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Força policial em ação para conter os ânimos dos integrantes da FAP | Divulgação
Força policial em ação para conter os ânimos dos integrantes da FAP| Foto: Divulgação
  • Dom Jaime faz dicurso durante a Festa da Lavoura
  • Francisco Julião falando no Congresso dos Trabalhadores Rurais

No dia 13 de agosto de 1961, Maringá foi palco de um dos maiores confrontos do Norte do estado. A pauta: reforma agrária.

Nesse dia, os bispos de Jacarezinho, Londrina, Maringá e Campo Mourão, liderando a Frente Agrária Paranaense (FAP), estavam decididos a criar no Sul do País um sistema organizado para acabar com as Ligas Camponesas que ameaçavam a liderança da Igreja Católica nos núcleos rurais.

A data coincidiu com o II Congresso dos Trabalhadores Rurais em Maringá, realizado entre 12 e 15 de agosto, sob organização de representantes dos sindicalistas.

Como meses antes houve o comentário de que além do Presidente da República, o deputado Francisco Julião e Fidel Castro estariam presentes no evento, a expectativa de público era considerável, de aproximadamente 5 mil trabalhadores.

Foi diante desses rumores que os bispos do Norte do Paraná trataram de organizar um evento, com concentração de trabalhadores rurais, justamente durante os dias do congresso. Assim, no dia 13 de agosto, a Festa da Lavoura foi iniciada pela FAP.

No congresso, o Presidente da República não veio, mas enviou Nestor Duarte, líder do governo na Câmara dos Deputados, para representá-lo. Ele, no entanto, não sabia em qual dos dois eventos deveria participar.

Por outro lado, a comitiva do estado, representando o então governador Ney Braga, recusou-se a participar do congresso. Eles vieram para a cidade para presenciar a Festa da Lavoura da FAP. Por outro lado, Francisco Julião, então presidente das Ligas Camponesas de Pernambuco e um dos principais líderes da esquerda do país, também veio, mas para prestigiar o evento dos sindicalistas.

Após uma missa campal, milhares de participantes da Festa da Lavoura foram servidos com um grande churrasco. Depois, ocorreu uma gigantesca carreata puxada pela fanfarra do Ginásio Marista de Maringá. Depois, as cerca de 10 mil pessoas se aproximaram do palanque para ouvir as palavras do então prefeito de Maringá, João Paulino Vieira Filho; de Jucundino Furtano, que leu a mensagem do então governador Ney Braga; de Paulo Pimentel, representante pessoal do Ney Braga; e de Dom Jaime Luiz Coelho, bispo de Maringá, que informou ao público que eles não autorizaram o representante do Presidente da República a usar a palavra, pois faria o mesmo no Congresso dos Trabalhadores Rurais.

O embate entre os participantes do evento foi inevitável após o comentário. A briga entre participantes da Festa da Lavoura e a polícia aconteceu no dia 14 de agosto. Muitos feridos, prédios e estruturas danificadas, além de tiros e bombas. O coronel Haroldo Cordeiro teve trabalho para conter as exaltações.

Fonte: Revista Panorama – Setembro de 1961 / Acervo Maringá Histórica

* Miguel Fernando escreve aos sábados na Gazeta Maringá. Ele é bacharel em Turismo e Hotelaria e especialista em História e Sociedade do Brasil. É instituidor do Projeto Maringá Histórica, o qual se estende na coluna publicada na Gazeta Maringá e em outra, produzida para a Revista ACIM

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