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Espetacularização rende dividendos eleitorais, mas dúvidas da ciência permanecem
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A vacinação contra a Covid-19 no Rio terá início nesta segunda-feira, dia 18, em um dos cartões postais da cidade, o Cristo Redentor. A aplicação da primeira dose da Coronavac está prevista para 17h. O anúncio foi feito pelo prefeito Eduardo Paes em suas redes sociais nesta manhã. A Secretaria estadual de Saúde informou que uma idosa que vive num abrigo e uma profissional da Saúde receberão as doses.

Já em São Paulo o governador João Doria transformou a cerimônia num enorme espetáculo eleitoral, com direito a passinho para se aproximar da enfermeira vacinada e garantir que estaria ao seu lado nas fotos, além de choro "emocionado" do governador, que destacou nas suas redes sociais as características importantes da voluntária: mulher e negra.

Alguns acham que capitalizar em cima da conquista é natural e qualquer político faria o mesmo. Outros, nos quais me incluo, acham que deveria haver um limite para o show político, especialmente daquele que tanto acusa o presidente de só pensar em 2022.

Doria é um canastrão e tenta tirar o máximo proveito eleitoral da vacina; a Anvisa aprovou seu uso emergencial mesmo com teste bem reduzido em idosos, grupo de risco; há muita hipocrisia dos isolacionistas desde sempre; MAS, dito isso, temos que torcer para que esse troço funcione!

Já os coronalovers vão agir como? Os pandeminions estão desde o começo com suas manchetes olímpicas quase comemorando o avanço do vírus. Isso vai mudar? A vacina foi vendida como uma panaceia, mas é pouco provável que seja, ainda mais a chinesa, com sua eficácia geral de apenas 50%.

Muita gente, infelizmente, continuará morrendo. Afinal, milhares morrem todo ano de gripe comum, de influenza, mesmo com vacinas disponíveis. Se for idoso e tiver comorbidade, então, o risco não é nada desprezível. A contagem mórbida de cadáveres vai continuar? A mídia abutre vai insistir nessa toada como se apenas morresse gente com covid?

Pois se a mesma tática de "cobertura" da imprensa continuar, não haverá vacina capaz de permitir nossa volta à normalidade. Falaram isso do isolamento no começo, que era para achatar a curva e permitir a volta ao normal; falaram isso das máscaras também; e cá estamos nós, na tal "segunda onda", insistindo nas mesmas receitas, como o lockdown, que não provou sua eficácia.

Outro ponto: os estudos contaram com amostra muito reduzida de pacientes que desenvolveram a doença para sintomas graves ou moderados, apenas sete, o que o próprio Butantan admitiu ser estatisticamente insignificante. Quem se vacinar deve assumir que está imunizado após alguns dias, ou deve continuar agindo como se estivesse sob risco ainda?

Quem tem apreço pela ciência de fato, e não pela politicagem de certos governadores e prefeitos, deve fazer essas perguntas incômodas. Mas fazer perguntas está cada vez mais arriscado. O Twitter chegou a colocar uma bandeira de alerta numa postagem do próprio Ministério da Saúde sobre tratamento precoce! Os inquisidores da rede social não se acham deuses; eles têm certeza de que são!

Todo esse clima está muito estranho, eis a verdade. Leandro Ruschel resumiu bem: "Estamos atravessando uma espécie de histeria coletiva, onde a racionalidade foi deixada completamente de lado. É um efeito do terrorismo psicológico midiático, potencializado pelo isolamento social. Pessoas nesse estado emocional ficam mais vulneráveis à manipulação política".

E se tem algo que não falta nessa pandemia, é justamente manipulação política. A começar pelo espetáculo com as vacinas...

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