• Carregando...

Desgastado pelo crescente apoio da população ao movimento dos bombeiros por reajuste salarial, o governador Sérgio Cabral (PMDB) decidiu sair de cena. Além de entregar a negociação com os grevistas ao novo comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Sérgio Simões, Cabral tem evitado o assunto e ontem faltou a um encontro com empresários organizado pela Petrobras, na sede da Federação de Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

Na noite de segunda-feira, em reunião com secretários e deputados estaduais, Cabral foi alertado por seu estrategista de comunicação, Renato Pereira, de que a reação do governador no fim de semana, quando determinou a prisão de 439 bombeiros que invadiram o Quartel Central da corporação e chamou os manifestantes de "vândalos", não seria bem recebida pela população e poderia causar danos à imagem do governo.

Políticos aliados do governador também detectaram que a população vê uma atitude intransigente de Cabral, embora reconheça a radicalização dos bombeiros. Alguns colaboradores chegaram a sugerir que Cabral suspendesse a prisão da grande maioria dos manifestantes e mantivesse detidos apenas os líderes. O governador, no entanto, argumentou que não voltaria atrás na decisão e não cederia aos rebeldes. Cabral disse que era "fácil" dar opinião. "Quero ver sentar na minha cadeira, com a responsabilidade que eu tenho", respondeu.

Policiais e outros funcionários públicos que passam em frente à Assembleia Legislativa, onde os bombeiros estão acampados, tem manifestado solidariedade aos grevistas. Ontem, até o time do Flamengo e atores globais aderiram ao movimento. Jogadores e comissão técnica foram abordados por guarda-vidas durante treino na praia do Recreio. O técnico Vanderlei Luxemburgo amarrou no pulso uma fitinha vermelha, símbolo do movimento. O meia Ronaldinho Gaúcho guardou a lembrança, embora não tenha amarrado no braço. "Invadir o quartel foi um ato de indisciplina, mas as reivindicações são justas. Manter os bombeiros presos por tanto tempo é uma arbitrariedade do governo", disse Luxemburgo.

Já atores da novela Morde e Assopra gravaram um vídeo pedindo a libertação dos 439 bombeiros presos. "Não podíamos ficar calados diante dessa injustiça", disse o ator Sergio Marone. "Não se sobrevive com um salário de R$ 950. Apoiamos tudo que os bombeiros fizeram até agora. Exigimos a liberdade de todos", diz no vídeo a atriz Cassia Kiss.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]