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Um quinto funcionário do parque de diversões onde trabalhavam os quatro suspeitos presos inicialmente como suspeitos pela morte de Tayná Adriane da Silva, 14 anos, em Colombo, foi ouvido pela polícia na madrugada deste sábado (20). Esse quinto homem teria sido levado à delegacia no dia em que os quatro jovens foram supostamente torturados por policiais da Delegacia Alto Maracanã para confessar o crime. No entanto, ele não tinha seu depoimento incluído no inquérito feito inicialmente pela delegacia da cidade – quando ainda estava sob o comando de Silvan Pereira.

O delegado que está à frente das investigações do assassinato de Tayná agora, Guilherme Rangel, disse que esse colega de trabalho dos quatro foi realmente ouvido. "Por enquanto o que eu posso dizer é que ele alegou inocência e que a história dele é bem semelhante a que os outros quatro rapazes contaram", confirmou. O interrogado, que prestou depoimento como testemunha, também cedeu DNA para confrontar com o sêmen encontrado no corpo de Tayná. Ele foi liberado após falar à polícia.

Investigações de tortura

O delegado Silvan Rodney Pereira, ex-titular da delegacia Alto Maracanã, em Colombo, que era considerado foragido desde o início desta sexta-feira (19), foi preso pela tarde próximo ao município de Laranjeiras do Sul, na região Centro-Sul do estado. Ele foi detido na rodovia BR-277, em uma operação coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), com apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Pereira era titular da Delegacia Alto Maracanã, em Colombo, unidade em que quatro homens alegam ter sido torturados para confessar envolvimento na morte da adolescente Tayná Adriane da Silva, de 14 anos. O mandado de prisão havia sido expedido na quarta-feira (17), pela Justiça da Comarca de Colombo, mas ele não havia se apresentado.

Ao longo desta sexta-feira (19) e sábado (20), a Gazeta do Povo tentou inúmeros contatos via celular e telefone fixo com o advogado Cláudio Dalledone Júnior, que representa Silvan, mas o defensor não atendeu as chamadas.

Outras 13 pessoas já haviam sido presas: nove policiais civis, um policial militar, um guarda municipal, um auxiliar de carceragem e um preso de confiança dos policiais, que, como já estava preso, foi transferido de carceragem.

Entenda o caso

A adolescente Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, desapareceu no dia 25 de junho quando voltava da casa de uma amiga, nas proximidades de um parque de diversões, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. O corpo da menina foi encontrado no dia 28 de junho. Três dos quatro suspeitos, presos no dia anterior, confessaram ter estuprado e matado Tayná. Um deles não teria participado diretamente do crime. No mesmo dia, o parque de diversões foi depredado e incendiado por moradores da região.

No dia 2 de julho, a perita do Instituto de Criminalística, Jussara Joeckel, afirmou que a adolescente poderia não ter sido violentada, contrariando a tese inicial das investigações. Mesmo com as contradições, a Polícia Civil finaliza o inquérito no dia 5 de julho com a conclusão de que os quatro suspeitos estupraram e estrangularam a adolescente. Porém, no dia 9 de julho o resultado de exame de DNA indicou que o sêmen encontrado na calcinha da garota não é compatível com o material genético de nenhum dos quatro acusados.

Este laudo gerou uma mudança no comando da investigação policial do crime, que já contava, desde a conclusão do inquérito pela delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, com a participação do Ministério Público. O laudo também motivou uma visita da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR aos suspeitos, que relatavam que foram torturados pela polícia para confessar os crimes.

No dia 12, o MP afirmou que os indícios coletados relacionam os suspeitos presos ao crime. Mas, no dia 14, o promotor Paulo de Lima se manifestou em sentido contrário, afirmando que as provas presentes no inquérito não sustentam uma denúncia e pedindo a soltura dos suspeitos pelo crime. Nesse meio tempo, no dia 13, o até então advogado de defesa dos suspeitos presos, Roberto Rolim de Moura Junior, foi destituído, sendo substituído por Andrey Salmazo Poubel.

No dia 15, pela manhã, o ex-defensor afirmou que foi hostilizado durante o depoimento de seus então clientes na Sesp. No mesmo dia, durante a tarde, os quatro presos foram soltos e levados a um pouso provisório pelo Gaeco. Também no dia 15, foi feito o pedido de prisão preventiva de 15 policiais denunciados por supostas torturas ocorridas nas apurações da morte da adolescente.

Nesta quinta-feira (18), os quatro suspeitos foram incluídos no programa de proteção a testemunhas. No mesmo dia, 12, dos 14 que tiveram prisão decretada no suposto caso de tortura, foram detidos (a maior parte deles se entregou espontaneamente. O delegado Silvan Pereira, considerado foragido, foi detido nesta sexta-feira (19).

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