• Carregando...
Aliados que brigaram com Bolsonaro em 2020
Bolsonaro ao lado de Sergio Moro: de aliados a “inimigos”.| Foto: Gazeta do Povo/Arquivo

O segundo ano do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi marcado pelo rompimento dele com três importantes aliados no início da gestão. Além disso, Bolsonaro também vai começar a segunda metade de seu mandato com um apoiador de peso que anda insatisfeito com o presidente.

Confira quem são esses ex-aliados e o apoiador insatisfeito:

1. Moro foi de ministro celebrado a "inimigo"

Durou menos de um ano e meio o “casamento” entre o ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro e o presidente Jair Bolsonaro. Celebrado como superministro da Justiça e Segurança Pública, Moro ganhou a promessa de que teria carta branca para tocar seu projeto de combate à corrupção e ao crime organizado. Mas a relação com Bolsonaro ruiu. E Moro deixou o cargo no dia 24 de abril.

A carta branca recebida, na prática, não funcionava. O ministro viu seu braço direito, o então diretor-geral da Polícia Federal (PF) Maurício Valeixo, ser exonerado. Foi a gota d’água na relação já desgastada entre o Moro e o presidente. Na despedida do governo, o ex-juiz chamou uma coletiva de imprensa e acusou o presidente de interferir politicamente na PF.

“O problema é uma violação de uma promessa que me foi feita inicialmente de que eu teria carta branca. Em segundo lugar, não havia causa para essa substituição [no comando da PF]. Além disso, estaria claro que estaria havendo uma interferência política na Polícia Federal”, disse Moro durante a coletiva.

Seis horas após a coletiva, Bolsonaro fez um pronunciamento oficial e lamentou o que classificou como "acusações infundadas" feitas por Moro. Negou que tenha interferido na PF e que disse que é atribuição da presidência fazer a nomeação da diretoria-geral da PF. “Não preciso pedir autorização para ninguém", ressaltou. O presidente reuniu vários ministros para fazer o pronunciamento.

A insatisfação de Moro com o presidente, porém, já era mais antiga. Começou com a dificuldade de emplacar o pacote anticrime. A tramitação do projeto se arrastou no Congresso por 10 meses. O pacote anticrime foi desidratado e abandonado pelo governo.

Após a saída do governo, Moro cada vez mais passou a ser visto como um potencial adversário de Bolsonaro na eleição presidencial de 2022. Recentemente, ele declarou que procura construir uma alternativa para viabilizar um candidato de centro nas eleições de 2022. "Várias pessoas podem ser bons candidatos de centro, como o próprio Luciano Huck, o [governador de São Paulo] João Doria, o ex-ministro [da Saúde, Luiz Henrique] Mandetta, o João Amoêdo ou mesmo o vice Hamilton Mourão", disse.

2. Ministro da Saúde, Mandetta foi demitido em meio à pandemia

O médico e ex-deputado federal Luiz Henrique Mandetta estava desde janeiro de 2019 à frente do Ministério da Saúde. Em fevereiro, com a chegada da pandemia de Covi-19 ao Brasil, teve que administrar a crise e implantar rapidamente medidas para conter a disseminação do vírus. Mandetta antes com uma atuação discreta na pasta, virou protagonista e desagradou Bolsonaro.

Os conflitos começaram ainda março, o segundo mês da pandemia no Brasil. E duraram cerca de um mês. O então ministro da Saúde e o presidente discordavam sobre a adoção do isolamento social e uso da cloroquina no tratamento da Covid-19. O golpe final na relação foi uma entrevista concedida ao Fantástico, em que Mandetta pediu unidade entre o Planalto e o ministério no enfrentamento da pandemia. Na entrevista, o ministro disse que "o brasileiro não sabe se ouve o presidente ou o ministro". Mandetta foi demitido em 16 de abril.

Fora do governo, Mandetta se tornou um crítico de como o governo vem conduzindo a crise causada pela pandemia. Ele lançou o livro Um Paciente Chamado Brasil: os bastidores da luta contra o coronavírus, sobre o período que comandou o ministério, no qual faz críticas a Bolsonaro.

O oncologista Nelson Teich assumiu a pasta após a saída de Mandetta, mas não conseguiu completar um mês no cargo por também discordar de Bolsonaro. Foi substituído pelo atual ministro, o general Eduardo Pazuello, alinhado com Bolsonaro.

Mandetta, assim como Moro, também passou a ser visto como um possível candidato a presidente em 2022.

3. Rêgo Barros criticou Bolsonaro por ser "tragado" por bajuladores

O general Otávio Rêgo Barros atuou como porta-voz da Presidência de janeiro de 2019 até outubro de 2020. Responsável por realizar os comunicados diários das ações de Jair Bolsonaro, Rêgo Barros perdeu a função de porta-voz quando o presidente decidiu recriar o Ministério das Comunicações, sob o comando d deputado licenciado Fábio Faria.

Mas Rêgo Barros já estava desprestigiado no Planalto fazia tempo. Os últimos pronunciamentos do general haviam ocorrido em janeiro de 2020. Antes disso, o general tinha experimentado um processo de desgaste causado por Carlos Bolsonaro, filho do presidente. Em setembro de 2019, o filho 02 culpava o porta-voz pelo problemas de comunicação de Bolsonaro com a imprensa, principalmente durante os cafés da manhã realizados com jornalistas. Para Carlos, o pai era exposto desnecessariamente.

Depois de ser exonerado do cargo de porta-voz, Rêgo Barros concedeu publicou um artigo, no jornal Correio Braziliense, em que fazia uma série de críticas a Bolsonaro, sem citá-lo nominalmente. Em um trecho, o general escreveu: "Os líderes atuais, após alcançarem suas vitórias nos coliseus eleitorais, são tragados pelos comentários babosos dos que o cercam ou pelas demonstrações alucinadas de seguidores de ocasião".

Olavo de Carvalho, o apoiador insatisfeito com Bolsonaro

O ano de 2020 também foi marcado por críticas de um aliado de peso de Bolsonaro, embora ele afirme que não está rompido com o presidente.

Considerado o “guru” do bolsonarismo, o escritor Olavo de Carvalho em junho cobrou amizade do presidente e disse que pode derrubar o governo se quiser.

Mais recentemente, Olavo de Carvalho defendeu que o presidente renuncie ao cargo caso não seja capaz de "defender a liberdade dos seus mais fiéis amigos". Nas redes sociais, Olavo argumentou que Bolsonaro deveria sair da cena política antes que perdesse prestígio.

"Bolsonaro: Se você não é capaz nem de defender a liberdade dos seus mais fiéis amigos, renuncie a vá para casa antes de perder o prestígio que em outras épocas soube merecer", escreveu Carvalho em sua conta no Twitter, no final de novembro. O escritor não disse quem seriam os fiéis amigos que precisariam da defesa do presidente.

Em outra mensagem, ele esclareceu que a crítica não equivale a pedir sua renúncia imediata. "Não pedi renúncia nenhuma, pus a coisa no condicional."

Após o primeiro turno das eleições de 2020, Olavo de Carvalho também criticou Bolsonaro pelo resultado ruim de seus aliados nas urnas.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]