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Insatisfeita, base aliada dá nota 6,2 ao tratamento que recebe de Richa

Questionário elaborado pela Gazeta do Povo revela a crise de relacionamento entre o governador e seu grupo de apoio na Assembleia

Luiz Claudio Romanelli, líder do governo Richa na Assembleia: problemas nas últimas semanas para conter a insatisfação de deputados aliados ao governador. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Luiz Claudio Romanelli, líder do governo Richa na Assembleia: problemas nas últimas semanas para conter a insatisfação de deputados aliados ao governador. (Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo)

A insatisfação da base aliada com o governador Beto Richa (PSDB) no atual mandato é evidente no dia a dia da Assembleia Legislativa. Traduzindo a crise na relação em números, a nota do tucano seria suficiente apenas para passar raspando ao final do ano letivo. Hoje, os governistas dão nota 6,26 ao tratamento que recebem de Richa. Como pano de fundo, estão os reflexos deixados pela greve dos servidores em fevereiro e a falta de dinheiro no caixa para levar obras paras as bases eleitorais dos parlamentares.

Nas últimas semanas, a Gazeta do Povo aplicou um questionário de cinco perguntas aos deputados estaduais – 52 dos 54 aceitaram respondê-lo. As respostas escancararam o clima pesado sentido nas rodinhas de parlamentares em plenário e nas conversas informais com a imprensa. Dentro da base aliada, Richa recebeu duas notas 2, quatro notas 3 e duas notas 4.

Os primeiros 90 dias foram um momento de ajuste. Certamente teremos uma avaliação melhor durante o ano. Considerando as
atuais circunstâncias, seríamos aprovados sem necessidade de exame.

Luiz Claudio Romanelli, líder do governo Beto Richa na Assembleia.

Os sete deputados do partido do governador, o PSDB, por exemplo, deram apenas média 6 para o momento atual da relação com Richa. A nota de um deles foi 3. “Somos igual a passarinho na gaiola: só comemos o que nos dão de comer”, resumiu um tucano.

Segundo ele, o governador dá mais espaço e atenção aos partidos aliados, que estão no governo, do que ao próprio PSDB, que é governo. “Se você vir um deputado do PSDB na tribuna elogiando o Executivo, pode apostar que é miragem”, ironizou um colega de outra legenda.

A cobrança vem também da bancada do PSC, a maior da Casa, com 12 deputados. Um dos parlamentares da sigla defende que o governo debata mais com a Assembleia as políticas públicas, os projetos de lei, os gargalos do estado. Segundo ele, o Executivo tem de ver o Legislativo como outro poder, e não como uma extensão de si próprio.

“O ‘pacotaço’ dos professores foi um exemplo de que é preciso aprender a discutir melhor as coisas. Há uma base ampla, mas tudo tem limite. Chega um momento que desgasta”, criticou. “O governo está sempre correndo atrás do problema. Reúne a base quando a coisa já estourou. Isso é ruim, porque você já vai com o espírito armado, tendo a certeza de que só te chamaram naquele momento porque precisam de você.”

As divergências no âmbito legislativo se estendem à inércia na liberação de obras e recursos para as bases eleitorais dos deputados. De acordo com o questionário, quase 52% dos parlamentares – incluindo os de oposição – não têm tido os pedidos atendidos pelo governo.

Cerca de 28% disseram que o atendimento tem ocorrido apenas parcialmente. No PSDB, apenas um entre os sete deputados respondeu que o dinheiro tem chegado aos municípios que o elegeram.

A promessa do Executivo é que as torneiras voltarão a ser abertas a partir deste mês, com a entrada de recursos fruto do aumento do IPVA e do ICMS.

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