Carga de carne de churrascaria e cachorrinho foram alguns dos produtos interceptados pela polícia em 2017.| Foto: Polícia Civil/

Não houve limites para os ladrões que agiram em Curitiba e Região Metropolitana ao longo de 2017. Sozinhos ou em bando, os criminosos levaram de tudo: transformador de energia, cachorros, cobertura de pontos de ônibus, cargas de carne destinada a churrascaria e até de bacon destinado a uma rede de fast food. Nem mesmo os bustos das praças e as tampas de bueiros foram poupados.

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Abaixo, uma lista do que a bandidagem aprontou em 2017.

Mundo cão

Cachorrinho da raça<i> yorkshire</i> na prisão de quadrilha que roubava residências em Curitiba. 
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Para ladrões, o valor dos cachorros é muito mais do que sentimental. Tanto que em vários casos os criminosos entraram nas residências para levar objetos, como televisões, e aproveitaram a “viagem” para carregar também os animais de estimação das famílias. Foi o caso de um um cão da raça yorkshire recuperado pela Delegacia de Furtos e Roubos (DFR) com a integrante de um grupo responsável por uma série de furtos em casas. Ela chegou a mentir que encontrou o animal na rua, mas investigações da Polícia Civil entregaram a verdadeira origem do cachorrinho.

Em outra ocorrência, os assaltantes aproveitaram para levar quatro cachorros no assalto de um carro no bairro Uberaba. Um dos cães chegou a conseguiu voltar para casa sozinho cinco horas depois.

Nem os mortos foram poupados

Objetos furtados no Cemitério Municipal São Francisco de Paula que foram recuperados pela Guarda Municipal em maio. 

Os criminosos não perdoaram nem os mortos em 2017. Os cemitérios foram alvos constantes de furtos, principalmente de objetos de bronze, que têm alto valor no mercado clandestino, como placas e crucifixos. No dia 21 de maio, a Guarda Municipal conseguiu prender em flagrante um homem que furtava diversos objetos no Cemitério Municipal São Francisco de Paula, o mais visado da cidade. Entre as peças furtadas, estavam quatro cruzes com Jesus .

”Sequestro” do cálice sagrado

Cálices e outras peças usadas no altar oram levados pelos ladrões em São José dos Pinhais. 
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O furto dos objetos utilizados no altar não foi o que mais surpreendeu o padre da paróquia São Cristóvão, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. O que realmente deixou o clérigo quase sem reação foi o pedido de resgate de R$ 180 dos três cálices, um ciborium (vaso em que se guardam as hóstias), três tecas (recipiente usado para levar hóstias aos doentes) e três patenas (pequeno prato onde fica a hóstia do padre). No fim, os objetos foram devolvidos à igreja e os ladrões, presos. 

Cadê os bueiros? 

Em julho, 85 tampas de bueiros foram furtadas no Campo de Santana.  

Foi preciso muita força de vontade descomunal para carregar quase 1 tonelada de peso e lucrar apenas R$ 255 no furto de 85 tampas de bueiros retiradas das ruas do bairro Campo de Santana, em Curitiba, em julho. Se os ladrões lucraram muito pouco, o prejuízo à prefeitura de Curitiba, ou seja, a todos os contribuintes, foi grande: R$ 36 mil, somando materiais e mãos de obra para recolocar as tampas. 

Pedalando no escuro

 

Ciclovia da Linha Verde foi o principal alvo dos ladrões de postes. 
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Os novos modelos de postes de iluminação de Curitiba entraram no alvo dos ladrões em 2017. Ao ponto de virar uma grande dor de cabeça à prefeitura, que teve que recolocar muitos deles em menos de um mês após a instalação ao longo da Linha Verde, na Vila Fanny. No bairro Rebouças, o alvo foram os postes na calçada.

O alvo dos ladrões não é o poste em si, mas a luminária de LED e os cabos, que são revendidos no mercado clandestino. Esses novos postes se tornaram alvo da criminalidade pela facilidade de serem derrubados: a base feita de fibra pode ser facilmente serrada. Com isso, a prefeitura testou uma alternativa para conter os furtos: passou a concretar o miolo dos postes para não serem levados. Até setembro, o prejuízo com os postes serrados foi de R$ 94 mil.  

Furto de luz

Ladrão subiu no poste para tentar levar o transformador de energia na Alameda Carlos de Carvalho. 

O amanhecer de uma sexta-feira de setembro chamou a atenção de quem passava pela Alameda Dr. Carlos de Carvalho, no Centro de Curitiba. Muitos viram de perto um homem escalar um poste e tentar roubar transformador. O ladrão usou uma corda para tentar derrubar o equipamento, mas foi detido pela Polícia Militar antes de terminar a ação. Por sorte, o transformador estava desligado desde 2012. 

