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Olho vivo

O técnico...

Dois nomes se destacaram na reforma da equipe de Beto Richa: Reinhold Stephanes (PSD), na Casa Civil, e Ratinho Jr. (PSC), na Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedu). Quanto ao primeiro nome, não pesam dúvidas de que, se deixarem, será capaz de imprimir uma nova dinâmica ao governo. Produtivo deputado federal em várias legislaturas, secretário estadual da Agricultura e três vezes ministro, acumula experiência e competências para coordenar e compensar o pobre perfil da atual administração.

... e o político

Já a inclusão de Ratinho Jr. na equipe obedece – embora o governador negue – exclusivamente ao critério político. Não se discute o carisma que o jovem deputado desfruta junto ao eleitorado, mas ele ainda deve demonstrações de que pode, também, ser o executivo de uma secretaria do porte da Sedu. Entretanto, na eleição para prefeito de Curitiba, em 2012, ele fez 40% dos votos. Portanto, pode ser um fator a minimizar a derrota que o enjeitado Gustavo Fruet impôs a Beto Richa, tirando-lhe o domínio político da capital.

"Sou do Requião"

A escolha de Stephanes para a Casa Civil abriu vaga na Câmara Federal para o suplente Marcelo Almeida, do PMDB. Ele foi um dos coordenadores da campanha de Ratinho Jr. a prefeito, o que faria supor que não resistiria à mesma atração fatal para se aliar a Beto Richa. Almeida, no entanto, já avisou: "O meu PMDB é do Requião e do Michel Temer", disse em entrevista, ao anunciar que seu primeiro compromisso em Brasília será o de pedir audiência com a presidente Dilma Rousseff.

Confiança

Beto Richa confia que, ainda esta semana, derrubará o veto da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) ao empréstimo de R$ 800 milhões que pretendia fazer no Banco do Brasil. A STN diz que o Paraná descumpre a Lei de Responsabilidade Fiscal e, por isso, não avaliza o financiamento.

Quando, há cerca de dois meses, o governador Beto Richa deu sinais mais claros de que pretendia cooptar o PMDB para a sua base de apoio re-eleitoral, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, ironizou: "Ele está comprando terreno na Lua". Diante das dificuldades que Richa vem enfrentando para assinar a "escritura" com o PMDB, a profecia de Bernardo começou a fazer sentido.

De fato, o primeiro turno da reforma do secretariado não teve êxito em agasalhar nenhum representante do PMDB, bem ao contrário da ansiedade anteriormente demonstrada por Richa e especialmente pelos os 12 deputados que integram a bancada da legenda na Assembleia Legislativa. Duas razões prevaleceram para a ausência do PMDB entre as alterações promovidas até agora. Permaneceu como secretário (do Trabalho) apenas o deputado Luiz Cláudio Romanelli, no governo desde o primeiro dia. E foi justamente de Romanelli, em parceria com o deputado Alexandre Curi, a iniciativa da manobra que, na convenção de dezembro passado, tirou do senador Roberto Requião – principal obstáculo à aproximação com Beto – a chance de presidir o partido. Convencionais liderados pelos deputados estaduais e pelo grupo do ex-governador Orlando Pessuti entregaram o comando ao deputado Osmar Serraglio. O PMDB paranaense parecia pronto para sair do muro e entregar-se a Beto Richa em troca de cargos vistosos no secretariado e nas estatais.

Como na Revolução dos Bichos de George Orwell, os novos comandantes do PMDB começaram a se desentender. Os deputados vetaram-se uns aos outros, de tal modo que nenhum pôde ser escolhido se não fossem garantidas aos demais vantagens equivalentes. O resultado é que nem mesmo Romanelli conseguiu a almejada promoção da Secretaria do Trabalho para a estratégica Casa Civil.

Outro que ajudou a "melar" o plano foi Pessuti. Cogitado para assumir a presidência da Sanepar, preferiu seguir outro caminho – o de manter-se fiel à linha nacional do PMDB, ditada pelo vice-presidente da República, Michel Temer. Isto é, de ficar na base de apoio ao governo petista da presidente Dilma Rousseff. E, consequentemente, de obedecer à possível orientação do PMDB de, eventualmente, apoiar nos estados candidatos indicados pelo PT.

No caso paranaense, se hipoteticamente o PMDB não lançar candidato próprio, não se descarta a outra hipótese – isto é, de a legenda vir a marchar não com Beto, mas com a virtual adversária dele em 2014, a ministra Gleisi Hoffmann. Beto Richa pediu mais uma semana para se entender com o PMDB. "Muitos deputados estão viajando", justificou ele, na sexta-feira. Depois que os viajantes voltarem, vão continuar as conversações. Mas, de concreto até agora em suas relações com o partido, só mesmo o terreno na Lua que ainda observa com telescópio.

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