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Sem autorização da diretoria, deputada exalta Lula e faz discurso político em escola
Deputada Estela Bezerra (PT) interrompeu apresentação de alunas em alusão ao Dia da Mulher para fazer discurso político em escola de João Pessoa| Foto: Reprodução Facebook

Mesmo sem autorização da diretoria de uma escola estadual de João Pessoa, na Paraíba, a deputada estadual Estela Bezerra (PT) compareceu a um evento da instituição sobre o Dia da Mulher, realizado nesta terça-feira (8), pegou o microfone – interrompendo a apresentação que estudantes haviam programado – e ficou por mais de dez minutos fazendo um discurso político. Em sua fala, ela exaltou o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), criticou outros governos e divulgou seu próprio trabalho parlamentar.

Tanto a deputada petista quanto a diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Paraíba (Sintep-PB), vinculado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), chegaram a ser convidadas por professoras que organizaram o evento. Para evitar a politização do ato, a diretoria da escola não aprovou a presença das ativistas e retirou o convite feito anteriormente. Mesmo assim, Estela Bezerra compareceu à comemoração.

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Durante a fala (veja o vídeo), a diretora da escola pediu várias vezes à deputada que encerrasse o discurso e devolvesse o microfone. Em um momento, um dos alunos pede o microfone e explica que as alunas que estavam fazendo a apresentação gostariam de falar. Uma professora retira o equipamento da mão do aluno e devolve à deputada, que segue falando.

A diretora, então, tenta pedir à deputada que permita que os alunos sigam com a programação. “Você não vai poder tomar o microfone da minha mão. Ninguém pode fazer isso”, disse a parlamentar à diretora, virando-se de costas e prosseguindo a fala. Em outro momento, ela diz aos alunos: “O microfone é de vocês. Vocês começaram, vocês falaram, vocês fizeram o que tinham que fazer e vão encerrar a atividade, apenas contando com a participação de uma convidada e de algumas convidadas que são pessoas importantes”.

Após o evento, a escola publicou em sua conta no Instagram uma mensagem crítica à ação truculenta da deputada: “Elas [as alunas] trabalharam, elas se programaram, elas ensaiaram para ao final não termos seguido o programado, o trabalhado, o ensaiado e sermos caladas. As alunas tinham muito a dizer, elas tinham muito a mostrar, elas tinham muito a ensinar”.

Pais e alunos reprovam conduta da parlamentar

No mesmo dia do evento, a escola divulgou uma nota informando que uma postagem anterior nas redes sociais com a divulgação da presença da deputada petista havia sido feita sem a autorização da diretoria e que estavam programadas somente palestras com mulheres e alunas da escola. No vídeo da fala da deputada é possível perceber a divergência entre as professoras que organizaram o evento – que chegam a motivar os alunos a pedir em coro que a petista continue a falar.

Nas redes sociais da escola, pais e alunos questionaram a atitude da deputada. “Escola não é lugar para se discutir política”, disse uma aluna. “Só quem estava na escola viu o desrespeito dessa deputada com todos da escola”, disso outro estudante.

“Estou aqui revoltada. Sou mãe de aluno, e meu filho não precisa ver violência onde é para ter respeito e educação. O que houve na escola foi uma total falta de respeito com a mulher, sim, pois o assunto não era política”, afirmou a mãe de um estudante.

Em nota, a diretora agradeceu o apoio dos pais e alunos que se manifestaram contra o ato da parlamentar. “Tumulto aqui não! Aqui não é palanque de disseminação de mentiras e demagogias”, disse a gestora.

Deputada diz que houve “censura”

Após o evento, Estela Bezerra divulgou uma nota na qual diz ter sido censurada. “Infelizmente tentaram prejudicar o nosso direito à fala e o direito das alunas e alunos presentes de ouvir e interagir. Numa atitude desrespeitosa não só com as convidadas, estudantes e demais presentes, nosso mandato sofreu uma tentativa de constrangimento e de cerceamento da palavra”.

O Sintep-PB também divulgou uma nota em que alega ter havido censura e diz que a retirada do convite à palestra teria sido uma orientação da Secretaria de Educação do estado.

A Gazeta do Povo tentou contato com a Secretaria de Educação da Paraíba, mas não houve retorno.

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