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O ex-primeiro-ministro japonês Taro Aso cumprimenta Dilma: país foi um dos sete que conseguiram agendar reuniões com Dilma neste domingo | Antônio Cruz/ABr
O ex-primeiro-ministro japonês Taro Aso cumprimenta Dilma: país foi um dos sete que conseguiram agendar reuniões com Dilma neste domingo| Foto: Antônio Cruz/ABr

Governo Dilma

Ministros minimizam crise com italianos

BRASÍLIA - O governo brasileiro tentou ontem minimizar a reação italiana à decisão de não conceder a extradição de Cesare Battisti. O novo ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, disse que a presença do embaixador italiano Gheraldo della Francesca na posse da presidente Dilma Rousseff, no sábado, foi uma demonstração de que não há problemas entre os dois países por causa da decisão brasileira.

"A presença dele [embaixador italiano] na cerimônia de posse foi uma manifestação do desejo dos dois países de prosseguirem no seu relacionamento e darem ênfase às convergências e a uma agenda construtiva", disse Patriota, ao deixar o Palácio do Planalto.

Já o novo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou não ver motivos para o Supremo Tribunal Federal (STF) reavaliar a decisão do ex-presidente Lula de negar a extradição do ex-ativista italiano Cesare Battisti. A Itália anunciou que irá recorrer ao STF. "Não há por que a decisão do presidente Lula ser atacada do ponto de vista de sua validade ou judicialidade", disse Cardozo. Ele afirmou que não falava pelo Supremo, mas que fazia a avaliação como jurista. Segundo Cardozo, o país não teme possíveis retaliações do governo italiano. "É uma decisão soberana. Não creio que possa comprometer nossos laços de profunda amizade com a Itália. Os italianos são nossos irmãos."

Folhapress

Roma - Apenas um dia após Dilma Rousseff ter tomado posse, a nova presidente do Brasil já enfrenta sua primeira crise diplomática grave, herdada da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Ontem, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, em entrevista ao jornal milanês Corriere della Sera, subiu o tom e ameaçou levar a recusa brasileira de extraditar o italiano Cesare Battisti à Corte Internacional de Haia, órgão das Nações Unidas que julga conflitos entre países e casos de violações de direitos humanos. O governo italiano também ameaça congelar um tratado comercial e militar entre as duas nações que poderia movimentar R$ 22,1 bilhões.

A crise diplomática foi aberta na sexta-feira, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em seu último dia de mandato, decidiu conceder asilo político a Battisti e não extraditá-lo à Itália. Lá, o italiano é considerado um terrorista de esquerda e foi condenado por quatro assassinatos realizados na década de 70. A ameaça da Itália veio exatamente no primeiro dia de trabalho de Dilma, ironicamente dedicado a negociações internacionais (leia mais nesta página).

"O não à extradição é um precedente gravíssimo que poderia influir sobre os destinos de outros foragidos. Ele não pode passar o sinal de que o Brasil é o país onde pode ser repetido um novo caso Battisti", afirmou Frattini. Por isso, segundo ele, a Itália estaria pensando em "levar o caso à Corte Internacional de Haia".

Frattini também disse que o tratado de parceria estratégica entre Brasil e Itália, o qual deverá ser votado em janeiro na Câmara dos Deputados da Itália, poderá sofrer um adiamento ou ser retirado da pauta. Segundo informações da página do governo da Itália, esse acordo econômico, ratificado por Lula e pelo premiê italiano Silvio Berlusconi em Washington no começo de 2010, geraria oportunidades de negócios de 10 bilhões de euros (R$ 22,1 bilhões) entre os dois países, inclusive com a troca de informações e de tecnologias em vários setores industriais. O tratado também prevê a cooperação na área de tecnologia militar e de defesa, além da cooperação aeroespacial.

"Entre os dois países existem interesses profundos, mas neste clima eu não vejo assim fácil a aprovação do tratado. Talvez ele não seja rejeitado, mas poderia ser adiado. Porque existem princípios que valem mais que tudo e a luta contra o terrorismo não pode tolerar lacunas, como aquelas provocadas por Lula", disse Frattini.

O ministro italiano disse também que a Itália ainda tentará apelar para o Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do governo brasileiro e disse ser "impensável" apresentar a questão do "risco pessoal" como motivo para não extraditar Battisti, como foi alegado por Lula. "Com todo o respeito, a Itália não é o país dos desaparecidos, não é aqui que na cadeia torturam, matam ou desaparecem os detentos", afirmou o ministro.

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