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A crise política que se instalou no país em maio passado foi tema do debate que reuniu nesta terça-feira o deputado federal Chico Alencar (PSOL), a colunista política do "Globo" Tereza Cruvinel e o cientista político e professor universitário Eduardo Raposo, sob o pilotis da PUC. A apuração da corrupção e o papel das charges e das piadas na série de escândalos são os assuntos em debate nesta quarta e quinta-feira. O ciclo de debates é uma iniciativa do "Globo" em parceria com a universidade.

Num auditório lotado, o discurso emotivo do deputado que trocou o PT pelo PSOL há uma semana teve como contraponto o ceticismo de Tereza Cruvinel e do professor Eduardo Raposo. Para os dois últimos, a crise tem uma origem estrutural, enquanto para Chico, foi forjada nos caminhos tortuosos que levaram o PT ao poder.

- O PT tomou um caminho sem volta; a lambança venceu a esperança. Com as alianças que fez, o atual governo tornou-se mais continuísta e ortodoxo do que um eventual governo de Serra seria - disse o deputado, para quem os resultados do escândalo do mensalão podem ser positivos para a sociedade brasileira.

Para Chico Alencar, a crise é uma possibilidade de superação. Tereza Cruvinel discorda:

- Eu não acredito em crise boa. Ela não está apontando para a esperança e se não houver um desfecho rápido, coma punição dos culpados, vai gerar uma desilusão maior na sociedade.

Sob aplausos, Tereza defendeu a instituição do voto facultativo no país como forma de melhorar a representação parlamentar. Em tom de vaticínio, a colunista, que há 20 anos acompanha o dia-a-dia do Congresso, diz:

- Se só votarem aqueles que quiserem, as eleições serão mais qualificadas. Atualmente, não há o menor perigo de uma legislatura ser melhor do que a outra; serão sempre piores.

Apesar de discordar de Tereza no que diz respeito ao voto obrigatório, do qual é partidário, o professor Eduardo Raposo, coordenador da pós-graduação de sociologia e política da PUC, concorda que o grande problema do Brasil é a dificuldade de manter a governabilidade:

- O modelo que o Brasil construiu é o do presidencialismo de coalizão, no qual nenhum presidente governa se não fizer alianças. O problema é que a forma que encontramos se baseia na troca de favores e no fisiologismo, e não no debate de idéias e propostas.

Críticas à forma como o governo petista vem lidando com a crise foram inúmeras durante o debate, mas as soluções apontadas para o problema unem-se sempre em um ponto: a reforma política.

- A purificação desse processo exige não só a reforma eleitoral e política, mas uma reforma da política no Brasil - disse Chico Alencar, apoiado pelos colegas de mesa.

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