da Gazeta do Povo não conseguiu contato com os outros citados. O espaço segue aberto para as manifestações.

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