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O depoimento do lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, na sede da Polícia Federal (PF) em Curitiba, que estava marcado para esta quarta-feira (19), mas foi adiado para sexta-feira (21). O motivo do adiamento não foi esclarecido pela PF, de acordo com o advogado de Baiano, Mário de Oliveira Filho. O advogado confirmou que Fernando Baiano se entregou à polícia no final da tarde desta terça-feira (18), em Curitiba. "Eram tantas mentiras que ele quis se explicar", disse o advogado, que foi contra a decisão do cliente se entregar por considerar a prisão arbitrária.

De acordo com o advogado, Fernando Baiano não tem nenhuma ligação com o PMDB e não conhece o senador Renan Calheiros (PMDB). Ele também descartou um possível acordo de delação premiada de seu cliente.

O advogado do lobista afirmou ainda nesta quarta-feira que não se faz obra pública no Brasil sem "acerto" e que quem nega isso "desconhece a história do país". "O empresário, se porventura faz alguma composição ilícita com político para pagar alguma coisa, se ele não fizer isso não tem obra. Pode pegar qualquer empreiterinha e prefeitura do interior do país. Se não fizer acerto [com políticos], não coloca um paralelepípedo no chão", disse Mario Oliveira Filho, que defende Baiano.

O advogado disse ainda que os empresários detidos na Operação Lava Jato são "vítimas da cultura política do país". A operação da Polícia Federal investiga um esquema de fraude em licitações na Petrobras. Apesar da declaração, Oliveira Filho negou que seu cliente tenha intermediado pagamento de propina em obras da Petrobras.

A participação de Baiano foi apontada em depoimentos feitos pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. "Estão tratando ele como bode expiatório. Ele é um empresário que descobre um problema de infraestrutura e vai atrás da solução, vai atrás da empresa que tem a solução, recebendo uma porcentagem absolutamente legítima disso", disse.

Segundo os depoimentos de Youssef e de Paulo Roberto Costa, Fernando Baiano seria o operador do PMDB no esquema de corrupção na estatal --o partido nega. O advogado do lobista também negou relação de seu cliente com a legenda. "Dizem que ele é ligado ao PMDB. Perguntei para ele e ele disse que não conhece o Renan Calheiros [presidente do Senado], que nunca viu e que não tem ligação nenhuma com o PMDB", afirmou.

Mario Oliveira Filho disse ainda que Baiano tinha passagem marcada para poder depor na Polícia Federal, mas que, na sexta-feira, foi "surpreendido" com o pedido de prisão."Ele abriu mão de depor no Rio, onde mora, para vir a Curitiba esclarecer tudo. Estava colaborando com a Justiça."

Segundo o advogado, Baiano não iria responder, em seu depoimento nesta tarde, questões sobre temas aos quais a defesa não teve acesso. "Isso é uma regra básica. Só podemos nos defender daquilo que sabemos que estamos sendo acusados".

Acusado por delatores de cobrar propina de obras na Petrobras para o PMDB, ele era procurado pela polícia desde a operação que resultou na prisão de uma dezena de envolvidos na semana passada.

Desde a última sexta-feira (14), ele estava escondido em São Paulo. Na segunda-feira (17), o advogado de Mario de Oliveira Filho disse que seu cliente é usado como "bode expiatório" da operação Lava Jato.

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