O anúncio de que Fiat Chrysler Automóveis (FCA) e Renault estão em negociação para uma fusão 50/50, sem que nenhuma das partes seja controladora majoritária, começa a desenhar uma nova ordem no indústria automotiva mundial.
A futura aliança, que deve ser confirmada ainda em junho, criará a terceira maior força do setor em números de produção de veículos, caso a aliança da Renault com a Nissan e a Mitsubishi se dissolva.
O novo grupo seria responsável pela oferta de 8,7 milhões de unidades, atuando em todos os segmentos e regiões ao redor do planeta.
O "amplo e complementar portfólio das duas marcas forneceria uma cobertura completa do mercado, do luxo ao 'mainstream'", disse a FCA. As ações seriam cotadas em Nova York e em Milão, numa aliança que representaria mais de US$ 35 bilhões (R$ 141 bilhões).
No Brasil, a fusão reforçaria a posição de liderança de vendas do grupo FCA, à frente de General Motors e Volkswagen. De janeiro a abril, os emplacamentos de carros e comerciais leves da FCA somaram 148,4 mil unidades, ante 144,4 mil da GM e 116 mil do grupo alemão, segundo dados da Fenabrave (associação de concessionários).
Já a Renault, quarta maior marca do mercado brasileiro, adicionaria na conta da FCA mais 70,5 mil unidades vendidas no primeiro quadrimestre do ano.
A FCA tem um negócio altamente lucrativo na América do Norte com as picapes RAM e a marca Jeep, mas perdeu dinheiro na Europa no último trimestre, onde a maior parte de suas fábricas está operando abaixo de 50% da capacidade e enfrenta dificuldades com normas mais rígidas de emissões de poluentes.
A Renault, enquanto isso, foi uma das primeiras empresas a investir em veículos elétricos e tem forte presença em mercados emergentes, como a FCA no Brasil, mas não tem negócios nos Estados Unidos.
Um acordo, porém, faria pouco para resolver a limitada presença de ambos os grupos na China, maior mercado automotivo do mundo.
Em carta aos funcionários, o presidente-executivo da FCA, Mike Manley, alertou que a fusão com a Renault pode levar mais de um ano para ser concluída.
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A FCA afirmou que a decisão pela fusão foi "fortalecida pela necessidade de se tomar decisões corajosas para capturar uma escala de oportunidades criadas pela transformação da indústria de veículos".
O custo enorme destas mudanças, incluindo ameaças de novos entrantes como a Tesla em carros elétricos e Uber e Google em veículos autônomos, tem pressionado montadoras de veículos a trabalharem mais juntas, incluindo Volkswagen e Ford.
Além disso, a FCA ainda sofre com a perda da liderança de Sergio Marchionne, morto em julho de 2018. Já a Renault vê a aliança com Nissan sob ameaça após o escândalo com Carlos Ghosn. Os japoneses já demonstraram insatisfeitos com a situação atual.
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A parceria Renault-Nissan-Mitsubishi forma hoje a terceira maior força da indústria automotiva mundial, posição essa que seria ocupada pela fusão FCA-Renault. Caso a aliança franco-japonesa se mantenha, aí a fusão que se vislumbra ocuparia o quarto posto.
De qualquer forma, ambas se mantém atrás do Grupo Volkswagen e da Toyota, conforme mostra o levantamento mais recente da Jato Dynamics divulgado em março.
O ranking de carros vendidos globalmente pelas marcas contabilizam números de 2018:
1) GRUPO VOLKSWAGEN
10,8 milhões de veículos vendidos
O maior conglomerado de marcas do planeta se mantém no topo do ranking mesmo com o escândalo do Dieselgate, que abalou a indústria mundial, mas não as vendas da Volkswagen e suas subsidiárias.
No ano passado, aliás, houve até crescimento de 2% em relação a 2017. Apesar de não fazer sucesso no Brasil, o Golf é o modelo mais vendido da VW no planeta, ficando no quinto lugar do ranking geral em 2018. Tiguan e Polo são outros dois campeões de emplacamentos da marca, ficando entre os 10 mais no mundo.
2) GRUPO TOYOTA
10,4 milhões de veículos vendidos
A Toyota tem sido o principal concorrente da Volkswagen na briga pela preferência do consumidor mundial. A marca japonesa também controla a premium Lexus e a Daihatsu, especializada em veículos de porte mini e compacto na Ásia.
A Toyota tem se destacado atualmente no desenvolvimento de carros autônomos, com a Lexus, e a comercialização de projetos híbridos globais, como o RAV4 Hybrid, que chega ao Brasil em junho, e o Corolla Hybrid, com o primeiro motor híbrido com etanol do mundo - a nova geração do sedã estreia por aqui em outubro.
Por falar em Corolla, o modelo foi o carro mais negociado ao redor do globo em 2018, enquanto o RAV4 foi o quarta. O sedã médio Camry também figurou no top 10, sendo um dos mais comercializados nos EUA.
