Clara Chao e Jean Paul Decock, os proprietários do Ile de France, no futuro endereço do tradicional restaurante curitibano.| Foto: Leticia Akemi/Gazeta do Povo

Aí veio o convite para um jantar no Ile de France. “Temos novidades” – foi o que me disseram.

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Já imaginei que poderia ser algum prato novo no cardápio, talvez uma nova maneira de servir (afinal, no ano passado, tentaram partir para os empratados, mas os clientes tradicionais se opuseram), algum novo profissional incorporado à boa e antiga equipe, algo assim.

Nada disso. Havia, sim, o novo, mas este seria exatamente o próprio restaurante, que, aos 66 anos de funcionamento, estaria partindo para uma importante guinada. Fiquei só ouvindo o que a Marcia Oliveira e o Bruno Miraglia, da MMO Marketing e Gestão de Negócios em Gastronomia, me explicavam. E com alguns pitacos, é claro, do Jean Paul Decock, que, com a esposa Clara Chao, divide o comando da casa.

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Escargots à la Bourguignonne, assinatura clássica de entrada do Ile de France. | Foto: Foto: Photographer/ Claudio Omar - Stu

Foi ali por meados de agosto e eles me contaram que já estavam trabalhando no projeto desde o início do ano, com participação dos advogados Luiz Antonio “Totonho” Abagge e Fernando Sperb, amigos e clientes da casa, que conduziam o lado, digamos, legal do processo. Totonho, aliás, com experiência na área, ele que foi sócio-fundador e permaneceu por um bom tempo à frente do sucesso do restaurante La Varenne.

Filet Rossini, outro clássico da cozinha francesa que faz sucesso no ile de France.| Foto: Foto: Priscilla Fiedler

A estrutura do Novo Ile foi idealizada para propiciar a participação daqueles que adoram o Ile tradicional.  Começou a ser constituída a partir da participação de um grupo de sócios e incentivadores do projeto.  O modelo de negócio tem como objetivo valorizar a tradição, a marca consolidada Ile de France, dando ainda mais valor aos atributos positivos de um negócio gastronômico saudável há 66 anos.  Os princípios que nortearam o projeto no sentido de reposicionamento da marca visam potencializar a vinda de novos clientes, novos perfis de consumidores, novas gerações de frequentadores, novos processos de networking, mantendo e valorizando os clientes fiéis e antigos, como sempre foi feito durante toda a história da casa.

E um dos pontos principais a gerar essa mudança foi reposicionar a estrutura física do restaurante, para propiciar mais conforto, segurança e preservar a ambientação da história do Ile. Aquele pequeno e antigo prédio, isolado em uma rua um tanto escura, com dificuldade (para não dizer impossibilidade) de acesso para cadeirantes e idosos, devido à longa escada até a chegada ao hall, não estava mais comportando a necessidade de demanda. Com dificuldades para os próprios clientes tradicionais, que, mais velhos, já não contavam com o mesmo vigor de tempos atrás para galgar o acesso. Isso sem contar a falta de estacionamento e o questionamento da segurança na região em torno da Praça 19 de Dezembro – onde o restaurante funciona desde 1957, quando se mudou do endereço original da Dr. Muricy, desde que fundado pelos franceses Janine e Emile Decock, pais de Jean Paul.

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Naquele primeiro encontro ainda não tinham certeza do local onde o restaurante passaria a funcionar. Havia, sim, uma aposta, que agora finalmente se concretizou, contrato assinado para um belo espaço no recém-entregue edifício Batel 1550, na Avenida do Batel. Ali os clientes encontrarão facilidade com estacionamento, ambientes privativos para grupos, acesso para cadeirantes e idosos, vigilância 24 horas e alto astral. E com um detalhe importante: os ícones do ambiente do Ile serão alocados da melhor maneira possível, preservando a memória afetiva de todos, de proprietários e funcionários a clientes em especial.

O ambiente interno da nova casa terá tudo o que existe atualmente, a começar pelos tons vermelhos. | Foto: Foto: Divulgação.

