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A fronteira de Mato Grosso com o Pará, região onde um dos aviões envolvidos no acidente fez um pouso forçado, é um deserto verde. Uma área no meio do Brasil onde é possível voar por mais de uma hora sem encontrar nenhum resquício da presença humana.

Do alto, parece um mar verde-escuro de árvores e rios de cor amarronzada. As pistas de pouso são, na verdade, estreitas avenidas de terra que acabam a poucos metros de densas florestas. Os aviões, em sua maioria de pequeno porte, para até cinco passageiros.

As cidades têm nomes curiosos. Lembro-me do piloto enumerando nossas paradas: Sorriso, Sinop e Peixoto de Azevedo.

Estive lá em 1999 para fazer uma reportagem inusitada: descobri por lá o "paco-paco", um carro feito com antigos motores de bomba de mineração.

A cidade de Peixoto de Azevedo, a principal da região, foi, no início do século 20, um dos maiores pólos de mineração do país. Mas a onda do ouro durou pouco. Com o fim dos filões, saíram os milhares de mineiros. Mas ficaram as máquinas e as centenas de bombas hidráulicas usadas para sugar a água das minas e rios.

Por anos as bombas hidráulicas ficaram enferrujando pela cidade. Mas a inventividade de alguns ex-mineradores encontrou uma solução para o maquinário: movimentar carros.

Carro talvez seja um exagero para definir essa geringonça que atinge até 50 km/h. São barulhentos e poluem uma barbaridade. Mas cumprem sua função de levar os tranqüilos habitantes de Peixoto de lá para cá.

O "paco-paco" podia ser encomendado em qualquer boa oficina de Peixoto de Azevedo por um preço bem camarada -algo próximo a R$ 2.000 (em valores atualizados). Pelo número de unidades em circulação na cidade, cerca de 1.000 naquela época, posso garantir que era um sucesso de dar inveja às grandes montadoras.

Se você conhece algum passageiro ou tripulante, mande seu relato

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