3) RENAULT-NISSAN-MITSUBISHI
10,3 milhões de veículos vendidos
É uma potência em vendas de automóveis, atuando em diversos segmentos, de carros populares, como os da romena Dacia (subsidiária da Renault), aos utilitários esportivos da Mitsubishi e os de luxo da Infiniti (que pertence à Nissan).
Em 2018, a trinca teve alta de 0,9% na venda de veículos. Os problemas envolvendo o ex-CEO da aliança Carlos Ghosn pode ter estremecido a relação entre as marcas.
FCA-RENAULT
8,7 milhões de veículos vendidos
Com a negociação avançada entre os dois grupos, surgiria um conglomerado que atuaria em todos os segmentos do mercado e com capacidade para investir 5 bilhões de euros (algo perto de R$ 22 bilhões), gerados com a economia anual que a fusão traria.
A novo aliança ítalo-americana-francesa poderia ruir a que a parceria que Renault tem com as japoneses. Mas, existe a possibilidade que as duas estruturas caminhem paralelamente como estratégia de mercado, uma vez que não controle acionário em nenhum dos casos.
Ocuparia a quarta posição da lista, ou a terceira caso a aliança anterior se desfaça.
4) GENERAL MOTORS
8,6 milhões de veículos vendidos
A gigante norte-americana possui um pacote de marcas de peso, com Chevrolet, Cadillac, GMC e Holden. Mesmo assim aparece 'só' na quinta posição da lista. Fruto da 'saída' da Europa com a venda da Opel e da Vauxhall para o grupo PSA Peugeot-Citroën em 2017.
No ano passado, a GM apresentou queda de 4% nas vendas. Por isso, anunciou o fechamento de fábricas nos EUA e o corte de funcionários.
Para voltar a crescer a General Motors investe pesado no mercado chinês, e de lá estão surgindo projetos globais para atender, principalmente, os mercados emergentes, como o brasileiro. A nova geração do Onix, por exemplo, foi projetada por lá.
5) GRUPO HYUNDAI-KIA
7,4 milhões de veículos vendidos
As parceiras sul-coreanas são muito fortes na Ásia e, no caso da Hyundai, em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. No ano passado, comemoraram alta de 1,4% nos comércio de veículos.
6) FORD
5,6 milhões de veículos vendidos
A marca norte-americana tem enfrentado uma grave crise nos últimos anos, tanto em vendas como no modelo de negócio. Isso culminou com o fechamento de fábricas pelo mundo, inclusive no Brasil.
A Ford deixará, por exemplo, de atuar no segmento de caminhões na América Latina com o fim das operações da unidade de São Bernardo do Campo (SP).
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No ano passado, a montadora reduziu em 10,4% a participação no mercado mundial, e aí inclui o braço de carros de luxo da Lincoln.
Para virar a mesa, a Ford se juntou à Volkswagen para a troca de tecnologias e produção de SUVs e veículos comerciais, além de carros elétricos e aposta na China.
7) GRUPO HONDA
5,2 milhões de veículos vendidos
A Honda conta com dois modelos best-sellers em venda: Civic (3º no mundo) e CR-V (8º). Apesar disso, perdeu 0,6% de mercado no ano passado.
Possui uma única subsidiária, a Acura, especializada em carros esportivos e de luxo, com forte atuação nos EUA e Canadá.
A empresa nipônica trabalha contra o tempo para lançar modelos eletrificados e desenvolver tecnologia autônoma. Faz muito sucesso com os SUVs de todos os tamanhos, especialmente com o HR-V.
8) FIAT-CHRYSLER
4,8 milhões de veículos vendidos
A união da fabricante italiana com a americana em 2014 tem rendido bons frutos, tanto em produtos quanto em mercados. O Jeep Renegade, por exemplo, é um sucesso na Europa, e também no Brasil.
O conglomerado FCA é um dos maiores em número de marcas e a aproximação com a Renault pode alavancar as vendas, além de criar uma abertura para novos produtos e tecnologias.
O grupo produz de tudo: automóveis, caminhões, tratores, máquinas agrícolas, motores, transmissões, autopeças e sistemas de automação industrial, entre outros.
9) PSA PEUGEOT-CITROËN
4,1 milhões de veículos vendidos
A aquisição da Opel e da Vauxhall, ex-GM, oxigenaram as vendas da PSA. Em 2018, o grupo registrou recordes de vendas, faturamento, rentabilidade e lucro em 2018. Houve uma expansão de 6,8% nos negócios em relação a 2017.
A união Citroën-Peugeot virou a segunda força na Europa, atrás apenas da Volkswagen, e à frente da rival francesa Renault. Só a divisão Opel/Vauxhall elevou em mais de 1 milhão de unidades ao volume total, quase todas vendidas na Europa.
10) SUZUKI-MARUTI
3 milhões de veículos vendidos
Se por aqui a Suzuki tem pouca expressão, no Japão a marca é sensação com os kei-cars, subcompactos voltados para o uso urbano.
No ano passado cresceu 5% nas vendas com a renovação da linha e forte participação na Índia, por meio da subsidiária Maruti - detém 50% do mercado por lá.
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