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De cada gaveta que se abre nos gabinetes da prefeitura de Curitiba, salta uma surpresa. De surpresa em surpresa, as contas em atraso deixadas pela administração anterior já passam de R$ 400 milhões – despesas que não previstas no orçamento de 2013.

O que fazer? – pergunta-se um tanto desolado o novo prefeito, Gustavo Fruet. Se pagar os atrasados tudo de uma vez, vai faltar dinheiro para executar previsões básicas do primeiro orçamento de sua gestão. Se não pagar, além de criar dificuldades para seus credores – muitos dos quais empresas de pequeno porte que empregam centenas de trabalhadores –, quebram-se as relações de confiança entre a administração e seus fornecedores.

Diante disso, restam poucos caminhos. Um deles, já colocado em prática, é a renegociação das dívidas; outro, é economizar nas despesas do corrente exercício, reduzindo as nomeações e cortando supérfluos, como os carros de representação, medida também já iniciada; um terceiro é remanejar o atual orçamento. Nenhum desses caminhos exclui os demais, diz alta fonte da prefeitura. Muito pelo contrário.

São dilemas assim que o prefeito Gustavo Fruet vai descrever em detalhes para os vereadores na próxima segunda-feira, quando será instalada a nova Legislatura da Câmara Municipal. O discurso vai antecipar parte do diagnóstico que o prefeito prometeu concluir em cem dias.

Não falará apenas sobre as dificuldades financeiras. Vai relatar, também, o que já fez para abrir as tais "caixas-pretas" da administração. Talvez até já dê as primeiras pistas sobre o que pretende fazer para libertar a prefeitura da condição de refém do Instituto Curitiba de Informática (ICI) e sobre o que está pensando para resolver outras duas pendências graves – a destinação do lixo metropolitano e o funcionamento do sistema de radares de trânsito, ainda precariamente nas mãos da Consilux.

A ideia geral do discurso, balanço dos primeiros 30 dias da gestão, é mostrar para a população que a cidade voltou a ter prefeito.

Olho vivo

Dia histórico 1

O funcionalismo estadual deve guardar o dia 27 de dezembro de 2012 como histórico: nesta data, o governo, sem dinheiro em caixa, não sabia como fazer para pagar a folha. Se não encontrasse uma solução, teria feito uma viagem no túnel do tempo, 52 anos para trás, quando aconteceu no estado o último atraso no salário dos servidores. Eram os estertores do governo de Moysés Lupion, que deixou dilapidadas as finanças estaduais. A situação foi corrigida por seu sucessor, Ney Braga. Desde então nunca mais se repetiram atrasos na folha.

Dia histórico 2

Angustiado com a situação ameaçadora do fim de 2012, o secretário da Fazenda, Luiz Carlos Hauly, disparou pedidos de socorro a estatais e autarquias que pudessem abrir seus cofres para complementar a folha. Para sua sorte, três delas juntaram seus fundos, depositaram quase R$ 400 milhões no Tesouro e livraram o governo do vexame. Nos dias tenebrosos em que transcorria a operação de coleta, o governador Beto Richa descansava em Foz do Iguaçu.

Jogo dos 7 erros – 1

Como num jogo dos "sete erros", a mesma foto feita no gabinete do governador Beto Richa foi apresentada de formas diferentes nos dois perfis que o governador mantém no Facebook. O blogueiro Zé Beto mostrou as duas fotos e destacou a diferença: à moda dos tempos de Stalin, que mandava tirar das fotos oficiais os companheiros caídos em desgraça, num dos flagrantes aparecia ao fundo o influente primo Luiz Abi; no outro, ele foi substituído por uma folhagem.

Jogo dos 7 erros – 2

Após a revelação da diferença, as duas fotos – a verdadeira e a falsificada – foram retiradas do Facebook. Não se sabe, porém, a razão que tornou recomendável o "desaparecimento" de Luiz Abi – personagem que, embora não tendo nenhum cargo no governo, dele se comenta ser detentor de inusitados poderes.

Martelo 1

Richa quer "bater o martelo" o quanto antes na pretendida inclusão de um deputado do partido no secretariado visando a consolidar a aliança político-eleitoral com parte da legenda. Outras duas partes são lideradas pelo senador Roberto Requião e pelo ex-governador Orlando Pessuti. Com o primeiro, não há acordo no horizonte; com o segundo, só se Pessuti cantar para Richa a mesma ópera que deleitou a ministra Gleisi Hoffmann, na noite de terça-feira, em Brasília.

Martelo 2

Se houver acordo com a bancada, o mais provável é que o deputado Luiz Eduardo Cheida assuma a secretaria do Meio Ambiente (Sema). Mas há uma dificuldade: Cheida exige liberdade para indicar o presidente do IAP, braço executivo da Sema e responsável, entre outras incumbências, por licenciamentos para instalação de pequenas hidrelétricas.

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