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O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, tem uma agenda intensa de conversas com jornais estrangeiros para tentar melhorar a imagem do Brasil no exterior.| Foto: AFP

Membros do governo brasileiro têm lutado para melhorar a imagem do Brasil no mundo dialogando com veículos jornalísticos estrangeiros. Os esforços acontecem sobretudo no campo do meio ambiente, após a repercussão negativa das queimadas na Amazônia.

Nesta semana, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, está fazendo uma viagem pela Europa para defender o governo brasileiro das críticas internacionais sobre sua forma de gerir a questão ambiental. Além de se reunir com lideranças dos países, Salles tem tido uma agenda intensa de conversas com a imprensa europeia.

Outros integrantes do governo também entraram na ofensiva. Na segunda-feira (30), um diplomata do Itamaraty ganhou espaço na revista norte-americana Foreign Policy para responder a um artigo que saiu em agosto na mesma publicação intitulado "Quem invadirá o Brasil para salvar a Amazônia?".

No domingo passado (29), Mary O'Grady, editora do Wall Street Journal, publicou um artigo bastante elogioso sobre o governo Bolsonaro, exaltando sobretudo seu programa econômico. A impressão positiva decorreu principalmente de uma entrevista realizada com Gustavo Montezano, atual presidente do BNDES.

No início de setembro, em Washington, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, deu uma coletiva de imprensa no National Press Club, uma associação de jornalistas e comunicadores dos Estados Unidos. Durante o evento, respondeu a questionamentos de repórteres de diversos grandes veículos de comunicação norte-americanos.

Salles: entrevistas para a imprensa internacional para melhorar a imagem do Brasil

O ministro Ricardo Salles, chefe da pasta que é alvo mais frequente das críticas internacionais sobre o governo Bolsonaro, é quem mais tem buscado aparecer na imprensa estrangeira.

Em 21 de setembro, Salles chegou aos Estados Unidos e, antes de participar da assembleia-geral da ONU, deu entrevistas às redes de televisão ABC e Fox News e à agência Associated Press.

No dia 25, pousou em Paris, onde falou para o jornal Le Figaro, a agência France-Presse e o jornal Les Echos. "O Brasil contra-ataca", estampou o Figaro na manchete. "Brasil busca investidores interessados ​​nas riquezas da Amazônia", disse o Les Echos, publicação com foco no mercado financeiro.

Na segunda-feira (30), Salles chegou à Alemanha e deu entrevista ao jornal Frankfurter Allgemeine, em que defendeu o acordo entre União Europeia e Mercosul. Na manchete, o jornal alemão destacou a afirmação do ministro de que "o Brasil está indo muito bem na luta contra as mudanças climáticas".

Polêmica com revista norte-americana

Em agosto, o jornalista Stephen M. Walt, da revista Foreign Policy, publicou um artigo com o título "Quem invadirá o Brasil para salvar a Amazônia?". O texto gerou polêmica e foi criticado nas redes sociais pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), por questionar a soberania do Brasil sobre a Amazônia.

Depois da controvérsia, a revista alterou o título para "Quem vai salvar a Amazônia (e como)?". Além disso, no dia 30 de setembro, publicou um artigo do diplomata Leonardo Cleaver de Athayde, diretor do Departamento de Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, defendendo o governo brasileiro das críticas feitas por Walt.

"O artigo em questão, de fato, contribui para a elaboração de uma narrativa distorcida e injusta sobre a questão da mudança do clima", afirma Athayde no texto. "Além da incorreção sobre fatos ambientais básicos, a sugestão do artigo de que problemas ambientais, incluindo desmatamento e mudança do clima, possam ser passíveis de soluções militares por estrangeiros é evidentemente irresponsável", acrescenta.

Ernesto Araújo: entrevista à CNN e coletiva com jornais dos EUA

No início de setembro, o chanceler brasileiro Ernesto Araújo foi entrevistado por Christiane Amanpour, da emissora de TV americana CNN. Afirmou que discussões em relação à Amazônia partiam "de falsas premissas" e que "queimadas e desmatamento não são a mesma coisa". Ressaltou o uso político da controvérsia sobre a questão ambiental no Brasil e disse que "não é verdade que outros governos fizeram mais para preservar a Amazônia".

No dia 13 do mesmo mês, em viagem aos Estados Unidos, Araújo visitou o National Press Club e deu uma coletiva entrevista coletiva para a imprensa. Veículos de imprensa americanos importantes estavam presentes, entre eles o New York Times e o Los Angeles Times.

A repórter Tracy Wilkinson, do Los Angeles Times, confrontou o ministro, afirmando que ele parecia enfatizar "o desenvolvimento da Amazônia, e não a proteção da Amazônia". Araújo respondeu que "o melhor jeito de defender a floresta amazônica é desenvolver a região".

Gustavo Montezano, do BNDES, melhora a imagem do Brasil em entrevista a jornalista americana

Um dos artigos mais elogiosos ao governo Bolsonaro já publicados em um grande meio estrangeiro foi o de Mary O'Grady, editora do jornal americano Wall Street Journal, no último domingo (29). Parte dos elogios resultou das boas impressões de um diálogo que a jornalista teve com Gustavo Montezano, presidente do BNDES indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

Intitulado "A revolução do mercado no Brasil", o artigo afirma que "Bolsonaro se recusa a se curvar aos deuses verdes e à polícia internacional do pensamento" e que "algo novo e importante está acontecendo no Brasil, embora os ideólogos da ONU estejam presos demais a clichês e políticas de interesse privado para reconhecer isso".

O'Grady conta que conversou com Montezano sobre suas propostas para o BNDES. Para a jornalista, "se ele cumprir as promessas de reduzir os danos que o banco causa ao crescimento econômico, precisará também reduzir seu uso como instrumento político. Isso seria revolucionário."

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