Modelo da Renault que fará parte da frota de carros elétricos compartilhados de Curitiba| Foto: Alexandre Marchetti/ Renault/Divulgação

Um projeto em discussão na prefeitura de Curitiba pretende viabilizar o compartilhamento de carros elétricos na cidade em um serviço semelhante ao das bicicletas e patinetes que chegaram à capital no início do ano. A intenção é de que o sistema - pensado para diminuir a frota de veículos particulares rodando nas vias - seja disponibilizado ainda no começo de 2020 na região central, depois de uma série de ajustes que incluem a possibilidade de vagas de estacionamento exclusivas e a ampliação dos pontos de recarga dos automóveis. A meta é ter 550 carros rodando nas ruas da capital até 2025.

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Ao contrário das plataformas de aluguel de veículos entre pessoas físicas, que funcionam como uma espécie de "Airbnb dos automóveis", a proposta em estudo debate a oferta de frotas próprias para aluguéis gerenciadas pela iniciativa privada, como já ocorre em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza. Até o momento não foram definidos quantos automóveis serão colocados nas ruas de início, mas, na semana passada, o prefeito Rafael Greca (DEM) adiantou uma parceria com a montadora Renault, cuja sede brasileira fica em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, e que atua no mercado dos elétricos desde 2018 com o hatch Zoe.

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O contrato será fechado até o fim do ano. Até lá, a prefeitura entrará numa fase de testes com duas unidades doadas pela montadora. O propósito da etapa é identificar e corrigir possíveis gargalos, entre eles a questão de estacionamento - uma vez que o ponto de partida do projeto será a região central da cidade. "Um ponto crítico de sucesso para o carro compartilhado é ele ter fácil estacionamento na zona central", ressalta a presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação Ana Cristina Alessi. "Temos que passar por este período de estudo para saber se vamos abrir algumas vagas exclusivas para carros elétricos compartilhados ou se eu vamos conseguir, de repente, mobilizar a iniciativa privada para que ela também abra alguns espaços para valorizar esse tipo de modal", completa.

A Agência Curitiba é uma das que está com um dos modelos de testes em mão. O outro carro irá para uma equipe da Urbs, gestora do transporte público na capital. Além de ajudar a definir os pontos de paradas, as equipes também deverão refinar o planejamento dos pontos de recarga dos carros elétricos, que rodarão com baterias com autonomia de até 300 quilômetros. Para isso, a prefeitura não descarta fazer parceria com a Companhia Paranaense de Energia (Copel) e aumentar a disponibilidade de eletropostos na capital. Hoje, a estatal tem uma unidade na capital, no bairro Mossunguê.

A prefeitura também ainda não colocou em discussão os valores que seriam cobrados pelo serviço - parte que caberá à empresa que for operar o sistema em Curitiba, mas afirmou que, até o fim do ano, além dos testes pela prefeitura, alguns modelos poderão ir para as ruas em um sistema próprio entre hotéis e restaurantes.

Mais mobilidade

A discussão inicial estabelece etapas de avanço do projeto até chegar a 2025 com 550 veículos elétricos compartilhados em uma área de 95 quilômetros quadrados de Curitiba - que extrapola a área central. "Em 2025 [será possível] chegar ao que hoje está sendo apresentado como ponto ótimo para esses 550 carros. A gente tem a ideia de fazer ilhas na cidade para atingir toda a região de Curitiba, inclusive até algum tipo de acesso para a Região Metropolitana", adianta Ana Cristina.

Segundo a presidente da Agência Curitiba, na expansão do serviço devem ser contempladas áreas adensadas da cidade, como os bairros Boqueirão, Pinheirinho e CIC. "São regiões que têm muito fluxo de carros e que não estão diretamente ligadas ao Centro. Então a gente terá esses bolsões espalhados pela cidade", explica.

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Dados da Renault indicam que cada carro elétrico do modelo Zoe evita o lançamento de 15 toneladas de gás carbônico (CO2) por ano, o que equivale à poluição gerada por nove carros a combustão no mesmo período. Mas para além da redução do trânsito de carros particulares comuns - e, consequentemente, do congestionamento em pontos específicos da cidade -, a expectativa é de que o modelo de carros compartilhados atue como suporte ao transporte público de Curitiba.

Segundo a prefeitura, haverá estímulos para que a frota circule entre terminais urbanos e, dessa forma, complemente trechos, em parte, desassistidos pelos ônibus. "Isso faz parte do plano de mobilidade. Tanto o transporte compartilhado dos novos modais, como os patinetes e as bicicletas, como os carros compartilhados têm como ponto de partida a integração do transporte público", afirma Ana Cristina.

Para a concretização do projeto, prefeitura e a Renault farão reuniões semanais de trabalho até o fim de 2019.