Após dois anos de contenção de gastos, as despesas com o desfile do 7 de Setembro voltaram a subir em 2019. O governo federal destinou R$ 971,5 mil, um aumento de 15% em relação ao ano passado quando o valor foi de R$ 842 mil (corrigido pela inflação), o menor dos últimos cinco anos.
A parada cívico-militar, que celebra o Dia da Independência, será realizada na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, neste sábado (7). Será o primeiro 7 de Setembro de Jair Bolsonaro como presidente da República – em 2018, ainda como candidato, ele foi impedido de participar do evento por causa da facada que sofreu em Juiz de Fora (MG).
O desfile do ano passado, na gestão Michel Temer, foi o que menos custou aos cofres públicos, na análise do último quinquênio. Ao longo da série, os valores oscilam significativamente. O ano em que a cerimônia custou mais foi em 2016: R$ 1,2 milhão. Em 2015, o governo federal foi um pouco mais econômico ao gastar R$ 999 mil. Em 2017, o montante baixou para R$ 898 mil. Todos os valores foram corrigidos pelo índice oficial de inflação, o IPCA.
A parada ocorre poucas semanas após o anúncio do presidente de limitar o funcionamento do Exército em meio expediente justamente por questões orçamentárias. “O Brasil todo está sem dinheiro”, disse Bolsonaro em agosto. O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2020 enviado ao Congresso na semana passada confirmou que o governo terá pouco dinheiro para investimentos no ano que vem. As despesas obrigatórias, como pagamento de salários dos servidores federais e pagamento de aposentadorias e pensões, vão consumir 94% do Orçamento do próximo ano.
Verde e amarelo ou preto?
Num cenário de penúria das finanças públicas, Bolsonaro confirmou presença na parada. Será o último compromisso oficial dele antes de se submeter a uma cirurgia no abdômen no domingo, em São Paulo, para remover uma hérnia, consequência da intervenção cirúrgica realizada após a facada que levou no ano passado. “Vou estar aqui na Esplanada, a gente pede ao povo que compareça, que acredite na sua Pátria, no seu Brasil”, disse o presidente nesta semana.
Bolsonaro pediu também que a população vista verde e amarelo no dia. “É para mostrar ao mundo que aqui é o Brasil. Que a Amazônia é nossa”, disse o presidente, que nas últimas semanas ficou no centro de uma crise ambiental e diplomática por causa das queimadas em várias regiões do país.
“Lembro que lá atrás um presidente falou isso e se deu mal. Mas não é o nosso caso”, declarou Bolsonaro. Em 1992, Fernando Collor convocou os brasileiros a ir às ruas com as cores nacionais. Mas, em várias cidades do país, as pessoas vestiram preto como forma de protesto pedindo a saída do presidente, que sofreu impeachment no final do mesmo ano.
A União Nacional dos Estudantes (UNE) anunciou que irá às ruas de preto. “Para nós, significa o luto pela situação da Amazônia e da educação. É um grito de quase morte por causa dessas políticas”, disse à Época o presidente da entidade, Iago Montalvão.
Como será o desfile de 7 de setembro
A parada vai reunir estudantes e agrupamentos de militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Após a passagem dos veículos das Forças Armadas, como tanques de guerra e aeronaves, o encerramento será feito pela Esquadrilha da Fumaça. Cerca de 4,5 mil pessoas, sendo 3 mil militares, participarão do desfile e o governo estima que cerca de 30 mil pessoas compareçam ao evento. O início está previsto para as 9 horas e a duração será de duas horas.
A data marca também a Semana do Brasil, uma iniciativa pioneira do governo para estimular o turismo interno e movimentar a economia e o comércio varejista. A partir desta sexta-feira (6) e até o dia 15, mais de 4 mil empresas em todo o Brasil oferecem descontos e promoções.
Segurança do evento conta com snipers e revista individual
Segundo a Agência Brasília, policiais militares estarão em toda a área central para garantir a ordem pública e a segurança dos frequentadores. Haverá linhas de revista proximidades da Catedral, na altura da Alameda das Bandeiras e próximo às escadas dos ministérios, nos dois lados na Esplanada. As três primeiras escadas a partir do Ministério da Justiça estarão interditadas. O quadrante entre o Teatro Nacional e a L2 Norte estará reservado para os ônibus que levarão participantes ao desfile.
“Todo o público que entrar na região da Esplanada dos Ministérios passará pelas linhas de revista da Polícia Militar. Esse procedimento é importante para a segurança do público e do evento”, explicou chefe do Departamento Operacional da PMDF, coronel Agrício da Silva.
Não será permitido portar objetos perfurantes ou cortantes como vidros, fogos de artifício, hastes para bandeiras e qualquer outro material que possa causar ferimentos. Outra restrição é o uso de drones sem autorização no espaço aéreo da Esplanada.
Todo o ato será monitorado, em tempo real, por meio de câmeras de videomonitoramento distribuídas na área central de Brasília. A imagens captadas serão enviadas ao Centro Integrado de Operações de Brasília (Ciob), da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF).
Atiradores de elite (snipers) serão posicionados nos prédios da Esplanada dos Ministérios. A preocupação com a segurança é tão grande que o Ministério da Ciência e Tecnologia enviou um comunicado essa semana aos servidores de plantão no dia orientando que eles não se aproximem das janelas do prédio. "Não dificultar o trabalho dos Observadores do Exército (que podem confundir a situação com alguma ameaça real e reagir de forma ostensiva ou até letal)", informou a diretiva.
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