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A lama da enchente tomou conta dos quintais de casas da região rural de Jaboti, Norte Pioneiro | Fernando Siqueira - Leitor
A lama da enchente tomou conta dos quintais de casas da região rural de Jaboti, Norte Pioneiro| Foto: Fernando Siqueira - Leitor
  • Os temporais ainda destruíram edificações

Subiu para 28 o número de municípios afetados pela chuva que atingiu o Paraná na madrugada de sábado (30). A cidade de São José da Boa Vista é a primeira do estado a decretar situação de emergência. De acordo com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, as duas últimas cidades a registrarem danos causados pelo temporal foram Jaboti e Santo Antônio da Platina. Nas estradas, as PRs 151 e 239, que dão acesso a Sengés, no Norte-Pioneiro, continuam bloqueadas.

Segundo estimativas da Defesa Civil do Paraná, 34 mil pessoas foram afetadas, sendo 1.007 desabrigadas e 3.160 desalojadas até a tarde desta quarta-feira (3). Em Sengés aconteceram cinco mortes, por causa das chuvas. Outras 18 pessoas ficaram feridas no estado inteiro. No total, 1.774 casas ficaram danificadas e 113 destruídas. A situação já foi normalizada e as pessoas já voltaram para suas casas nos nove municípios da Região Metropolitana de Curitiba atingidos.

Até o momento, as cidades afetadas pelas chuvas são: Almirante Tamandaré, Arapoti, Araucária, Bocaiúva do Sul, Campina Grande do Sul, Campo Largo, Campo Magro, Colombo, Doutor Ulisses, Guarapuava, Ibaiti, Ibiporã, Jaboti, Jaguariaíva, Pinhalão, Pinhais, Piraquara, Ponta Grossa, São José da Boa Vista, Sapopema, Sengés, Tomazina, Wenceslau Braz, São Jerônimo da Serra, Siqueira Campos, Paranacity, Ortigueira e Santo Antônio da Platina.

O município de São José da Boa Vista foi o primeiro a decretar situação de emergência no Paraná. A Defesa Civil acredita que, nos próximos dias, o mesmo deve acontecer com outras cidades que estão avaliando os danos causados pela chuva. Segundo o Tenente Pinheiro, o município em situação de emergência elabora um relatório com os prejuízos, a Defesa Civil avalia e encaminha um pedido formal ao Governo Federal para que seja reconhecida a situação.

Cidades em situação de emergência podem ser beneficiadas por verbas do governo e os habitantes prejudicados podem sacar o fundo de garantia caso sejam comprovados os danos na cidade. As verbas só são liberadas a partir do momento em que o Governo Federal reconhecer a situação do município e publicar a decisão no Diário Oficial da União.

Estradas

Os moradores de Sengés voltaram a ficar isolados entre as tardes desta terça e quarta-feira (3). Um desvio que estava sendo feito por meio de uma estrada, que corta uma propriedade rural, teve que ser interditado depois que um caminhão atolou no local. Com o atolamento, veículos ficaram por cinco horas sem conseguir seguir viagem ou retornar. O caminhão só foi retirado com o auxílio de um trator, mas o acesso teve que ser interditado para reparos no trecho. A estrada só voltou a ser liberada para veículos leves por volta das 14h.

As duas rodovias que dão acesso à cidade continuam interditadas. A chuva abriu crateras no quilômetro 181 da PR-151 e no quilômetro 8 da PR-239 próximo da divisa do Paraná com o estado de São Paulo. A concessionária RodoNorte, que administra os trechos, informou que está trabalhando para construir desvios e permitir o trânsito de veículos. A previsão é que as obras sejam concluídas até sexta-feira (5). Mesmo assim, veículos da polícia, bombeiros, empresas de telefonia, Copel e Sanepar já estão utilizando a PR-151, por meio de uma ligação provisória feita no local, para chegar a Sengés.

Na manhã desta quarta-feira, a BR-369 foi parcialmente bloqueada entre Andirá e Bandeirantes, no Norte do estado e só foi liberada às 16h30. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a interdição da BR-369 foi feita por volta das 7 horas, no km 47 na ponte sobre o Rio das Cinzas. Segundo a concessionária Econorte, responsável pelo trecho, a medida foi de precaução, pois, apesar de não ter chovido na terça-feira e na manhã desta quarta, o nível do rio ainda estava acima do normal. A PRF informou que a pista só foi totalmente liberada por volta das 16h30.

