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Longe de mim menosprezar a pandemia e o risco que ela representa para nosso já combalido sistema de saúde. O covid-19 tem uma taxa de contágio elevada e a necessidade de hospitalização não é desprezível. O efeito combinado é a superlotação nas UTIs dos nossos hospitais. E essa tal segunda onda parece estar ainda pior mesmo:

Não parece ser exclusividade brasileira. As curvas de óbito aumentaram no mundo todo, como podemos ver em alguns exemplos na Europa ou na América Latina:

O que isso mostra é que lockdown aparentemente não resolveu nada. Tampouco é falta de liderança do Bolsonaro ou problema de vacina no Brasil. O vírus ficou mais agressivo e segue seu curso no mundo todo. O resto é narrativa politiqueira.

Mas a mídia insiste em destacar a falta de leitos nos hospitais, espalhando mais medo e pânico. A questão que surge, porém, é esta: como era a situação antes da pandemia? Numa rápida busca no Google, eis alguns dos resultados encontrados só na primeira página:

Ou seja, faltar leitos em nossos hospitais não parece ser um problema novo. De fato, quando escrevi a resenha do livro Sob Pressão, do médico Marcio Maranhão, em 2014, apontei para esse problema por ele relatado:

Marcio descreve a verdadeira tragédia que o país vive na área de Saúde. “O Brasil faz política na saúde em oposição à política de saúde. Faz-se política de governo em vez de uma política de Estado”, diz. Sua experiência atesta o completo descaso do estado, das diferentes esferas de governo. Falta uma política integrada, planejamento, cobrança, responsabilidade, falta tudo!

Os médicos, em meio a esse caos, ficam enxugando gelo, correndo entre os corredores fétidos, lotados, tendo que improvisar o tempo todo, apelar às gambiarras, ao jeitinho, correr riscos de imprudência para tentar salvar a vida daquelas pessoas desesperadas, entre a vida e a morte. Tudo, absolutamente tudo na saúde pública era repulsivo para o jovem cirurgião.

O livro conta casos pitorescos, que seriam até engraçados com o devido afastamento, visto como em um filme de comédia pastelão. Mas estamos falando da vida dos brasileiros, morrendo por falta de atendimento, por falta do básico, de um dreno, de um fio para sutura, de sangue para transfusão. É muito sofrimento causado pela negligência estatal.

O SAMU foi uma das experiências mais bizarras do autor, que chegou a percorrer em um dia 250 quilômetros com um senhor à beira da morte em busca de um leito em hospital público. Enfrentar traficantes nas perigosas favelas cariocas sem um pingo de infraestrutura é realmente análogo ao que fazem os Médicos Sem Fronteiras em clima de guerras. O salário para um plantão de 24 horas no SAMU? R$ 500.

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Como fica claro, o caos é a regra, não a exceção, e não é de hoje. A pandemia certamente agrava o quadro, mas não pode ser considerada sua única causa. No mais, o governo federal fez chegar bilhões de reais aos estados e municípios, com o objetivo de aliviar as demandas na área da saúde. Para onde foi essa montanha de dinheiro? Onde estão os hospitais de campanha? A jornalista Vera Magalhães, atuando quase como uma assessora de imprensa dos governadores, abriu seu espaço no Globo para suas explicações:

Seria interessante se ela e seus colegas adotassem postura parecida com o governo federal, em vez de condenar o presidente Bolsonaro e o ministro Pazuello por tudo de ruim que acontece no país. Se houvesse a mesma boa vontade por parte dos jornalistas com o presidente, talvez fossem concluir que os males da pandemia não são sua responsabilidade direta.

Mas o antibolsonarismo histérico da turma salta aos olhos, e impede uma análise imparcial. Os jornalistas costumam, além de flertar com a esquerda, adotar a visão estética de mundo. Adorariam um presidente com um discurso mais calibrado, com uma narrativa que supostamente demonstrasse mais sensibilidade - ou medo, na prática.

Se a ameaça nazista fosse hoje, Churchill não teria qualquer chance, pois a elite ocidental, alimentada pela mídia "progressista", clamaria por Chamberlain e um acordo de "paz" com Hitler. Valorizariam uma "liderança" que corresse para abrigos e esconderijos até a ameaça passar. Tempos estranhos!

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