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Roberto Indech

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Mercado

Ações da Petrobras recuam 27% em dois dias. E agora?

Ações de Petrobras derreteram após o anúncio de mudança no comando da estatal feito pelo presidente Jair Bolsonaro.
Ações de Petrobras derreteram após o anúncio de mudança no comando da estatal feito pelo presidente Jair Bolsonaro. (Foto: Mauro Pimentel/AFP)

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No dia 25 de janeiro escrevi sobre o risco de se investir em empresas estatais dadas as circunstâncias de Eletrobras e Banco do Brasil naquele momento. Eis que um mês depois volto para falar de Petrobras, após decisão do presidente Jair Bolsonaro em destituir o atual CEO da estatal, Roberto Castello Branco. Com este anúncio, dado na última sexta-feira (19) após mencionar que “as coisas iriam mudar na empresa”, as ações derreteram 26,7% em dois dias de pregão.

E o que isso exatamente quer dizer? Basicamente que o mercado não tolera intervenções sem explicações plausíveis e que penaliza fortemente este tipo de situação. Vale lembrar que Pedro Parente “caiu” em 2018 praticamente pelo mesmo motivo: aumento nos preços dos combustíveis.

A Petrobras, que vinha sendo elogiada pelos últimos resultados apresentados e pelos seus planos de desinvestimentos, sofre duro golpe quando o petróleo no mercado internacional passa dos US$60 o barril. Neste caso, o dilema do populismo brasileiro aqui é: combustíveis mais caros de acordo com a paridade do preço da commodity e elevação da inflação no curto prazo ou ser eficiente e agradar seus acionistas, dentre eles o seu majoritário como a União, ou seja, o governo federal e seus contribuintes?

Ficam cada vez mais evidentes algumas situações como a possibilidade de privatização e abertura de mercado, o que traz concorrência como muitos desejam. Ou a realização de reformas para que o governo gaste menos e passe a ter fôlego para cortar eventuais impostos, se assim for possível.

Mesmo com a nomeação do general Joaquim de Silva e Luna, que foi ministro da Defesa do governo Temer, não fica claro as intenções e eventuais interferências políticas daqui para frente. Isto indica nada mais do que uma sinalização negativa na perspectiva de governança da estatal e as incertezas sobre a futuro da independência de gestão da Petrobras. Outro destaque relevante é que a tomada de decisões dessa forma eleva o risco Brasil, ou seja, com investidores repensando seus investimentos no país diante de tais situações.

Vale lembrar também, somado a isso, que na saída de Parente em 2018, escritórios de advocacia entraram com ações coletivas nos EUA e que naquela época culminaram em um acordo a pagar pela empresa de US$2,9 bilhões. Isso mostra que novamente poderemos ter novos capítulos, sugerindo que a política de preços não deve ser usada como uma política pública e, se o Conselho de Administração aprovar o pedido da União, cometerá um ilícito.

É possível esperar a ausência de números tão positivos em um horizonte de curto prazo na estatal, por conta da perda de correlação dos preços e pela necessidade de importações de combustível com prejuízo para evitar qualquer risco de desabastecimento no mercado local. Portanto, neste cenário não indicaria novas compras no ativo, mas manutenção para aqueles que já as detém, dada a queda elevada desde a última quinta-feira.

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