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A opinião do presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia, e do vice-presidente da Câ­­­mara Federal, deputado ACM Neto, fielmente reproduzida por esta coluna ontem, abriu polêmica acirrada e pública no dividido arraial dos democratas.

Conforme registramos, Maia e ACM Neto pretendem que o diretório regional do partido apoie a candidatura do senador Osmar Dias (PDT) ao governo e não o prefeito Beto Richa, do PSDB – ao contrário do que pensam algumas vozes da legenda, geralmente alinhadas ao esquema eleitoral de Richa.

Os dois dirigentes nacionais lembram que, no ano passado, em jantar realizado num restaurante de Brasília, com pelo menos mais duas testemunhas, o prefeito Beto Richa prometeu-lhes cumprir seu mandato, apoiar Osmar e contribuir para manutenção da aliança partidária que propiciou sua reeleição à prefeitura com 77% dos votos.

Foi a segunda promessa. A primeira deu-se antes, numa sala do hotel Bourbon, em Curitiba, com a presença de notáveis de todos os partidos que compunham a aliança – a começar pelo presidente nacional do PPS, Roberto Freire, passando por Euclides Scalco e Rubens Bueno, além de outros que também não se negam a confirmá-la.

Baseados nessas promessas, há mais de quatro anos o DEM optou por Osmar Dias – embora não imaginasse que o senador fosse levado a aproximar-se do PT para compensar o processo de fritura que passou a sofrer depois que o prefeito, empolgado com a votação extraordinária que obteve em 2008, passou a trabalhar pela própria candidatura.

Na opinião dos dirigentes democratas – que leram a coluna de ontem e nenhum reparo fizeram – se o combinado fosse cumprido, três coisas aconteceriam: a) a aliança não teria adversário à altura para competir com Osmar Dias; b) o PT e o PMDB teriam candidatos viáveis; e c) Osmar não precisaria se aliar a Dilma Rousseff e transferir para ela de 1,5 a 2 milhões de votos que seriam naturalmente do presidenciável tucano José Serra. "Pôs-se a perder uma eleição que já estava ganha com tranquilidade no Paraná, com a vantagem suplementar de encher de votos o embornal de Serra", concordaram Rodrigo Maia e ACM Neto.

Eles mantêm o apelo para que a aliança se recomponha e que seu candidato seja Osmar Dias. Mas não interferirão na decisão do diretório estadual se, na convenção, a decisão for outra. Apenas lamentarão.

Representantes do grupo do prefeito Beto Richa tentatam ontem desmentir o conteúdo da coluna. Chegaram a afirmar que, em contato com os deputados federais richistas Alceni Guerra e Eduardo Sciarra, os dois dirigentes nacionais teriam desautorizado o que saiu na coluna – como, da tribuna da Assembleia, disse ontem o deputado Plauto Miró Guimarães.

Ouvidos por outras fontes, porém, ACM Neto e Rodrigo Maia reafirmaram a posição aqui descrita. Tanto que sequer mandaram – como seria normal e necessário – qualquer desmentido. Só fizeram uma correçãozinha: o encontro que terão com Serra não seria ontem, como saiu, mas será na Bahia, durante o carnaval.

O presidente estadual do DEM, deputado Abelardo Lupion, que estava presente quando os dirigentes nacionais transmitiram suas opiniões, repetiu-as ontem pela manhã em várias emissoras de rádio para as quais concedeu entrevistas. E até acrescentou tintas mais fortes: "Estamos estupefatos com essa demonstração de falta de responsabilidade do PSDB. Nós queremos manter a nossa aliança, queremos apoiar Osmar Dias. Temos este compromisso há três eleições e o PSDB estava também neste compromisso. E agora estamos vendo o próprio PSDB explodir esta aliança. Nós queremos eleger o José Serra e o PSDB, como partido do José Serra, tem de ter a responsabilidade de, junto conosco, estudar qual é o melhor palanque para Serra no Paraná."

Plauto Miró protestou da tribuna. Disse que uma moção assinada por quatro dos cinco deputados do DEM impede Lupion de manifestar-se em nome da sigla. Lupion contesta: como presidente do partido, tem a obrigação de conduzir o debate. E que, se suas opiniões não satisfizerem à maioria, que tal coisa seja dirimida na convenção de junho. "O que não pode, porém, é o partido ficar parado até junho vendo a caravana passar para, só depois, tomar uma decisão", afirmou.

Por sua vez, o presidente curitibano do DEM, deputado Osmar Bertoldi, embora signatário da moção que decidiu impor a mordaça no DEM, também resolveu se manfestar: para ele, segundo nota oficial que distribuiu à imprensa, é importante manter a aliança do seu partido com o PSDB para a construção da candidatura ao governo do estado, mas antecipadamente sustenta que a melhor solução é a do prefeito Beto Richa: "O diretório municipal de Curi­­tiba acredita que a manutenção desta aliança e o consequente apoio ao candidato do PSDB (no caso, Richa) configura o melhor quadro para o desenvolvimento e a abertura de rumos mais democráticos para o estado do Paraná e sua gente".

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