A força-tarefa que apura fraudes no INSS está avançando para uma nova frente de investigação: empréstimos suspeitos que devem ser investigados dentro dos quase R$ 90 bilhões em consignados liberados apenas no ano de 2023. Segundo auditoria do TCU, só naquele ano foram registradas 35 mil reclamações de empréstimos indevidamente liberados, muitas vezes sem qualquer solicitação dos aposentados.
O volume das movimentações a serem investigadas é alarmante — R$ 89,5 bilhões liberados no ano, o que pode revelar um valor em fraudes muito superior aos R$ 6 bilhões do escândalo envolvendo associações fraudulentas. Especialistas apontam que refinanciamentos não autorizados são comuns e driblam os mecanismos de controle, mesmo com o uso de biometria. A nova fase da investigação envolve órgãos como a Dataprev e pode revelar prejuízos bilionários.
CPMI do INSS: Oposição consegue assinaturas para investigar fraude
A oposição obteve o número mínimo de assinaturas — 171 deputados e 27 senadores — para a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) com o objetivo de investigar um esquema bilionário de descontos irregulares em aposentadorias e pensões pagos pelo INSS. As suspeitas surgiram a partir de investigações da Polícia Federal, que apontam que mais de seis milhões de beneficiários podem ter sido afetados, com desvios que podem chegar a R$ 6,5 bilhões.
O pedido da CPMI será formalmente protocolado nesta segunda-feira (5). A articulação foi anunciada pelas parlamentares Coronel Fernanda (PL-MT) e Damares Alves (Republicanos-DF), que comemoraram a conquista e destacaram que a CPMI buscará "apurar responsabilidades, cobrar justiça e garantir que esse dinheiro volte para quem realmente precisa."
Paralelamente, a oposição também tenta abrir uma CPI exclusiva na Câmara, já protocolada pelo deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO), com 185 assinaturas. No entanto, o regimento da Câmara permite apenas cinco CPIs simultâneas, e há 12 pedidos anteriores na fila, o que dificulta a abertura imediata.
Governo Lula articula para barrar CPMI do INSS
O governo Lula está mobilizando uma estratégia para impedir a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que visa investigar suspeitas de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo informações da coluna de Lauro Jardim, publicada em 5 de maio de 2025, o Palácio do Planalto está atuando para desmobilizar o apoio parlamentar à CPMI, que já conta com as assinaturas necessárias para sua criação.
A estratégia inclui articulações políticas para convencer parlamentares a retirarem suas assinaturas do requerimento da CPMI, além de negociações com líderes partidários para evitar que o pedido seja lido em sessão do Congresso Nacional, o que é necessário para a instalação da comissão. O governo também está oferecendo cargos no segundo escalão e outras concessões políticas como forma de barganha para desarticular o movimento pela CPMI.
A preocupação do governo é que a CPMI possa gerar desgaste político e afetar a imagem da gestão Lula, especialmente em um momento em que o Executivo busca aprovar pautas importantes no Congresso, como a reforma tributária e a nova âncora fiscal
Após escândalo no INSS, Lula troca ministro e nomeia Wolney Queiroz
O presidente Lula convidou Wolney Queiroz para assumir o Ministério da Previdência Social após a demissão de Carlos Lupi, motivada pelo escândalo de fraudes no INSS que podem ter causado prejuízo de R$ 6,3 bilhões a aposentados e pensionistas. Wolney, atual secretário-executivo da pasta, já estava ciente das denúncias desde 2023, quando participou de reunião com alertas sobre as irregularidades.
As investigações da Polícia Federal e da CGU apontam que associações fraudaram descontos em benefícios do INSS com assinaturas falsas e cadastros sem autorização, esquema iniciado ainda em 2019. A operação resultou no afastamento de servidores públicos, prisão de suspeitos, apreensão de bens de luxo, e revelou como figura central o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, o "Careca do INSS".
