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A.C. e D.C. – antes do carnaval e depois do carnaval. É assim que o calendário real marca o transcurso dos anos no Brasil. Por isso o 2010 real e ativo começa verdadeiramente amanhã, a Quarta-Feira de Cinzas. E se há setor que leva muito a sério esta divisão do tempo, é ele, o político. No A.C. muito se falou, quase nada se decidiu. Quer dizer: a folia foi antes. Espera-se agora, no D.C., que as conjecturas e entabulações passem a tomar a forma séria e concreta dos fatos.

O tempo urge. O calendário eleitoral prevê datas irrecorríveis, fatais. A primeira delas o dia que termina à meia-noite de 3 de abril – isto é, a exatos 47 dias. Nesse dia, detentores de mandatos executivos, como governadores e prefeitos, se estiverem interessados em disputar as eleições que ocorrerão seis meses depois, em 3 de outubro, deverão renunciar aos cargos que atualmente ocupam.

E devem fazê-lo mesmo que não tenham muita certeza se serão de fato escolhidos candidatos nas convenções dos seus respectivos partidos, que só ocorrem no máximo até a próxima data fatal e irrecorrível – 30 de junho.

No caso paranaense, há dois políticos com mandatos executivos querendo concorrer a outros cargos: o governador Roberto Requião, que pretende lançar-se candidato a senador e o prefeito de Curitiba, Beto Richa, que aspira disputar a eleição de governador. Quanto a Requião, que manda e desmanda no PMDB, não há maiores problemas. Ele simplesmente pode deixar o cargo em 3 de abril porque sabe, de antemão, que a convenção confirmará seu nome.

Com o prefeito Beto Richa, as coisas não são assim tão tranquilas. Ele precisa ter certeza desde já de que não correrá qualquer risco de não ser confirmado em junho como candidato do PSDB. E esta certeza deve ser construída agora neste início de D.C.

Por uma simples razão: se não tiver certeza de que será o candidato oficial e segurança mínima de que sairá vitorioso na eleição de outubro, seria melhor tirar o time antes que chegue o dia 3 de abril. É que, nesse dia, se renunciar à prefeitura, deixará de exercer três anos de mandato para ficar ao léu, sem lenço nem documento. O que, claro, lhe será fatal para a carreira política.

Daí a pressa para fazer o PSDB decidir-se logo por seu nome. Já tentou isso várias vezes. A primeira foi no último dia 8, quando o diretório regional se reuniu para, maciçamente, aclamar seu nome e acabar com o sonho do seu concorrente direto dentro do partido, o senador Alvaro Dias. Não deu. A decisão foi adiada e as conversações passaram a se dar no plano nacional, que melhor sabe avaliar a estratégia que mais favoreceria a campanha de José Serra no Paraná.

De então, o assunto ficou num vaivém interminável. O próprio candidato José Serra teve de assumir a incumbência – e as consequências – da indicação, se Beto ou se Alvaro.

Serra teria, fatalmente, a data de 22 próximo para dizer o que prefere, pois está marcada para este dia nova reunião do diretório estadual que promete – com ou sem a palavra do governador paulista – bater o martelo e promover a indicação de Beto Richa para convenção de junho.

Continuar levando este assunto com a barriga – como o tem obrigado o senador Alvaro Dias – exaspera o prefeito. Ele precisa, tem urgência, de substituir o vaivém e torcer pelo Vai-Vai – a escola de samba várias vezes campeão do carnaval paulista e da qual o governador José Serra é também torcedor. Vai-vai?

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