Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Câmara de Curitiba

Oposição tenta criar CPI do caso Derosso

Vereadores precisam de 13 assinaturas para criar comissão que investigaria atos do presidente do Legislativo municipal. Até agora, são sete adesões

Plenário da Câmara: sessões só pela manhã. | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Plenário da Câmara: sessões só pela manhã. (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

A bancada de oposição da Câmara Municipal de Curitiba apresentou ontem um pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para averiguar as denúncias de irregularidades envolvendo o presidente da Casa, João Cláudio Derosso (PSDB). O pedido foi anunciado durante a sessão pelo vereador Algaci Túlio (PMDB). Os vereadores devem começar a coletar as assinaturas hoje. São necessárias 13 adesões para que o pedido seja aprovado.

Até o momento, sete vereadores confirmaram que vão assinar o pedido: os cinco vereadores de oposição (PMDB e PT) e a bancada do PV, formada por Paulo Salamuni e Aladim Luciano. A oposição está confiante de que vereadores da bancada governista possam apoiar o pedido. "Não assinar uma CPI é decretar a falência da Câmara Municipal", afirma Algaci Túlio.

Derosso é alvo de duas representações no Conselho de Ética. Uma diz respeito a contratos de R$ 30 milhões com empresas de publicidade. O vereador é acusado de beneficiar a esposa, Cláudia Queiroz Guedes, dona de uma das empresas contratadas. A outra denúncia afirma que houve contratação irregular de servidores na Câmara.

Um dos partidos que pode apoiar a CPI é o PDT, que conta hoje com três vereadores. Segundo o vereador Tito Zeglin, as chances de o partido assinar são grandes. Especula-se que o PDT será o destino do pré-candidato a prefeito Gustavo Fruet (sem partido) e que, por isso, a legenda deixaria a bancada de apoio ao atual prefeito, Luciano Ducci (PSB), na Câmara.

A vereadora Renata Bueno (PPS), autora de um pedido de afastamento do vereador João Cláudio Derosso, é outra que a oposição espera que assine o pedido. Entretanto, ela faz ressalvas à comissão. "Uma CPI, nesse momento, é um palco para a oposição. Acho que a comissão processante é um procedimento mais sério", afirma. "Ainda vamos analisar, mas acho que todos os movimentos para averiguar essa questão são válidos."

Outros dois que podem assinar a CPI são os vereadores Caíque Ferrante (PRP) e Julião Sobota (PSC). Ferrante se mostrou favorável ao afastamento do presidente da Câmara, mas está viajando e deve voltar para Curitiba somente na semana que vem. Já Sobota, único vereador do PSC na Casa, diz que aguarda a posição do partido para decidir se vai ou não assinar.

Protestos

Mais uma vez, manifestantes marcaram presença na sessão da Câmara. Cerca de 50 pessoas ligadas à Central Única dos Trabalha­­­dores (CUT) e a diversos sindicatos estiveram presentes ao início da sessão, pedindo o afastamento do presidente da Casa. Em resposta, a sessão teve segurança reforçada: o Grupo de Operações Especiais (GOE) da Guarda Municipal estava presente vigiando o local e revistando as pessoas na entrada. Não houve conflitos.

Tucano é acusado de nomear irmã da esposa

A vereadora Professora Josete (PT) apresentou ontem ao Con­­selho de Ética e Decoro Par­­­la­­mentar da Câmara Mu­­­nicipal de Curitiba novas denúncias contra o presidente da Casa, João Cláu­­dio Derosso (PSDB). De acordo com a denúncia, Derosso no­­meou sua cunhada, Renata Queiroz Gonçalves da Silva, para um cargo de comissão na Casa – o que, segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), se caracteriza como nepotismo.

Segundo o Diário Oficial do Município, Renata foi nomeada para o cargo de assistente técnica parlamentar no dia primeiro de janeiro de 2011, com vencimentos de R$ 2,8 mil. No mês seguinte, ela foi promovida para consultora, com vencimentos de R$ 4,7 mil. No entanto, em abril ela foi exonerada do cargo. "O presidente vai ter que explicar isso, o porquê dessa nomeação e da exoneração. Independentemente do tempo que ela ficou, é uma irregularidade passível de punição", afirma Josete.

Relator

Como se trata de uma nova denúncia, será designado um novo relator para fazer a investigação. "Sugeri que esse caso deve ser investigado a parte. Entendo que temos que averiguar cada situação de forma separada. Acredito, também, que é importante que o relator não seja do mesmo partido que o presidente", comenta a vereadora. Entretanto, segundo o presidente do Conselho, o vereador Francisco Garcez (PSDB), dependendo do teor das denúncias, há a possibilidade de elas serem apensadas a um dos dois processos já existentes. Isso será decidido na próxima reunião do Conselho de Ética, amanhã, às 10h.

Renata é irmã da jornalista Cláudia Queiroz Guedes, esposa de Derosso. Cláudia é proprietária da empresa Oficina de Notícias, que ganhou uma licitação em 2006 para gerenciar parte da verba de publicidade da Câmara. A reportagem tentou entrar em contato com Derosso, mas a presidência da Casa não se manifestou sobre o assunto até o fechamento desta edição.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.