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Sem revelar qual sua posição sobre o assunto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou nesta quarta-feira do Congresso a aprovação de uma legislação para estabelecer o funcionamento ou não dos bingos no país. O presidente criticou a situação atual, que permite o que Lula chamou de "indústria de liminares".

- Ou proíbe ou regulamenta. O que não pode é ficar essa indústria de liminares. É importante que se defina a regra do jogo: pode, regulamenta; não pode, proíbe - afirmou o presidente, pouco antes do almoço oferecido no Itamaraty ao presidente do Senegal, Abdoulaye Wade.

O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que não há tabu no Congresso sobre a legalização ou não dos bingos no país. O petista defendeu, por outro lado, que haja uma discussão "razoável" sobre o assunto antes de qualquer votação.

- As questões de consciência dividem o Congresso do mesmo jeito que dividem a sociedade. Não se pode medir os trabalhos do plenário com o critério da fita métrica - reclamou.

Chinaglia se comprometeu a conversar com os líderes partidários sobre o assunto como forma de responder aos milhares de manifestantes que tomaram a Esplanada dos Ministérios em um protesto pró-bingos nesta manhã:

- Não se pode fingir que uma manifestação de 20 mil pessoas não aconteceu, tem que ser respeitada. Mas, ao mesmo tempo, no jogo há corrupção, venda de sentenças e crime organizado.

O tema dos bingos voltou ao debate recentemente após a divulgação do esquema de corrupção desarticulado pela Operação Hurricane (furacão, em inglês). Como uma lei federal proíbe o funcionamento de casas de jogos e máquinas caça-níqueis, a abertura de bingos dependia de liminares da Justiça estadual para quem questionava a regra. A quadrilha desarticulada pela operação comprava sentenças judiciais para garantir o funcionamento dos bingos. Outra operação, a Têmis (referência à deusa grega da Justiça) foi deflagrada em São Paulo para desarticular uma quadrilha, da qual faziam parte desembargadores e juízes federais, acusados de vender sentenças que favoreciam bingos e caça-níqueis.

Lula disse achar "ótimo" a manifestação pró-bingos que tomou a Esplanada dos Ministérios:

- São 12 mil trabalhadores. Alguns bingueiros não vieram - disse.

Segundo a PM, 12 mil pessoas participaram da passeata na Esplanada dos Ministérios para pressionar o Congresso a legalizar os bingos no país. Os manifestantes tomaram três das seis faixas da avenida em direção à Praça dos Três Poderes gritando palavras de ordem, cantando funks improvisados e exibindo faixas com inscrições como "Queremos nossos empregos" e "Emprego sim, corrupção, não". A passeata foi coordenada pela Força Sindical e a Nova Central Sindical de Trabalhadores.

Lupi defende legalização mas alerta para riscos

A legalização dos bingos foi defendida pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), ligado à Força, que destacou a necessidade de preservar empregos . Mas ele frisou: é preciso cuidado para que essas casas de jogos não acabem servindo para lavar dinheiro sujo.

- Não basta só legalização, temos que implementar uma série de medidas que evitem também que os bingos não cumpram a sua função, que não sejam utilizados por pessoas que tenham por objetivo usá-los como uma espécie de lavanderia - afirmou.

Milhares de pessoas participam de uma passeata na Esplanada dos Ministérios para pressionar o Congresso a legalizar os bingos no país - Agência Brasil

O presidente da Força, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), disse que pedirá apoio de Lupi, do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Machado.

- São 120 mil empregos diretos e 300 mil indiretos. Um país pobre como o nosso, que tem 10 milhões de desempregados, não pode se dar ao luxo de fechar mais postos de emprego - disse Paulinho após se reunir com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que, segundo o sindicalista, se comprometeu a ouvir os líderes partidários sobre o assunto.

Uma comissão entregou a Chinaglia uma carta da Associação Brasileira dos Bingos (Abrabin) que pede a legalização das casas de jogo no país. No documento, os empresários de bingo argumentam que o setor se distingue de outras atividades informais, como o jogo do bicho e a exploração de caça-níqueis, porque funcionam como empresas formais.

Segundo o presidente da Força, Chinaglia se comprometeu a discutir na reunião de líderes partidários na próxima terça-feira a regulamentação dos bingos no país.

- Ele quer sentir um pouco qual a sensibilidade de cada líder - disse o sindicalista.

Paulinho afirmou ainda que já recebeu o apoio do líder do governo na Câmara, José Múcio Monteiro (PTB-PE), que teria dito que também vai conversar com os líderes sobre o assunto. O deputado adiantou que o movimento pró-bingos pode apoiar um projeto que está na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, já aprovado pelo Senado, que regulamenta a atividade.

- Nós queremos apoio para votar o mais rápido possível - disse.

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