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Com parte dos funcionários em greve, o setor de raio-x do Hospital de Clínicas, em Curitiba, está deixando de realizar parte dos exames agendados. Na última sexta-feira (27), cerca de 44% dos exames agendados não foram realizados. Segundo a assessoria de imprensa do hospital, foram realizados 62 exames, mas, em contrapartida, outros 48 não foram feitos.

O HC conta com servidores estatutários e com funcionários que têm os contratos de trabalho regidos pela CLT, que fazem parte da Fundação da Universidade Federal do Paraná (Funpar). A greve dos servidores começou na última semana e está afetando a rotina de trabalho dos funcionários estatutários. Na manhã desta segunda-feira (30), dos oito funcionários escalados para o trabalho – seis estatuários e dois Funpar – apenas dois, que estão no quadro da Funpar, foram trabalhar. Entre os funcionários estatutários, cinco aderiram à greve e um não compareceu ao trabalho, mas apresentou um atestado médico.

A greve teve início porque 27 servidores estatuários exigem o pagamento dos adicionais de radiação ionizante e insalubridade, determinados por uma decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre. A Reitoria da UFPR disse que não pode solicitar o pagamento ao Ministério do Planejamento.

Pacientes devem comparecer ao HC

Mesmo com o cancelamento de exames, a orientação do HC é para que os pacientes continuem comparecendo ao hospital. Alguns serão atendidos. Os médicos irão avaliar quais casos terão prioridade. Situações de urgência e emergência também continuam sendo atendidas.

Os procedimentos que não forem realizados serão remarcados ou, então, os pacientes serão orientados de que o HC irá entrar em contato para o novo agendamento.

O adiamento de exames irá resultar em remarcação de consultas. O HC ainda não tinha estimativa de quantas consultas deixaram de ser feitas no hospital.

De acordo com o HC, problemas ainda maiores com o atendimento podem ser registrados. Os pacientes da Ortopedia podem ter consultas canceladas por causa da falta de exames. Pela manhã, dos 100 atendimentos agendados, 30 foram cancelados.

Reflexos da greve de 2011

A diretoria do hospital admitiu na terça-feira (24) preocupação por causa da greve, principalmente pelo fato de os atendimentos ainda não terem sido normalizados em função da paralisação do ano passado. A última greve durou 101 dias.

Segundo a diretora-geral do HC, Heda Amarante, ainda não foi possível "por em ordem" os atendimentos prejudicados durante a última greve, que não era específica do setor, mas afetou também a Radiologia.

Na avaliação de Heda, a greve "lesa o usuário desnecessariamente". Para ela, a paralisação da categoria não tem suporte legal e diz respeito a situações particulares de alguns servidores.

Erro processual

De acordo com José Carlos de Assis, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral do Paraná (Sinditest), os servidores tentam negociar com a Reitoria desde outubro de 2011 e – sem avanço nas negociações – decidiram pela paralisação.

Heda Amarante disse nesta quarta-feira (25) que o hospital não vai mais negociar com os servidores, mas também não vai entrar na Justiça para pedir a abusividade da greve. A situação será comunicada ao Ministério Público Federal (MPF), para que o órgão tome as providências que considerar cabíveis.

O Sinditest informou que 27 funcionários da radiologia ganharam o direito de receber os dois adicionais ao salário depois da decisão do TRF-4, mas a universidade ainda não iniciou o pagamento. Os funcionários que entraram com a ação seriam beneficiados pela decisão, que aumentaria em cerca de R$ 1,3 mil o salário dos servidores.

Segundo o HC, a universidade não tem como autorizar o pagamento do benefício porque a Procuradoria Regional Federal (PRF) em Porto Alegre detectou uma falha processual, uma vez que a UFPR não havia sido citada no processo. "Com esse problema, o que não foi feito precisa ser refeito para que a falha seja sanada, mas não depende da universidade", explica a diretora do hospital. Ela argumenta que o procurador da instituição busca soluções que agilizem o impasse, mas não é possível intervir diretamente no processo. "E se levar mais dois anos? Eles vão ficar em greve durante todo esse tempo?", questiona Heda.

Estrutura

Sobre o pedido de melhores condições de trabalho e a denúncia de que haveria vários equipamentos novos parados e especificações técnicas não sendo cumpridas no HC, o que aumentaria a insalubridade da função, a diretora do hospital foi bastante crítica. "O HC é o maior e melhor hospital do SUS no Paraná e cumpre todas as determinações de diversas secretarias e órgãos, como a Vigilância Sanitária", diz.

Ainda de acordo com a diretora, a universidade e o HC tomam os devidos cuidados para garantir a jornada de trabalho reduzida para estes profissionais, que em alguns casos chega a 20 horas semanais. "O que existe aqui hoje é uma ampla reforma, com a renovação de todos os equipamentos, para que tenhamos uma estrutura de primeiro mundo", explica. Segundo a assessoria do HC, alguns aparelhos estão aguardando o fim das obras para começarem a funcionar no novo espaço.

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