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O dilema da calopsita livre
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Por Alberto Vieira, publicado pelo Instituto Liberal

Certo dia estava andando pela cidade e vi algumas calopsitas em uma gaiola sendo vendidas. Logo pensei: como deve ser ruim viver preso, sem liberdade. Então decidi fazer diferença para uma daquelas. Como minha esposa ama animais, comprei-lhe uma calopsita pensando em dar a uma destas melhor oportunidade de vida com mais liberdade. Cheguei em casa e logo lhe demos o nome de Elvis devido às penas avolumadas e o topete diferenciado.

Elvis, então, passou a ser muito bem cuidado e amado. Vive solto em nosso lar. Adora andar por toda casa, tomar banho e tirar suas sonecas ao longo do dia. Uma verdadeira vida de mordomia, com tudo ao seu dispor, sem nenhum esforço ou trabalho para isso. Que privilégio!

Em uma noite, ao colocá-lo para dormir em seu cantinho, eu e minha esposa começamos a discutir sobre o privilégio da liberdade do Elvis e chegamos a um dilema: seria o Elvis realmente livre? Concluímos: não! Nunca será realmente feliz.

“Mas ele vivia preso em uma gaiola e agora vive livre em nossa casa!” É bem cuidado, amado e recebe tudo em suas mãos. Por que não? Porque ele nunca experimentará a liberdade real. Por mais que não esteja preso, imputamos a ele uma condição de coerção com dependência. Ele nunca terá o prazer de sair para caçar e sentir o prazer da realização pelo próprio trabalho. Ele nunca saberá o que é fazer os voos de migração. Ele nunca saberá o que é enfrentar os riscos e colher os frutos da recompensa. Ele nunca saberá viver sem depender de seu tutor. Para ele, a vida é assim: receber tudo da mão de um “Estado” provedor, com planejamento central e recursos controlados. Somente uma liberdade real poderia dar sentido à sua vida.

Comparativamente a este pequeno animal, muitos vivem neste dilema. Acreditam que depender de um Estado provedor lhes trará benefícios. Acreditam em um Estado inchado e que deve sustentá-lo. Infeliz o homem que pensa assim. Acredita ser livre e não passa de uma calopsita mansa que quer tudo em mãos e não sabe o que é desfrutar da liberdade e prosperidade por seu trabalho.

John Locke escreve em seu segundo tratado que “o trabalho é responsável por grande parte das coisas que nos são agradáveis neste mundo. É ao trabalho que devemos a maior parte de todos os produtos úteis.”

Além disso, a filósofa Ayn Rand, em seu livro A nascente, escreve que “nada é entregue ao homem na terra. Tudo de que ele tem necessidade precisa ser produzido – e aqui o homem enfrenta sua escolha básica: ele pode sobreviver seguindo apenas um de dois caminhos. Pelo trabalho independente de sua mente ou como um parasita que se alimenta da mente de outros. O criador dá origem a coisas. O parasita toma emprestado. O criador enfrenta a natureza sozinho. O parasita enfrenta a natureza usando um intermediário.”

Aqueles que defendem um Estado provedor, defendem-no porque criaram uma relação profunda de dependência, como um parasita. Somente caso se libertem das prisões e amarras mentais poderão experimentar a verdadeira liberdade e os frutos do seu trabalho. Não existe meia liberdade. Que sejamos realmente livres.

*Alberto Souza Vieira é Associado I do Instituto Líderes do Amanhã.

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