Carregadores do Ceasa parados por falta de produtos nesta quinta-feira.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

A greve de caminhoneiros afetou em pelo menos 80% o comércio de frutas e verduras do Ceasa de Curitiba. Nesta quinta-feira (24), quarto dia da paralisação nas estradas, a cena era incomum: boxes sem produtos e nada do corre-corre de carregadores, muitos dos quais estavam de braços cruzados. Essa situação já está causando desabastecimento. Frutas, por exemplo, já não são mais encontradas na Ceasa.

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“Nunca vi uma crise igual. Caiu 80% das vendas. Não tem ninguém no Ceasa. Isso aqui era cheio”, conta o produtor Clóvis Nazaroff, de São José dos Pinhais, que só está conseguindo vender hortaliças.

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“Desastre total”, resume Evandro Pilate, 64 anos, técnico em comercialização do Ceasa. De acordo com ele, o movimento vem caindo gradativamente desde segunda-feira (21), o primeiro dia da greve, até atingir o pico nesta quinta. Na sexta (25), segundo ele, a situação pode ser ainda pior.

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A crise de abastecimento já afetou os preços. O saco de batata que custava R$ 80 passou para R$ 150 - no supermercado, o quilo saltou para R$ 5, o dobro do preço normal. A cenoura e o tomate também dobraram de preço. Cenoura e tomate vêm de Rio Grande do Sul e São Paulo, respectivamente, e precisam passar por pontos interditados pelos caminhoneiros.

“Frutas nem temos mais, só o que tem em estoque. Laranja vem de São Paulo, manga do Nordeste. Mamão, kiwi, tangerina não estão chegando. E as que tem já perderam a qualidade por conta do prazo de validade natural delas”, conta.

De acordo com Eronaldo Bonifácio de Oliveira, 38 anos, que trabalha no Box 1, não chegam caminhões desde segunda-feira. “Eram três ou quatro caminhões por dia. Não chega nenhum. Nós temos cargas com maçã, mexerica, caqui e pera parados na estrada. O que temos já está vendido. Mas antes tínhamos estoques cheios. Agora está tudo vazio”, conta.

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Benassi Júnior, 48 anos, que trabalha há 20 anos no Box 13 e nunca viu situação igual. “Recebemos dez caminhões por dia e estamos há dois dias sem receber nada. O que tem ainda é o estoque, batata, cenoura. Frutas novas não recebemos mais”, conta.

A produtora de milho Lorete Oliveira Mudik, 42, de São José dos Pinhais, passou a vir para o Ceasa por estradas secundáriaspara evitar a greve dos caminhoneiros. “Eu já estou vendendo a R$ 25 o saco. O normal é R$ 12. A situação é bem delicada. A gente não sabe o que fazer”, afirma.

Um produtor de batatas que não quis se identificar afirmou que deve voltar com o caminhão cheio. “É uma situação difícil. Vendi para alguns restaurantes e só. Vou ter que voltar amanhã”.

Nossa Feira suspensa

A paralisação nacional dos caminhoneiros fez com que a prefeitura de Curitiba cancelasse a venda de frutas e verduras do progama Nossa Feira nesta quarta (23) e quinta-feira (24). O cancelamento acontece porque a Ceasa não está recebendo produtos frescos desde o início da greve.

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