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O deputado general Girão (PL-RN), da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN), está articulando na Câmara dos Deputados um estreitamento de relações diplomáticas com o governo da Polônia para aumentar a troca cultural e ajudar brasileiros descendentes de poloneses a pedir cidadania e ter acesso à União Europeia.
O primeiro passo dessa ação de diplomacia parlamentar ocorreu na tarde desta terça-feira na comissão. Uma audiência pública reuniu o corpo diplomático polonês e membros da comunidade no país para debater a instituição do Dia Nacional do Patrimônio Histórico e Cultural dos Poloneses no Brasil. O Dia da Polônia seria uma efeméride brasileira comemorada em 11 de novembro, data da independência da Polônia, que ocorreu em 1918. Um projeto de lei deve começar a tramitar na Câmara e novas ações devem ser estabelecidas.
Segundo o consulado da Polônia, o Brasil tem cerca de 2 milhões de descendentes poloneses, que começaram a imigrar para o país no século 19. Parte deles tem direito a requerer o reconhecimento de sua cidadania, que não depende do local de nascimento.
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"A Polônia é a quinta potência europeia. Nossos próximos 10 anos vão ser de ouro na economia. É claro, temos o risco de Putin invadir, mas ele vai pensar duas vezes antes de invadir. A Polônia é o país mais armado e defendido da região hoje", disse Andrzej Bukowiński, cônsul em São Paulo.
Segundo ele, o apoio oferecido por Varsóvia à Ucrânia e o programa de rearmamento do país, que dedica cerca de 4% do PIB para a defesa, estão ajudando a aumentar a importância política da Polônia na União Europeia.
"Talvez nossos filhos aqui no Brasil possam aproveitar esse crescimento", disse Bukowiński em relação à imigração de brasileiros para a Polônia.
Também foram debatidos na audiência pública o oferecimento de cursos e oportunidade de intercâmbio cultural para jovens brasileiros oferecidos pelo governo da Polônia nas áreas de arte, história e língua jovens. "Esse é um fator propulsor das múltiplas relações que existem e que podem advir da iniciativa de criar o Dia da Polônia, afirmou Sérgio Sechinski, cônsul honorário em Porto Alegre.
"O Brasil foi o primeiro país a reconhecer a Polônia como sendo um país independente. Isso consta de maneira muito forte no mundo diplomático polonês. E eu acredito que a Polônia é uma grande porta de entrada na Europa. A gente não precisaria ficar limitado só a Portugal", disse o deputado Girão sobre comércio e imigração.
Segundo ele, o poder Executivo é o responsável por traçar esse tipo de política, mas o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem se interessado pela oportunidade. Por isso, a oposição está usando a diplomacia parlamentar para tentar abrir portas - independente do Itamaraty.
"Há muitas pessoas no Parlamento brasileiro que apoiam fortemente a ideia de construir laços fortes e fortalecer nossas relações entre Polônia e Brasil. Estou feliz que podemos discutir coisas tão importantes como dia nacional", disse o embaixador polonês Andrzej Cieszkowski durante a audiência na Câmara.