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Aumenta o número de onças-pintadas na região de Iguaçu
| Foto: Divulgação/WWF Brasil

Depois de uma fase crítica e que a cada ano crescia a preocupação com a possibilidade de extinção das onças-pintadas na região do Iguaçu (no Brasil e Argentina), veio a boa notícia: houve crescimento de indivíduos da espécie na região entre 2016 e 2019. Levantamento feito por pesquisadores dos dois países mostra que o total estimado do maior felino selvagem das américas está entre 84 e 125. Em 2014 eram entre 51 e 84 e, em 2016, entre 71 e 107 animais na região.

De acordo com relatório publicado por várias organizações ambientalistas, no lado brasileiro, em 1994, quando foi realizado o primeiro censo populacional, a estimativa era de 65 onças. Porém, com a caça ilegal este número caiu para apenas nove em 2009. Graças ao trabalho feito para preservar a espécie na região, a partir daí houve uma gradativa recuperação. Em 2010 e 2013, subiu para 15 onças no lado brasileiro, em 2014, 20 animais. Em 2016 foram registrados 22 e agora em 2019 foram 28.

O aumento populacional é o resultado da cooperação internacional entre o WWF-Brasil, Fundación Vida Silvestre Argentina (FVSA), Parque Nacional do Iguaçu, Parque Nacional Iguazú, Projeto Onças do Iguaçu (Instituto Pró-carnívoros), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

“Nosso trabalho de conservação vai além do monitoramento. Atuamos na conscientização de moradores vizinhos ao parque para a redução das principais ameaças à vida silvestre que são a caça, perda de habitat e os atropelamentos. Apesar do aumento, a área ainda comporta muitos outros animais”, diz Felipe Feliciani, analista de conservação do WWF-Brasil.

Câmera utilizada para fazer o acompanhamento de animais no Parque nacional do Iguaçu.
Câmera utilizada para fazer o acompanhamento de animais no Parque nacional do Iguaçu.| Arquivo Gazeta do Povo

Para fazer o acompanhamento dos animais foram instaladas 80 câmeras instaladas em mais de 40 locais estratégicos em ambos os Parques Nacionais. A WWF Brasil defende que a conservação da onça-pintada vai muito além da proteção uma única espécie. “A conservação bem-sucedida dessa espécie é fundamental e mantém florestas, estoques de carbono, biodiversidade, disponibilidade hídrica e patrimônio nacional e cultural. Esses esforços não apenas protegem toda a vida selvagem em toda a paisagem da onça-pintada, mas ajudam a diversificar as oportunidades econômicas das comunidades locais e contribuem para a mitigação e adaptação das mudanças climáticas globais”, diz a organização.

Risco de extinção

Pelos dados publicados pela WWF Brasil, restam aproximadamente 300 onças-pintadas na Mata-Atlântica brasileira, o que representa risco iminente de desaparecimento do maior felino das Américas em áreas de Mata Atlântica. A onça-pintada está presente em quase todos os biomas brasileiros, não sendo encontrado apenas nos Pampas, onde já foi extinta.

“As maiores concentrações populacionais estão na Amazônia e Pantanal, mas isso não quer dizer que o animal está a salvo. Recentemente foram descobertos verdadeiros grupos de extermínio de onças atuando nestes biomas. Um dos grupos teria matado mais de mil onças na Amazônia. Além disso, as recentes queimadas nessas regiões têm afetado diretamente a biodiversidade local e a qualidade dos ecossistemas”, relata a organização.

O risco de extinção da onça-pintada levou à mobilização de várias organizações para buscar a preservar a espécie. O Projeto Onças do Iguaçu é uma das principais iniciativas nesse sentidol. Atua em conjunto com a Argentina e o Paraguai. O projeto busca a coexistência entre as onças e as populações humanas através do encantamento das pessoas sobre a espécie e desenvolvimento de estratégias de redução dos conflitos.

Habitat da onça-pintada na região do Iguaçu.
Habitat da onça-pintada na região do Iguaçu.| Aurea Cunha/Gazeta do Povo

Outra iniciativa, esta em nível nacional, foi a criação da Aliança Onça Pintada, em 2014, com participação de várias instituições, entre elas Instituto Mamirauá, WCS Brasil, PPBio/CENBA/INPA, PUCRS, Instituto Pró-Carnívoros, Instituto Piagaçu, Panthera Brasil, CEUC/SDS, CENAP/ICMBIO, WWF Brasil, ESALQ-Universidade de São Paulo e Escola da Amazônia.

Segundo a Aliança, as queimadas são as maiores ameaças no momento às onças pintadas. Em todo o bioma amazônico os incêndios afetaram de 400 e 1.500 indivíduos. As estimativas levam em conta o número médio de 2,5 a 5 indivíduos a cada 100km2 de área na Amazônia. No Pantanal, as queimadas atingiram o refúgio Caiman, considerado um refúgio de onças-pintadas no Brasil.

Curiosidades

Uma pergunta que se faz é se onça-pintada mia, por se tratar de um felino. A resposta é não, não mia. A Panthera onca, assim como o tigre, leão e leopardo, emite roncos muitos fortes, conhecidos como esturros.

Outra pergunta que se faz é se todas as onças-pintadas têm as pintas semelhantes. A resposta também é não. Cada onça-pintada tem um padrão de manchas único. Não há dois animais com pintas iguais, isto é, as manchas são como impressões digitais. Os pesquisadores usam as manchas para identificação dos animais.

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