A estratégia da Petrobras de sair totalmente do mercado de fertilizantes tem esbarrado em um “patinho feio” no Paraná. Com a recente venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III, no Mato Grosso do Sul, a Araucária Nitrogenados S.A. (Ansa), indústria localizada em Araucária, na região metropolitana de Curitiba, se tornou a única no país que a estatal ainda não conseguiu vender. De acordo com fontes ouvidas pela reportagem, a planta segue longe de atrair interessados.
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Desativada em 2020, a Ansa ainda não viu as condições que levaram a seu fechamento melhorarem. À época, a Petrobras indicou que a indústria teve prejuízo de R$ 250 milhões em 2019 e estimava perda de R$ 400 milhões para 2020. "No contexto atual de mercado, a matéria-prima utilizada na fábrica (resíduo asfáltico) está mais cara do que seus produtos finais (amônia e ureia) e as projeções para o negócio continuam negativas. A Ansa é a única fábrica de fertilizantes do país que opera com esse tipo de matéria-prima", destacou a estatal em comunicado.
Nos últimos anos, a empresa realizou tentativas frustradas de venda da unidade, mas todas esbarraram no seu perfil deficitário. Uma realidade diferente de outros ativos no país. No Brasil, a Petrobras tinha três outras indústrias de fertilizantes nitrogenados. Duas delas, uma na Bahia e outra em Sergipe, foram privatizadas ainda em 2019. Arrendadas pela petroquímica brasileira Unigel, elas voltaram a produzir no fim de 2021.
A mais recente esperança de venda veio com os planos do governo federal de incentivar a fabricação de fertilizantes em solo nacional, anunciada pela ministra Tereza Cristina, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em novembro de 2021. Dependente de importação deste tipo de produto, ainda que dono de um agronegócio pujante, o Brasil pretende reduzir essa dependência de produtos de fora de 85% para menos de 60%.
Foi dentro deste plano de autonomia que a Petrobras viabilizou a venda da terceira indústria de fertilizantes, em Três Lagoas (MS), planta que ainda está em construção. A compra vinha sendo negociada pelo grupo russo Acron desde 2019, mas, de acordo com relato de fontes familiarizadas com a negociação, estava emperrada justamente pela tentativa da estatal de incluir a fábrica paranaense na negociação. Sem acordo, a Petrobras voltou atrás e negociou apenas a unidade sul-mato-grossense.
Enquanto isso, a Ansa segue em venda, mas sem planos concretos de que vá passar à iniciativa privada no curto prazo.
Ansa já foi privatizada, mas voltou às mãos do estado
Hibernada há dois anos, a Ansa tem capacidade de processar 1,9 mil toneladas por dia de ureia e 1,3 mil toneladas por dia de amônia.
Ela tem um curioso histórico no portfólio do Petrobras. A empresa, fundada em 1982 com o nome Ultrafértil, já foi privatizada no passado. Em 1993, ela foi vendida para a multinacional Bunge. Nessa época, a unidade chegou a ser responsável por 42% dos fertilizantes produzidos no Brasil.
Em 2010, a Bunge negociou a empresa com a Vale Fertilizantes. Apenas três anos depois, o governo Dilma Rousseff (PT) decidiu comprar o ativo novamente. De lá para cá, sustenta a Petrobras, a empresa viu a demanda pelo produzido por ali cair, até começar a gerar números negativos para a companhia.
A Ansa empregava cerca de 400 pessoas.
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