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Formatura adiada -A expectativa do aluno Felipe Souza, do último período de História na UFPR, era se formar em junho deste ano. Com a greve, o sonho do diploma foi adiado e ele teme ter problemas no trabalho. “O combinado era que eu teria o diploma até a metade do ano, então, sem ele, corro o risco de perder o emprego”, diz. Se a greve não se prolongar, Souza só deve se formar em março do ano que vem. Apesar dos problemas, ele garante que é a favor da paralisação. “Também sou professor, então consigo ver essa situação de uma maneira muito próxima, mas não é só isso. Antes de tudo, sou a favor da qualidade do ensino e do respeito aos docentes.” | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Formatura adiada -A expectativa do aluno Felipe Souza, do último período de História na UFPR, era se formar em junho deste ano. Com a greve, o sonho do diploma foi adiado e ele teme ter problemas no trabalho. “O combinado era que eu teria o diploma até a metade do ano, então, sem ele, corro o risco de perder o emprego”, diz. Se a greve não se prolongar, Souza só deve se formar em março do ano que vem. Apesar dos problemas, ele garante que é a favor da paralisação. “Também sou professor, então consigo ver essa situação de uma maneira muito próxima, mas não é só isso. Antes de tudo, sou a favor da qualidade do ensino e do respeito aos docentes.”| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Seleção

Mobilização modifica cronograma do Sisu na UTFPR

Na UTFPR, um dos impactos mais notáveis foi a mudança do cronograma do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), realizado no fim do primeiro semestre para selecionar os alunos que ingressariam na instituição neste mês. "A seleção foi realizada somente até a segunda chamada e tivemos de suspender da terceira em diante porque não tínhamos estrutura para as matrículas", explica o pró-reitor de graduação da universidade, Maurício Alves Mendes.

Segundo ele, a expectativa é de que as datas das provas do Enem e do período de inscrições pelo Sisu no fim do ano não sejam alteradas devido à greve. "O MEC até recebeu solicitações para adiar, mas, por enquanto, optou-se por manter o calendário." Uma consequência para os novos alunos é certa: o atraso no início das aulas.

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  • Corredores vazios-
  • Na Torcida -Entre os comerciantes das regiões onde ficam os câmpus da UFPR em Curitiba, a torcida é para que a greve chegue ao fim o quanto antes.

A paralisação dos professores das universidades federais completa três meses amanhã, com prejuízos para a comunidade acadêmica. Aulas suspensas, formaturas adiadas e calendário prejudicado são alguns dos efeitos mais visíveis, mas o maior problema é que, segundo lideranças dos docentes, a manifestação não deve acabar tão cedo. "A greve está se intensificando e, enquanto não houver diálogo com o governo, não vai ter fim", diz a presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Marinalva Oliveira.

Segundo ela, os sindicatos até admitem a possibilidade de flexibilizar as propostas para chegar a um acordo com o governo e acabar com a greve. Porém, isso dependeria de uma retomada das negociações, encerradas no começo do mês pelo governo, que já sinalizou não estar disposto a reabri-las. "Nosso objetivo é chegar a um consenso razoável porque esta situação não agrada a nenhuma das partes. A greve só se estendeu por essa resistência do governo para negociar. As propostas, quando apresentadas, tinham termos inaceitáveis." Duas ofertas feitas pelo governo no mês passado foram rejeitadas pela categoria.

Segundo o presidente da Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (APUFPR-SSind), Luís Allan Künzle, nem mesmo os sindicatos imaginavam que a greve duraria tanto. "A reclamação era antiga, mas nada era feito. Acertamos na pauta da greve, ao priorizar a insatisfação com a carreira e as condições de trabalho dos professores, que se sentem incomodados com a falta de perspectivas da carreira, a infraestrutura das universidades, a carga pesada de aulas, a remuneração aquém do ideal e o pouco incentivo à pesquisa."

Prejuízo

Enquanto o impasse não tem uma solução, as implicações da paralisação para professores e alunos são grandes, já que o calendário letivo de 2012 vai se estender para 2013 e é possível que as aulas do ano que vem só sejam encerradas em 2014. "Será um longo período até que consigamos fechar o primeiro semestre. Eu, por exemplo, preciso terminar o conteúdo, aplicar as [provas] finais, lançar as notas e a universidade tem de processar tudo isso para fazer as matrículas. São necessários pelo menos dois meses para concluir esse processo e começar o segundo semestre letivo", explica Künzle.

Por enquanto, os prejuízos mais nítidos são a paralisação de atividades das universidades, como formaturas e realização de pesquisas, projetos de extensão e atividades acadêmicas. Na maioria das instituições, as aulas de graduação e pós-graduação foram suspensas; somente os estudos experimentais que não poderiam ser interrompidos foram mantidos e os professores continuaram indicando leituras e prestando orientações aos alunos de forma extraoficial.

Na Universidade Tecnoló­gica Federal do Paraná (UTFPR), foi autorizado que as formaturas das turmas que haviam realizado todas as disciplinas fossem mantidas e alunos que tinham intercâmbio internacional tivessem atendimento especial, para que não fossem prejudicados.

"Algumas atividades extraclasse também foram autorizadas a continuar, mas isso fica a critério de cada professor e ele tem autonomia para decidir se seus grupos de pesquisa e atividades de extensão permanecem", explica o pró-reitor de graduação da UTFPR, Maurício Alves Mendes.

Cronologia

Confira um histórico com os principais acontecimentos desses três meses de paralisação nas universidades federais:

17 mai – Início da greve dos professores em todo o país. No Paraná, docentes da UFPR e da UTFPR aderem ao movimento.

24 mai – Professores da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), de Foz do Iguaçu, também entram em greve.

4 jun – Docentes do câmpus Curitiba do Instituto Federal do Paraná (IFPR) também aderiram à paralisação.

11 jun – Começa a paralisação dos servidores federais.

15 jun – Os demais câmpus do IFPR aderem ao movimento.

29 jun – Em função da greve, os conselhos universitários da UFPR e da UTFPR suspendem o calendário letivo.

13 jul – O Ministério do Planejamento faz a primeira proposta aos professores: reajustes salariais de 20% a 40% até março de 2015. A oferta é rejeitada pelos docentes.

24 jul – Data da segunda oferta do governo aos professores em greve, agora com reajustes salariais de 25% a 40%. A proposta é rejeitada novamente.

1.º ago – A Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes) aceita a proposta do governo, assina um acordo e opta pelo fim da greve em oito instituições de ensino federais do Brasil, entre elas a IFPR. Já o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), que representa um número maior de profissionais, não concorda. O governo dá por encerradas as negociações com os grevistas. Servidores realizam protestos em todo o país e ameaçam prejudicar o vestibular.

2 ago – Os professores da Associação dos Docentes da Unila, que não são vinculados a nenhum sindicato nacional, decidem em assembleia que continuam em greve por tempo indeterminado.

7 ago – Assembleias na UFPR e na UTFPR decidem pela manutenção da greve.

9 ago – O governo publica uma circular na qual reitera que a negociação com os professores acabou.

13 ago – Os docentes de dez dos 14 câmpus do IFPR retornam às aulas. Apenas Londrina, Paranaguá, Paranavaí e Ivaiporã continuam com a paralisação. Docentes da UFPR, UTFPR e Unila também sinalizam pela continuidade da greve.

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