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Foi concluída nesta sexta-feira (8) as investigações sobre o assassinato de Bernardo Dayrell Pedroso, de 24 anos, e Renata Waeschter Ferreira, 21 , no dia 21 de abril em razão de uma disputa de poder em um grupo neonazista, conforme a Gazeta do Povo antecipou na edição do dia 2 de maio. A polícia passa agora a trabalhar na elucidação da ramificação dos movimentos. Eles podem responder pela lei 7716/89, que prevê pena de 1 a 5 anos para quem discriminar qualquer raça, religião, etnia ou procedência nacional.

Estão indiciados por suposta participação no duplo assassinato Ricardo Barollo, 34, Jairo Maciel Fischer, 21, Rodrigo Mota, 19, Gustavo Wendler, 21, Rosana Almeida, 22, e João Guilherme Correa, 18.

De acordo com o delegado Francisco Caricatti, que comandou as investigações, o crime teve pelo menos três elementos que qualificam e agravam a situação judicial dos acusados: motivo fútil, impossibilidade de defesa das vítimas e ocultação do crime. Os suspeitos também respondem por formação de quadrilha e podem pegar até 72 anos de prisão, embora no Brasil o tempo máximo de reclusão seja de 30 anos. Todos, exceto Barollo, apontado como o mandante, confessaram o crime, segundo o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope).

O advogado de Barollo, Adriano Sérgio Nunes Bretas, nega que seu cliente tenha qualquer participação no crime. "Quando fizeram aquela apresentação do material apreendido, nada foi retirado da residência do meu cliente", afirma.

Segundo ele, não há provas concretas das acusações da polícia. "A investigação tinha uma linha bem clara enquanto era feita pela Delegacia de Quatro Barras. Aí vem o Cope, assume o caso, recebe uma denúncia anônima e automaticamente descarta todas as outras possibilidades", afirma o advogado. Bretas diz que pedirá o habeas-corpus de Barollo na segunda-feira (11).

Bretas ainda aponta um erro processual da polícia, que teria mantido os acusados presos ao arrepio da lei. "A prisão temporária previa cinco dias, mas a polícia os deteve por seis. Ou seja, 24 horas de pura ilegalidade, contra qualquer princípio jurídico ou constitucional".

Segundo Caricatti, o mandado era de 30 dias de prisão. Para o delegado, o inquérito tem provas contundentes. Um laudo do Instituto de Criminalística comprova que as armas apreendidas foram realmente as mesmas utilizadas no crime.

Ramificações

Caricatti diz que as energias da polícia agora se voltam a elucidação de crimes de racismo feitos pelo grupo - os acusados pelo homicídio devem ser indiciados também no novo inquérito. "A princípio ainda não há outros homicídios que possam ser atribuídos a eles", afirmou Caricatti.

Segundo o delegado, estão marcados para os próximos dias depoimentos de integrantes do grupo, parentes e testemunhas que devem trazer novos nomes.

Crime

Dayrell e Renata teriam saído da festa por volta das 2h30, segundo a polícia, na companhia de Rosana Almeida, para ir a Curitiba para comprar cerveja e encontrar com o namorado dela, Gustavo Wendler, que estava trabalhando e iria para a festa com eles.

Rosana e Wendler teriam simulado uma briga, o que fez com que o casal deixasse a jovem em casa e seguisse apenas com o rapaz no carro. De acordo com a investigação, o papel de Rosana no crime era ir até a festa com as vítimas para identificar o carro em que estavam e atraí-los para fora do local.

Após deixar Rosana em casa, as vítimas teriam seguido para um mercado com Wendler, para comprar cerveja. Em seguida, eles pegaram o caminho para retornar ao evento. Em determinado momento, já na BR-476, Wendler teria sido acionado pelo restante dos acusados, para que arranjasse uma desculpa e pedisse que as vítimas parassem o carro.

Logo após a parada, Rodrigo Mota, João Guilherme Correa e Jairo Maciel Fischer também pararam o veículo em que estavam e abordaram Dayrell e Renata. Segundo a polícia, eles estavam encapuzados, portavam armas e se passaram por policiais. Por volta das 2h30 do dia 21 de abril, eles pediram que as vítimas saíssem do carro com as mãos para cima. Bernardo saiu e levou um tiro na cabeça e Renata, que não saiu do veículo, também foi atingida, afirma a polícia. Os corpos das vítimas foram localizados horas depois. Em seguida, os quatro voltaram para Curitiba e se dispersaram. O Cope reconstituiu o crime na quinta-feira (7).

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