Aposentados rurais foram 67% das vítimas da fraude do INSS
A auditoria da CGU apontou que aposentados do setor rural foram os mais atingidos por descontos indevidos em benefícios do INSS, representando 67% das cobranças associativas. A vulnerabilidade dessa população — com pouco acesso à internet e residindo em áreas remotas — facilitou a ação de associações fraudulentas.
O esquema fraudulento levou à queda do ministro Carlos Lupi, substituído por Wolney Queiroz, e à demissão do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. O novo presidente será Gilberto Waller Júnior, corregedor da PGF.
De 2019 a 2024, os descontos indevidos somaram R$ 4,28 bilhões, podendo chegar a quase R$ 8 bilhões desde 2016. Municípios do interior do Nordeste, especialmente no Maranhão e Piauí, concentram os maiores índices de vítimas, com até 60% dos aposentados afetados. A digitalização acelerada dos pedidos de desconto fez o número de associações conveniadas ao INSS saltar de 15 (em 2021) para 33 (em 2024). O governo Lula atribui a maioria dos convênios a gestões anteriores, mas reconhece que o valor dos descontos triplicou nos últimos dois anos.
Repasses do Ministério do Trabalho a ONGs sob suspeita
O Ministério do Trabalho aumentou de R$ 25 milhões, em 2022, para R$ 132 milhões, em 2023, os repasses a ONGs por meio de convênios e parcerias, grande parte por emendas parlamentares. Segundo levantamento da Folha de S. Paulo, quatro das dez entidades mais beneficiadas têm ligação com sindicatos, entre elas a Unisol, criada com apoio do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, base política do ministro Luiz Marinho (PT). A Unisol recebeu R$ 17,6 milhões, a maior parte para ações em terras indígenas em Roraima. O Instituto de Políticas Públicas Brasil Digital, com R$ 36,1 milhões, lidera os repasses, mas teve contratos suspensos após suspeitas de conluio e prejuízo ao erário. Outras entidades também estão sob investigação ou impedidas de firmar novos acordos. A Controladoria-Geral da União (CGU) apontou falhas nos controles do ministério, que afirma seguir a legislação e aguarda novos pareceres para decidir medidas.
Bolsonaro recebe alta e diz que tentará comparecer à Marcha pela Anistia
Após 22 dias internado para tratar uma obstrução intestinal, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu alta neste domingo (4) do hospital DF Star, em Brasília. Na saída, emocionado, Bolsonaro foi recebido por apoiadores, agradeceu os presentes e voltou a defender anistia aos condenados pelos atos de 8 de Janeiro, citando casos como o de Débora Rodrigues, presa por 14 anos. Ele também fez críticas ao ministro Alexandre de Moraes e à condução das investigações.
Apesar de ter anunciado que seu “próximo desafio” seria acompanhar a Marcha Pacífica pela Anistia Humanitária nesta quarta-feira (7), médicos o orientaram a evitar aglomerações e manter-se recluso por pelo menos um mês. O ex-presidente disse que tentará comparecer “se a saúde permitir”.
Projeto de Novo Código Civil gera polêmica e debate sobre mudanças radicalmente impostas
O Projeto de Lei nº 4 de 2025, que propõe um novo Código Civil, tem gerado grande polêmica entre especialistas e entidades jurídicas. Apresentado em 2024 pelo senador Rodrigo Pacheco, o texto altera questões fundamentais como a paternidade, a responsabilização das plataformas de internet e os direitos sobre a maternidade por aluguel. Entre os pontos mais controversos estão a revogação do artigo do Marco Civil da Internet, a presunção automática de paternidade e a regulação do uso do útero de aluguel, que pode gerar a mercantilização da gestação. Além disso, o projeto redefine a estrutura da família, permitindo a multiparentalidade e alterando a definição de casamento para "duas pessoas". A proposta também concede maior poder aos cartórios, impactando a segurança jurídica. Com críticas à falta de um debate público mais amplo, o projeto segue em tramitação acelerada no Senado.
O programa Entrelinhas vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 15h, no canal do YouTube da Gazeta do Povo. Com apresentação de Mariana Braga e Frederico Junkler, o Entrelinhas analisa os bastidores e os desdobramentos do cenário político no Brasil.