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Confronto entre manifestantes e policiais deixou um saldo de dois carros virados, um deles seria da TV Record | Wilson Dias / Agência Brasil
Confronto entre manifestantes e policiais deixou um saldo de dois carros virados, um deles seria da TV Record| Foto: Wilson Dias / Agência Brasil

Um protesto que reuniu cerca de 10 mil pessoas na tarde desta terça-feira (29) em Brasília terminou com dispersão dos manifestantes de forma violenta pela Polícia Militar (PM) e um rastro de depredação de equipamentos públicos e veículos incendiados pela Esplanada dos Ministérios. O ato reuniu vários segmentos, de estudantes a indígenas, com a participação de entidades como CUT, MST e organizações ligadas a universidades federais. A estimativa de público é da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.

Veja fotos dos confrontos na Esplanada dos Ministérios

Os manifestantes se posicionam contra a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 55), chamada de PEC do teto de gastos, contra a MP da reforma do ensino médio e contra o governo Michel Temer, de forma geral. O movimento teve início às 16 horas, mas o tumulto só começou por volta das 18 horas. Os participantes do protesto acusam a polícia de ter agredido uma das pessoas que invadiu o espelho d’água do Congresso, o que supostamente teria iniciado o conflito. Outra versão cita que o embate começou após alguns manifestantes terem virado um veículo estacionado nos arredores do Congresso Nacional.

UNE repudia depredação, mas critica atuação da PM

Em nota divulgada nesta noite, a União Nacional dos Estudantes (UNE) afirmou que não incentiva “qualquer tipo de depredação do patrimônio público ou violência”. No entanto, a entidade disse que a reação da Polícia Militar do DF causou perplexidade.

“Isso nada mais é do que o reflexo de um governo autoritário, ilegítimo e que não tem um mínimo de senso de diálogo”, disse a UNE.

Para dispersar a multidão, após alguns integrantes chegarem a lançar coquetéis molotov, a polícia começou a disparar bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. Houve corre-corre e gritaria. A ação policial na Esplanada envolve o uso da cavalaria e da tropa de choque.

Dois carros, um deles que seria da TV Record, foram virados pelos manifestantes em reação à operação policial. Vários outros, estacionados em locais próximos à Esplanada dos Ministérios, foram pichados com dizeres contrários ao governo. Pelo menos dois deles foram incendiados pelos manifestantes.

Conforme os participantes do ato eram afastados do Congresso pelo Eixo Monumental, aumentava a animosidade. Vários deles atearam fogo em sacos de lixo, tentando bloquear as faixas da via. Banheiros químicos foram depredados e arrastados para as pistas.

Os estudantes mascarados fizeram uma barricada com fogo em frente à Catedral e em alguns momentos eles dançaram e entoaram gritos de guerra contra a polícia. A corporação neste momento aguarda e alguns manifestantes que estavam em um carro de som dizem que há feridos e precisam de apoio para socorrê-los. Não se sabe o número de feridos.

Houve quebradeira dos edifícios públicos na Esplanada e equipamentos urbanos, como paradas de ônibus e lixeiras. Por outro lado, testemunhas afirmam que houve excesso dos policiais. Pessoas que se refugiaram atrás dos Ministérios – que apenas aguardavam os ânimos se acalmarem – foram atingidas por bombas de efeito moral.

Parlamentares deixam Congresso para acompanhar repressão

Após a confusão no gramado da Esplanada dos Ministérios, um grupo de deputados e senadores deixou o Congresso para acompanhar a manifestação. Entre os parlamentares estavam o deputado Pepe Vargas, que foi ministro dos Direitos Humanos da ex-presidente Dilma Rousseff.

“Está perto de acontecer uma tragédia”, disse o deputado Glauber Braga (PSol-RJ). Ele contou que esteve fora do Congresso e pediu para que haja uma intervenção da presidência da Câmara para que a ofensiva da polícia pare.

Governo do DF afirma que ação da PM foi ”dentro dos padrões técnicos”

Em nota, o governo do Distrito Federal disse que “repudia os atos de vandalismo e de barbárie cometidos no decorrer do dia de hoje em frente ao Congresso Nacional e na Esplanada dos Ministérios”.

“A Polícia Militar agiu dentro dos padrões técnicos para o enfrentamento desse tipo de situação e procurou preservar o patrimônio e a segurança das pessoas”, disse a administração da capital.

Segundo o governo do DF, quatro pessoas foram conduzidas à delegacia, cinco ocorrências de dano foram registradas na Polícia Federal. O Corpo de Bombeiros registrou 40 atendimentos, todos casos sem gravidade.

Além disso, deputados da oposição se revezam na tribuna da Câmara para criticar o uso de bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo pela Polícia Militar na dispersão do protesto.

O deputado Pepe Vargas (PT-RS), que chegou a deixar a Casa para acompanhar o protesto após a confusão, afirmou que nunca viu uma reação parecida, por parte da PM, quando as manifestações pediam o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Já os deputados Orlando Silva (PCdoB-SP) e Marco Maia (PT-RS) cobraram que o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), tomasse uma posição, já que a ação da PM está sob sua responsabilidade. “Eu, com 14 anos nesta Casa, não tinha assistido uma maneira tão truculenta de acabar com uma manifestação”, disse o deputado petista.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS), por sua vez, afirmou que o gramado em frente ao Congresso se transformou em uma “praça de guerra”.

A maioria dos manifestantes é formada por estudantes, que apoiam as ocupações de escolas, e vieram de todo o país para protestar contra a aprovação da PEC que estabelece um teto para os gastos públicos e contra a medida provisória que propõe uma reforma no ensino médio.

Veja o início da ação da polícia para dispersar os manifestantes, em vídeo da repórter Catarina Scortecci

Veja um vídeo do protesto, feito também pela repórter Catarina Scortecci

Veja o gramado em frente ao Congresso antes e depois da ação da polícia:

Manifestantes se reúnem em frente ao Congresso NacionalCatarina Scortecci/Gazeta do Povo

O gramado do Congresso, após a polícia dispersar os manifestantesCatarina Scortecci/Gazeta do Povo

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