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No início desta última segunda-feira (20), a Petrobras anunciou que pagaria a seus acionistas mais de R$ 24 bilhões. É parte do lucro que Jair Bolsonaro agora chama de “estúpido” e “exorbitante”. A maior fatia do total, entretanto, foi parar nas contas da União. Mais precisamente R$ 8,85 bilhões, uma vez que ela é seu agente controlador. O valor e seu destinatário dão a dimensão do teatro político que se montou para fazer da companhia e seus diretores alvos de uma campanha de difamação inédita. Como se não estivéssemos a tratar de pessoas indicadas pelo governo para ocupar essas funções. Como se não fosse o Estado brasileiro o maior beneficiário do resultado financeiro da petroleira.

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Por conta do mais recente reajuste no preço dos combustíveis, o presidente da República anunciou a disposição de criar uma CPI para investigar “o presidente, os diretores, os Conselhos administrativos e fiscal”. Em entrevista para uma rádio do Rio Grande do Norte afirmou que quer saber “se tem algo errado nessa conduta deles”. “A CPI é o caminho [para] colocar a nu todos os que comandam esse processo irracional de reajuste de combustíveis no Brasil”, completou.

A Bolsonaro se juntou Arthur Lira, que comanda o governo a partir da gestão do Orçamento Secreto. Escreveu um artigo na Folha de São Paulo intitulado “Chegou a hora de tirar a máscara da Petrobras”. Escreve o presidente da Câmara: “Quanto gastam seus diretores em suas viagens? Quanto custam suas hospedagens? No exterior ficam onde? Em que carro andam? Quem paga seus almoços e jantares? Alugam carros? Aviões? Helicópteros? Há excessos? De onde vieram? Como constituíram seus patrimônios? Seus parentes: investem onde e são ligados a quem? Depois, temos de entender os critérios de formulação de políticas da empresa. Temos de entender com quem os diretores e os conselheiros conversam. E esses interlocutores: são ligados a que interesses?”.

Fica óbvio que o propósito não é esclarecer qualquer suposta irregularidade ou resolver objetivamente o problema dos combustíveis. O que se quer é outra coisa: promover o achincalhe público e a destruição da reputação dos integrantes da empresa e de seus familiares. Sob qual indício se daria tal investigação? Nem Lira e nem Bolsonaro respondem. CPIs, como é sabido, só podem existir com fato determinado. E aqui não há nenhum. O que teríamos então seria uma perseguição típica de regimes arbitrários, em que instâncias de investigação são instrumentalizada para destruir alvos determinados pelos donos do poder.

Ao mesmo tempo que alimenta o sonho da privatização da Petrobras, o governo também flerta com a ameaça da intervenção direta, contribuindo para desgastar a imagem da empresa. Essa é a agenda verdadeira para a qual o discurso liberalizante serve de invólucro enganoso. Ávido para ampliar seu espaço, o Centrão, comandado por Lira, Ricardo Barros e Ciro Nogueira, agora se articula para depredar a Lei de Proteção das Estatais e recuperar o espaço perdido desde o Petrolão.

Incapaz de dar respostas e solucionar os problemas do país, o governo elege inimigos de modo a mascarar sua rotunda incompetência. Na semana passada era o STF, agora é a Petrobras. Amanhã será outro qualquer. A estratégia do conflito permanente não pressupõe uma agenda de país, apenas a pistolagem política na busca desesperada por votos.

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