Quer dizer: aqueles tons internos em vermelho permanecerão. E também a proposta é manter o cardápio integral, a clássica culinária tradicional francesa será mantida, já que esta é fundamental no conceito do restaurante.  Os pratos icônicos do Ile, por exemplo, continuarão sendo servidos exatamente como acontece hoje. As receitas da família Decock serão respeitadas, assim como o modo de preparo.  As equipes, tanto de cozinha quando de salão, estarão todas na casa nova e novos integrantes ainda serão contratados, treinados e avaliados pelo casal Clara Chao e Jean Paul Decock, para a composição das brigadas para os novos horários de funcionamento.

Isso mesmo, aí está outra novidade. O restaurante deixará de funcionar apenas no jantar. A ideia é também poder oferecer almoço, incluindo o de domingo, quando a casa nunca abre. Mais ainda: por que não aquele café bem à francesa no meio da manhã, servindo brioche ou croissant quentinhos?

E não ficará só nisso. O Ile de France irá além dos salões do restaurante, com serviços de catering, delivery e eventos.  O objetivo é estender a gastronomia do Ile muito além dos salões.

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O local onde o Ile estará localizado é lindo, tem uma área externa muito agradável e até já conta com um empreendimento de gastronomia italiana, o Doppo Cuccina, recém-aberto pelo empresário Ernesto Villela, que fechou há poucos dias, depois de 35 anos de funcionamento, outro restaurante tradicional na cidade, o Scavollo.

Como haverá a possibilidade de utilização de mesinhas ao ar livre, é até possível imaginar belos momentos e festivais, digamos, franco-italianos no local. Por que não?

Filet Strogonoff, o prato mais pedido na casa. | Foto: Foto: Photographer/ Claudio Omar - Stu

A nova estratégia

Para atingir este novo patamar o Ile de France criou um novo plano de sócios e o primeiro grupo já está fechado. Mas as adesões continuam, os sócios estarão escalados em categorias bem definidas e poderão usufruir de uma matriz de benefícios a serem desfrutados no restaurante.  Tudo está sendo pensado para que o cliente tenha tudo o que o Ile sempre entregou até hoje, acrescentando diferenciais bastante especiais.

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Como será? Curadoria personalizada para os vinhos dos sócios na adega do restaurante, serviço de transporte para ir e vir, atendimento em horários especiais (após a sessão de cinema, às 23h30, por exemplo), estacionamento gratuito, entre outros. Mas lembrando que são apenas benefícios aos privilegiados, pois o ambiente, a gastronomia e o atendimento continuam sendo os pontos centrais desta matriz.

O que se buscou foi um formato que fosse ao mesmo tempo uma maneira de valorizar os relacionamentos, entre sócios, frequentadores e a instituição Ile de France, mas de forma profissionalizada, buscando resultados econômicos e financeiros aos sócios, fazendo uso de inovações, aplicação das novas tecnologias e equipamentos, entre outros, sem perder a tradição jamais.

Estou apostando no sucesso. Pelo que conheço dos idealizadores, pelo que curto (como tantos) a linha do Ile de France, que não será mudada, e pela necessidade de modernização que já se fazia presente havia algum tempo.

Camarão ao champagne. | Foto: Foto: Priscilla Fiedler

O importante é que o Escargot, o Linguado com uvas, o Strogonoff, o Poivre, o Camarão ao champagne, o Rossini, o Crêpe Suzette e todos os demais pratos históricos e marcantes estão mantidos. Assim como os serviços, os garçons conhecidos de anos e, claro, a simpatia de Jean Paul a nos receber. Com uma casa nova, adaptada aos tempos de hoje e muito mais prática e confortável para os clientes.

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Estamos, pois, acompanhando a contagem regressiva à espera do novo sucesso.

Ah, sim, estava esquecendo. Até que se concretize a mudança, o Ile de France estará funcionando no endereço tradicional, sem tirar nem pôr. A mudança deve acontecer ainda no primeiro semestre de 2020.

Ile de France

Praça Dezenove de Dezembro, 538 – Centro

Fones: (41) 3223 9962 / 3232 7220

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