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Donizete, proprietário de uma pousada na Praia do Farol, diz há quase 15 dias o abastecimento é falho e o pouco de água que chega está “barrenta” | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Donizete, proprietário de uma pousada na Praia do Farol, diz há quase 15 dias o abastecimento é falho e o pouco de água que chega está “barrenta”| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Moradores, turistas e comerciantes da Ilha do Mel reclamam e sofrem com a falta de água no local. O problema no abastecimento teria começado no dia de Natal e se estende até está terça-feira (5). Á água fornecida pela Companhia de Água e Esgoto de Paranaguá (Cagepar) apresenta coloração amarelada e mau-cheiro, segundo os moradores. Eles afirmam que não é possível beber água, sendo necessário comprar água mineral. Muitos dependem de poços artesianos para tomar banho e até mesmo cozinhar.

O problema acontece durante a temporada de verão, pois o local chega a receber 6,2 mil pessoas, de acordo com a Cagepar – cinco mil turistas, além dos 1,2 moradores e veranistas que possuem casas no local. A Ilha do Mel é abastecida pela água dos mananciais e também por dez poços artesianos (seis em Encantadas e quatro em Nova Brasília). Nesta terça-feira a ilha estava com cerca de 300 turistas, os quais somados aos 1,2 mil veranistas e moradores, resultam em aproximadamente 1,5 mil pessoas. A Ilha atingiu a lotação máxima no dia 30 de dezembro (5 mil visitantes, além dos moradores) e assim permaneceu até domingo (3 de janeiro).

Segundo o diretor-presidente da Cagepar, Edson Pedro da Veiga, não se trata de falta de estrutura da empresa para atender à ilha. Veiga afirma que a falta de chuva em dezembro é o motivo para a falta d’água. "Choveu apenas nos dias 17, 18 e 31. Por isso o nível dos mananciais está baixo. Os dez poços que temos na ilha não estão dando conta da demanda", explica o diretor-presidente da Cagepar. Segundo ele, se não chover nesta semana, haverá falta d’água novamente no próximo fim de semana, quando haverá aumento do fluxo de pessoas na Ilha.

Além disso, não há solução para o problema a curto e médio prazo. Uma possibilidade para acabar com a escassez no abastecimento seria tratar a água do mar. Entretanto, não há recursos para isso, segundo Veiga. "Os moradores também não iriam querer arcar com os custos". O diretor-presidente da Cagepar afirma que foi feito um estudo desse modelo, que já foi adotado no Ceará, e que o custo de 10 metros cúbicos de água subiria de 18 para 50 reais. "É inviável. Arrecadamos R$ 10 mil e gastamos R$ 40 mil", afirma Veiga.

Água "barrenta"

Sobre a qualidade da água, Veiga disse que desde o dia 28 de dezembro até a manhã desta terça-feira, a Cagepar estava distribuindo, de forma emergencial, água sem passar pela estação de tratamento. No entanto, foi adicionado cloro na água e o produto poderia ser consumido, de acordo com a Cagepar. "O tratamento da água é difícil. Precisamos retirar o lodo, depois o manganês e por último o ferro. Para então colocar fluor e cloro", explica o diretor-presidente da Cagepar.

A empresa interrompeu completamente o abastecimento na tarde desta terça-feira, para limpar os reservatórios e enchê-los. A previsão é de que o abastecimento seja normalizado na manhã de quarta-feira (6), por volta das 10 horas. "Nós não produzimos água. Apenas tratamos e distribuímos", argumenta Veiga. A capacidade do reservatório da Estação de Tratamento é de 150 mil litros e o do reservatório do Morro do Joaquim é de 75 mil litros.

Reclamações

Enquanto isso, os moradores, turistas e comerciantes da Ilha do Mel são prejudicados pela falta da água. Os turistas não aceitam a situação, visto que em algumas situações não é possível nem tomar banho. Silvio Lopes, que é dono de uma pousada e de um restaurante em Nova Brasília, conta que a água que sai das torneiras estava misturada como uma espécie de lama e que os turistas nem cogitam bebê-lá - apesar da Cagepar afirmar que existe cloro nessa água. "Não queremos consumir água com lama. Por isso compramos água mineral. Isso não está certo. Pago caro pela água e quero um produto de qualidade", reclama o empresário.

Pelo mesmo problema passa o administrador da pousada Marisol, localizada na Praia do Farol. Donizete Aparecido Rodrigues afirma que os clientes não foram embora porque a pousada tem uma cisterna. Ele comenta também que há quase 15 dias o abastecimento de água é falho e o pouco de água que chega está "barrenta", como costumam denominar os turistas. "Fora da temporada isso é raro de acontecer. Mas, durante o verão quase que vira rotina", argumenta.

Um casal que estava hospedado na pousada teve problemas de saúde, como diarreia, e um médico amigo do casal – que também estava na mesma pousada, não descartou a possibilidade de que o mal-estar tenha sido ocasionado pela água fornecida pela Cagepar.

Um dos turistas que não aceitam as explicações da Cagepar é Nélson Weigang Júnior. Ele é frequentador da Ilha do Mel há 37 anos e afirma que o problema se repete todo ano. "Falta planejamento da Cagepar. Eles precisam dimensionar a água para o consumo de 5 mil pessoas", comenta. Ele relata que muitos turistas dizem que não irão voltar mais ao local, pois falta água para tomar banho e até para dar descarga.

***COMENTÁRIOVocê também está tendo problemas no abastecimento de água ou luz no balneário onde está passando a temporada? Envie seu comentário abaixo.

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