O vão da escada na Delegacia de Homicídios de Curitiba transformou-se em cela improvisada para dois suspeitos de assassinato. Nesta quarta-feira (24), Josiel Lucas de Ramos, 19 anos, passou a dividir o cubículo sem cama e sem banheiro com Davi Moraes Mendes, 42, preso desde segunda-feira pela suspeita de ter sido o mandante do crime que matou o enteado dele, Gabriel Henrique Vieira, 13 anos, em setembro.
Ramos é suspeito de ter matado Johny dos Santos Oliveira, junto com Jorge Fernando Correia de Souza, 23 anos. Os dois foram presos no último dia 18, durante a operação "Sonho Verde", realizada na Vila Verde, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), pela Polícia Civil em parceria com a Polícia Militar.
Durante a ação policial, houve troca de tiros e Ramos acabou atingido no braço esquerdo. Ele foi internado no Hospital Evangélico e teve alta nesta quarta-feira. O outro suspeito, Souza, foi encaminhado à Casa de Custódia.
O preso ainda está com o braço enfaixado, mas não pode ser transferido porque não há vagas na Casa de Custódia de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, segundo a delegacia. A polícia também tenta transferir Mendes para outro lugar desde a tarde de segunda-feira.
A cela dividida pelos dois tem a largura exata para dois colchões, estendidos no chão, lado a lado. Não há banheiro e sempre que um deles tem uma necessidade um policial precisa abrir a cela e levá-lo até o sanitário, o que coloca em risco a delegacia, segundo a polícia. "Tem o risco para o policial e o risco de fuga", disse o delegado Rubens Recalcatti.
Mendes chegou a ser levado para Casa de Custódia, mas não foi recebido no local porque, segundo a Casa, faltava um documento para a liberação da vaga. Em nota enviada à imprensa na terça-feira, a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju) informa que a não recepção do suspeito na Casa de Custódia de Piraquara, antigo Centro de Triagem 2 da Polícia Civil, deve-se ao fato de não haver sido enviada ainda a documentação essencial para se avaliar as condições de implantação do preso na unidade.
A secretaria esclarece ainda que os presos mais antigos detidos em delegacias têm prioridade de transferência para unidades do sistema penitenciário, o que não é o caso de Mendes e Ramos, que foram presos recentemente. Este processo, porém, abre vagas em delegacias de polícia, que por sua vez podem receber presos de delegacias impossibilitadas de manter detentos, como a Homicídios. No entanto, a delegacia informou que a Polícia Civil já verificou e também não há vagas em delegacias.
De acordo com Recalcatti, o problema prejudica o trabalho policial. "Em vista da dificuldade de encaminhar os presos para o sistema, a delegacia se sente de mãos amarradas para efetuar operações que resultem em prisões", declarou.
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