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Juro -Banco Central
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou na quarta-feira (02) alta de 1,50 ponto porcentual da Selic, a taxa básica de juros. Com esse aumento, o Brasil chegou a uma taxa de dois dígitos, passando de 9,25% para 10,75%, e assumiu a liderança do perverso ranking dos países com maior juro real do mundo. A posição brasileira, além de desestimular o investimento produtivo, transforma o país em paraíso do capitalismo rentista.

De acordo com o ranking mundial das taxas de juros reais (considerando a inflação projetada para os próximos 12 meses), o Brasil está no topo, e com folga. O ranking é elaborado pela Infinity Asset Management em parceria com o portal MoneyYou, com base em dados de 40 países. A taxa anual brasileira projetada é de 6,41%, muito acima do segundo colocado, a Rússia, que tem taxa anual de 4,61%. A Colômbia vem em terceiro, com 3,02%.

Na maioria dos países pesquisados a taxa de juro real (descontada a inflação) é negativa. Para efeito de comparação, nos EUA a taxa real projetada é de -4,9% e na Alemanha, -3,39%.

juro

Em que pese o fato de 32,5% dos países pesquisados terem elevado as taxas de juros ultimamente, a taxa brasileira é discrepante. Quase 70% (67,50%) dos países mantiveram suas taxas de juros nas mais recentes decisões de política monetária.

Na avaliação de muitos economistas, o Brasil está mergulhado em um ciclo vicioso: sem investimento em produção, os preços sobem e, com a alta, a inflação dispara; para conter a inflação, o Banco Central eleva os juros, medida que encarece o crédito, desestimula o investimento produtivo e estimula a especulação financeira.

De outro ângulo, o Brasil se transformou no paraíso do capitalismo rentista. É o país por excelência com uma economia na qual o mercado e o poder político possibilitam que um pequeno grupo de privilegiados extraia grande parte da renda de toda a população e outros setores por meio de aplicações no mercado financeiro.

No Brasil, mais que em muitos países, a capacidade de investimentos das empresas e do setor público, além do poder de compra das pessoas, é regrado pelo sistema financeiro, que é credor do endividamento generalizado. As atividades produtivas estão cada vez mais sufocadas pelo endividamento, com juros cada vez mais altos. A expectativa agora, de boa parte dos economistas, é de que o Banco Central coloque um fim ao ciclo de aumentos da taxa de juros. Mas o ciclo vicioso, com inflação crescente e falta de investimento produtivo, pode levar a novas elevações do juro, ainda que em menores proporções, nos meses de março e maio, o que prolongaria a crise.

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