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A importância da bancada evangélica como foco de resistência à agenda “progressista”
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A elite tem preconceito contra evangélicos. Isso precisa ser dito. Muitos consideram os evangélicos como um bando de ignorantes e alienados, gente pobre e boba enganada pelos bispos oportunistas. Os que pensam assim são muitas vezes os mesmos que acreditam com fervor no “aquecimento global”, no veganismo e nos políticos socialistas. As seitas idiotas e cafajestes são sempre as dos outros…

Mas eis o ponto: tem ocorrido, não só no Brasil, uma aproximação entre evangélicos e conservadores. Não necessariamente ambos precisam andar juntos, mas no ambiente pós-moderno temos visto essa aliança, essa parceria, que foi tema de uma nota na coluna do comunista Ancelmo Gois hoje:

A esquerda pode tentar pintar um quadro de “liberais progressistas modernos” contra “pastores retrógrados reacionários”, mas quem tem algum discernimento saberá que não é bem assim. Na verdade, não é o pastor contra o gay, e sim a classe média conservadora contra os excessos dos movimentos “progressistas”, que são totalmente politizados. Essa gente não é contra gays, mas contra a ideologia de gênero, a libertinagem, a baixaria enfiada goela abaixo de todos nas escolas, nas novelas.

E essa pauta radical tem ganhado força, logo, é apenas natural imaginar uma reação cada vez maior também. É disso que se trata o fenômeno: uma reação aos exageros da esquerda. E em nosso Congresso pulverizado e com partidos sem ideologia, resta à tal “bancada evangélica” agir de forma minimamente organizada para conter o estrago, para restaurar algum bom senso e decência. É a opinião de um amigo que trabalha dentro da Câmara, como assessor de deputados, e que escreveu o seguinte relato:

A partir de uma consequência lógica, quando se tem tantas instituições partidárias tratando do mesmo tema – política –  se acaba por não ter nenhuma unidade partidária. Muitas das vezes, o parlamentar é do partido dele sozinho. Se não estou enganado, são 25 partidos com representação, contabilidade que não tenho certeza, porque se muda a todo tempo. Logo, principalmente na Câmara, os temas são tratados oficiosamente em Frentes Parlamentares. Dentre elas, existem a Católica, a Evangélica, a da Agricultura, a da Segurança, cuja imprensa ideologizada chama de bancada da bala. Essas são as mais evidentes. A Frente Evangélica tem mais de 50 deputados.

Essas frentes possuem pessoas que vasculham os projetos de lei que são do interesse ou contrário ao interesse dessas bancadas. Ou sejam, funcionam como um partido temático informal, para assuntos específicos. Em função da quantidade de partido, essas frentes pautam determinados assuntos para serem votados ou para não serem. Observação: os projetos entram na pauta de votação, após a aprovação em uma reunião de líderes com o Presidente da Câmara, que ocorre uma vez por semana. Logo, como são unidas em função dos temas, quando temas morais ultra-modernosos surgem, as bancadas católicas e, principalmente, a evangélica se movimentam e se coordenam para convencer ou não a votar.

A imprensa tende a chamar as bancadas religiosas como retrógradas, porque lutam para barrar temas que pretendem trazer para a esfera pública o que é tradicionalmente de alçada privada da família. Como exemplo, cito a máquina de camisinhas que o Haddad pretendeu implantar nas escolas quando era Ministro. A Portaria foi publicada e foi depois revogada, porque os parlamentares evangélicos sabotavam todo projeto de interesse da Dilma nas comissões regulares. Um grupo unido de 50 parlamentares faz muito estrago pelas regras do regimento em uma comissão, porque comparecem em peso e procrastinam a votação, quando não querem um projeto ou estão inseguros com o placar de votação. Esse é o caso do projeto que regulamenta o homeschooling na comissão de educação. Comissão altamente ideologizada pela esquerda, que ainda não conseguiu rejeitar o projeto, porque os evangélicos estão atentos e usaram os recursos do regimento. 

Toda essa movimentação de bastidores, que vai muito mais além do que contagem de votantes, não é dimensionada pelos comentadores da imprensa, porque isso requer uma atenção amiúde no tema e os repórteres precisam produzir notícias por minuto. Na realidade, falam muita besteira, como agora estão falando do Temer sobre a Cristiane Brasil. Temer sabe jogar o jogo dos bastidores do parlamento e o PTB, com quase 30 votos, estava vindo de porteira fechada para votar a reforma da previdência.