Na manhã de terça-feira, houve um afundamento com deslizamento de pista na BR-476, conhecida como Estrada da Ribeira, no quilômetro 107,8 entre Colombo e Bocaiúva do Sul. Segundo o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), o trânsito no local está sendo feito em meia pista por meio de um desvio. A rodovia apresenta problemas e riscos em outros 19 pontos devido ao excesso de chuva. "Estamos trabalhando em duas frentes. Uma com equipes e máquinas, que busca possibilitar o tráfego e outra buscando a recuperação do que foi danificado", disse o Superintendente Regional do DNIT no estado, José da Silva Tiago.

Na PR-090, a Estrada do Cerne, o tráfego está em meia pista no km 27, em Bateias, na região metropolitana de Curitiba. Na mesma estrada, nos km 15 e 37 também há interdição parcial.

De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual (PRE), a PR-218, que ficou interditada dos kms 59 ao 75, no trecho de entroncamento da BR-153 à Jundiaí do Sul, foi liberada por volta das 14h, após ser interditada na manhã desta quarta. Já a PR-439, dos kms 55 ao 58, no trecho de Santo Antonio da Platina à Ribeirão do Pinhal continua bloqueada. Nesses locais, segundo a PRE, houve grande extensão de alagamentos sobre as rodovias.

A BR-153, nos kms 62 a 67, no trecho Santo Antonio da Platina a Ibaiti, também continua interditada, pois ainda há alagamentos nas laterais e sobre a rodovia. O Rio das Cinzas ainda está acima do nível normal. Por outro lado, a PR-218 foi liberada nos kms 55 ao 57, no entroncamento da BR-153 a Guapirama. Segundo a PRE, acabaram os alagamentos na região.

Energia

A Companhia de Energia Paranaense (Copel) informou que já conseguiu religar a energia na maior parte das áreas atingidas pelas chuvas. Em Tomazina toda a área urbana já está com luz desde a tarde de terça-feira (2), assim como os moradores de Arapoti e Jaguariaíva, a luz já foi retomada desde terça.

Na cidade de Sengés, cidade mais afetada pelas chuvas, a energia foi quase toda religada. Somente nas áreas onde houve queda de postes ou cabos arrebentados ainda falta luz, pois equipes da Copel não estão conseguindo acessar as áreas. Cerca de 95% dos habitantes já tiveram a situação de energia nromalizada.

Água

Desde a tarde de terça-feira (2) o abastecimento de água tratada foi retomado em Sengés, de acordo com informações da Sanepar. No entanto, alguns bairros localizados na parte alta da cidade ainda sofrem com o desabastecimento. Aproximadamente 85% dos moradores já tiveram o abastecimento restabelecido.

Em Tomazina a Sanepar já consegue abastecer 70% da cidade com água tratada. Na manhã dessa quarta-feira (3), a empresa conseguiu implantar uma rede provisória pela ponte do Rio das Cinzas para reforçar o abastecimento do lado da cidade que está sendo atendido por caminhões-pipa.

Doações

Nesta quarta, foi lançada uma campanha para arrecadação de donativos para as cidades atingidas pelas chuvas. A Associação dos Municípios dos Campos Gerais (AMCG) criou a campanha "Os Campos Gerais por Sengés". O Paraná Clube também vai receber donativos neste fim de semana. A direção do clube quer aproveitar a presença de cerca de 8 mil pessoas no clássico com o Atlético, no domingo à tarde, na Vila Capanema, para promover a campanha "SOS Norte Pioneiro".

A entrega dos donativos a Sengés será agilizada após a construção de desvios temporários. A concessionária Rodonorte prevê que, se não chover, até sexta-feira os desvios do quilômetro 8 da rodovia PR-239 (acesso a Itararé-SP) e do quilômetro 182 da PR-151 (acesso a Jaguariaíva) estarão prontos. Por enquanto, para chegar à cidade é preciso usar uma estrada de terra em condições precárias.

Rios

O Rio Paraná subiu quatro metros, em função das chuvas, e provocou alagamentos em Porto Camargo, Noroeste do estado. A Força Verde tem trabalhado na remoção dos animais silvestres que correm risco por causa das condições da região, já que parte das ilhas do rio está completamente alagada.

De acordo com o tenente Acimar Crescêncio, os animais terrestres como os tatus e outros pequenos mamíferos são os que mais sofrem, mas cobras e pássaros também precisam ser resgatados. "Eles acabam padecendo tanto pela falta de alimentos, como pelas condições do terreno", disse o tenente.

Já a cheia do Rio das Cinzas, no Norte Pioneiro, também causou estragos em propriedades rurais da cidade de Jaboti. Segundo um dos proprietários, Fernando Siqueira, cerca de 15 casas no bairro do Varzeão foram encobertas e os moradores precisaram da ajuda de tratores para limpar as ruas. Apenas na tarde desta quarta-feira (3) a energia elétrica foi normalizada.

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