Sem água

Depois de ver conta e água dobrar, Eliseu Carejelescow decidiu proteger o hidrômetro de sua loja 
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Foi no bairro Hauer, em Curitiba, em outubro. Dezenas de moradores e comerciantes começaram a reclamar de uma onda de furtos de hidrômetros que provocaram falta de água na região. O aparelho usado para medir o consumo de água nos imóveis desaparecia de muitas casas durante a noite. Por causa dos vazamentos, várias contas tiveram o valor dobrado no fim do mês. O jeito foi os moradores tentarem proteger os hidrômetros com grades para não ficar no prejuízo.

Carne roubada

Carne roubada era transportada em veículo sem refrigeração. 

Foi polêmico. Uma ação da Polícia Civil apreendeu 1,2 tonelada de carne roubada em uma van em uma churrascaria na Avenida das Torres, no Jardim da Américas, em outubro. No momento da apreensão, a carne estava sendo descarregada e três pessoas foram presas. Na carga receptada estavam cortes como costela, alcatra e fraldinha – tudo prestes a ir para os pratos dos fregueses. A carne estava sendo transportada em um veículo sem refrigeração. A churrascaria afirmou na época desconhecer a prática denunciada pela polícia. A churrascaria chegou a ser vistoriada pela Vigilância Sanitária, que nada constatou e errado no interior do estabelecimento, e segue aberta.

Sanduíche sem bacon

Caminhã com 8 toneladas de bacon foi recuperado pela polícia.  

Quase que os sanduíches de uma tradicional rede de fast food ficaram sem bacon, em Curitiba. No fim de outubro, 8 toneladas de toucinho foram recuperadas pela Delegacia de Furtos e Roubos de Cargas (DFRC) depois de serem roubadas no Contorno Leste (BR-376), no Bairro Pinheirinho. O motorista foi feito refém e deixado em Tijucas do Sul, depois do pedágio da BR-376, sentido Santa Catarina. A carga estava avaliada em R$ 150 mil e foi totalmente recuperada. 

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Partiu sobremesa

Barras de chocolate apreendidas em abordagem da Polícia Civil. 

Depois da carne, a sobremesa. No dia 30 de novembro, policiais civis da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV)faziam investigações de outros crimes no Alto Boqueirão, quando suspeitaram de um carro parado em frente a uma residência. Ao abordarem a dupla de irmãos que estava no veículo, descobriram um assalto em andamento. A dupla foi abordada quando já havia carregado o carro, um Fiat Fiesta, com uma TV 29 polegadas, um celular e R$ 690. Mas o que realmente chamou a atenção dos policiais foram as 118 barras de chocolate porta-malas.

História furtada

Base que teve o busto e placa furtados na Praça Santos Andrade. 

O bronze usado na composição dos bustos espalhados pelas praças de Curitiba não podia passar batido. Somente na Praça Santos Andrade, em frente ao prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), dez das 14 estátuas foram danificadas por ladrões em 2017. Embora os bustos propriamente ditos sejam os furtos mais visíveis, as placas lideram as ocorrências, já que também são feitas de bronze e são mais fáceis de serem retiradas. Para a Guarda Municipal, furtos como estes são uma evolução dos delitos que já são comuns em cemitérios.

Na chuva

Coberturas de pontos de ônibus foram levadas aos montes por criminosos 
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Até os pontos de ônibus de Curitiba entraram no roteiro da criminalidade. Na segunda metade do ano, parte dos abrigos do transporte público feitos de alumínio passou a ser depenada pelo valor que o metal tem no mercado clandestino. Ao ponto de a cidade ser considerada pela empresa responsável pela manutenção dos pontos com um dos piores índices de vandalismo entre as cidades em que opera no Brasil. Acima inclusive do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Além do prejuízo à concessionária, o vandalismo causa transtornos aos passageiros, que têm de aguardar os ônibus expostos ao tempo.

Arroz e feijão das crianças

Buraco por onde os ladrões entraram no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Conjunto Mercúrio.  

Não foi só no transporte público que Curitiba viveu uma onda de crimes em 2017. As escolas e creches municipais também entraram de vez no alvo da bandidagem. Ao ponto de os ladrões não se contentarem em levar aparelhos eletrônicos como TVs e computadores, mas literalmente depenarem as unidades escolares na periferia. Os ladrões não perdoaram nem a merenda das crianças: em agosto, a Escola Municipal Iratiy e o Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Conjunto Mercúrio, a poucas quadras uma da outra no Cajuru, foram furtadas em diferença de poucos dias. Na lista do prejuízo, um botijão de gás, brinquedos e até mesmo os poucos pacotes de arroz e feijão e as caixas de leite que alimentariam as crianças. No caso do CMEI, os ladrões “visitaram” a unidade duas vezes no mesmo final de semana.