Outra coisa rápida e malfeita que a imprensa trata é chamar os conservadores de retrógrados ou de ignorantes. Esse discurso começa a perder força, porque até uns três anos, ninguém ouvia um parlamentar se definir como conservador. Hoje, isso já é mais comum. Eu tenho dados colhidos do trabalho que lá faço que, quando o político faz um discurso abordando a palavra conservador – não necessariamente ele é lido no plenário -, a repercussão entre os eleitores é altamente favorável. 

Nesse sentido, o conservadorismo que os políticos estão experimentando não é exclusivamente sobre questões morais. Claro que o tema moral é mais fácil para as pessoas comuns entenderem do que abordar o conservadorismo econômico de não apoiar novidades heterodoxas no crédito, por exemplo. Por isso, a economia fica mais fácil de ser explicada quando a vaca já foi para o brejo. Não é que seja difícil explicar, mas é muito risco para o parlamentar ser contra o aumento do crédito barato, quando a economia cresce mais de 5% ao ano. Ele não poderia ser diretamente contra, porque perderia voto. Nesse caso, o discurso conservador tem que dar volta e seguir pela prudência e pelo ceticismo com o paraíso prometido pelo demagogo.

Para resumir, eu diria que as bancadas religiosas não têm muita força para aplicar uma agenda, mas ela funciona muito bem como como muro de contenção dessas “mudernidades” que os funcionários da Globo no plenário tentam – esses sim com discursos moralistas cínicos – implantar.

Obs: “Funcionários da Globo” é uma ironia que uso para me referir aos deputados do PSOL e da Rede. Eles são cinco representantes no primeiro e quatro no segundo, mas a Rede Globo faz parecer que são dezenas, porque aparecem muito no JN. Qualquer dia eles irão à justiça pedir um direito trabalhista não pago pela emissora.

Outra coisa que a imprensa não parece perceber é que os parlamentares estão o tempo todo atentos às ideias da população de suas bases. Eles não decidem sem antes ouvir e discutir com aquele povo. Se eles pessoalmente não comparecem nas bases, alguém de lá rapidamente toma o seu lugar. Isso é uma coisa totalmente ignorada pela imprensa, porque sempre criticam os parlamentares que correm para as bases. Se não estiverem, em pessoa, sorrindo para os eleitores e se não aceitarem um tiquinho de buchada de bode na casa de alguém… perdem. Nos grotões, a relação eleito/eleitor passa pelo apertar da mão. Totalmente diferente dos grandes centros. Ocorre que os repórteres são citadinos ou ideologicamente orientados; não lhes chama atenção essas diferenças do interior.

Trata-se de um relato minucioso e importante sobre o funcionamento do nosso Parlamento. E, como fica claro, a importância das bancadas “ideológicas” é enorme, até porque nossos partidos não são bem partidos, com adesão programática, e sim ajuntamento de indivíduos em torno de interesses políticos. O elo entre deputado e povo é fundamental, e eis outra coisa que a elite “progressista” cosmopolita ignora. Esses deputados estão, sim, dando voz aos seus eleitores, quando enfrentam a agenda “moderna” do Projaquistão.

Quando lembramos que o prefeito petista de SP queria divulgar o Kit Gay pelas escolas, quando observamos o esforço de se matar a biologia para introduzir em seu lugar a bizarra “ideologia de gênero”, quando notamos o grau de libertinagem e hedonismo que essa turma quer transmitir aos nossos jovens, e quando sabemos que todas essas pautas atendem ao esquerdismo globalista que pretende destruir os pilares da civilização ocidental, fica claro que devemos ser gratos aos evangélicos por resistirem, por reagirem.

O mesmo raciocínio vale para as demais bancadas incluídas no pejorativo BBB: Bala, Boi, Bíblia. A “bancada da bala” luta pelo direito básico de o cidadão se armar e se proteger, contra os desarmamentistas da elite, que andam de carro blindado com seguranças particulares. A “bancada do boi” defende o fundamental agronegócio, contra os socialistas do MST e defensores da “reforma agrária” nos moldes do Zimbábue. As três bancadas que formam o BBB atuam como obstáculo ao esquerdismo radical.

Se a opção é entre um pastor ou um traficante tratado como herói ou “vítima da sociedade”, se é entre um evangélico trabalhador de classe média ou um mimadinho maconheiro defensor do Lula e de Maduro, não resta muita dúvida de qual lado tomar, não é mesmo?

Rodrigo Constantino

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