Cruz em homenagem ao jogador Daniel onde o corpo foi encontrado em um matagal de São José dos Pinhais.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Ouvido pela polícia nesta segunda-feira (12), Eduardo Henrique da Silva, 19 anos, um dos suspeitos de participação no assassinato do jogador Daniel Corrêa Freitas, afirmou que o objetivo inicial era apenas castrar o atleta e não matá-lo. Com passagem pelo Coritiba em 2017, Daniel foi assassinado com requintes de crueldade no dia 27 de outubro - além de quase ter a cabeça degolada e ter o pênis decepado. No matagal em São José dos Pinhais, região de Curitiba, onde o corpo foi encontrado no dia seguinte ao crime, foi colocada uma cruz em homenagem ao jogador.

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“O Eduardo retratou a realidade de que eles tinham o mesmo objetivo: se associaram para fazer uma castração na vítima. Após as agressões verificadas na casa, houve um convite do Brittes para que eles fossem juntos para segurar o Daniel para que pudesse ser feita a castração”, disse o advogado de Eduardo, Edson Stadler, após o depoimento.

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Eduardo é namorado da prima de Cristiana Brittes, 35 anos, esposa do assassino confesso do jogador, o empresário Edison Brittes, 38 anos. Preso em Foz do Iguaçu semana passada, ele era o único dos seis suspeitos que ainda não havia sido ouvido pelo delegado Amadeu Trevisan, responsável pelas investigações.

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Além de Eduardo, estariam junto com Edison no carro os jovens Igor King, 19 anos, David Willian da Silva, 18 anos, que também devem ser indiciados. A polícia apura ainda se ambos também desceram do veículo e participaram das facadas em Daniel.

Segundo Stadler, os três aceitaram espontaneamente o convite de Edison para castrar Daniel, mas se surpreenderam quando o empresário decidiu matar o atleta. No depoimento, o primo de Cristiana teria afirmado que, apesar de todos os rapazes terem batido no jogador, foi Edison quem o matou - versão que o empresário sustenta desde o começo das investigações.

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Advogado Edson Stadler, que representa Eduardo Henrique da Silva, no depoimento em São José dos Pinhais.  

“Todos foram voluntariamente, mas no caminho o Edison teve uma alteração de comportamento ao verificar no celular do Daniel mensagens envolvendo fotografias junto com a mulher e se alterou”, descreveu Stadler. Antes de ser morto, Daniel enviou a um amigo mensagens dizendo que havia transado com Cristiana. Além disso, o jogador enviou fotos deitado na cama do casal - nas imagens Cristiana está dormindo. Para a polícia, tanto as mensagens quanto as fotos seriam uma brincadeira infeliz por parte do jogador.

Ainda conforme o advogado, Eduardo contou à polícia que, logo que viu as fotos, Edison desceu do carro, abriu o porta-malas - onde estava Daniel - e cortou o pescoço o dele. O empresário teria pedido a ajuda dos demais para carregar o corpo até o matagal, mas nenhum dos três teria concordado em ajudar.

“O Edison deu vários golpes no pescoço, inclusive batendo no osso. Um dos rapazes até chegou a passar mal. E todos assistiram quando Edison decepou o pênis de Daniel”, acrescentou.

Espancamento

Conforme Stadler, Eduardo dormia em um dos quartos da casa da família Brittes quando o jogador começou a ser espancado, ainda durante a festa de aniversário de 18 anos de Alana Brittes, de 18 anos, filha de Edison e Cristiana, também presa pela morte. O advogado de Eduardo disse que seu cliente foi acordado pela própria Cristiana, que, na versão dos Brittes, teria sido vítima de uma tentativa de estupro do jogador – o que já foi descartado pela polícia.

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“A reação dele foi de momento. Ele ouviu o Edison falando que o Daniel tinha tentado estuprar Cristiana e, naquele momento de comoção, participou do espancamento”, afirmou o advogado.

O caso

O corpo de Daniel Corrêa Freitas foi encontrado em um matagal em São José dos Pinhais no dia 27 de outubro com sinais de tortura: o pescoço estava quase degolado e o pênis decepado. Daniel veio a Curitiba participar da festa de aniversário de Allana Brittes, filha de Edilson Brittes Jr, no dia 26 de outubro. Após participar da comemoração em uma casa noturna no bairro Batel, o jogador foi para outra festa na casa de Edison, dono de um mercado em São José dos Pinhais.

À polícia, o empresário admitiu ter matado o jogador após tê-lo flagrado tentando estuprar sua esposa - versão questionada pela polícia. O jogador chegou a enviar via Whatsapp a um amigo imagens dele ao lado da esposa de Edison na cama do casal, o que teria levado o empresário a cometer o assassinato. Nas fotos, Cristiana dorme enquanto o jogador faz caretas.

Daniel foi espancado na casa da família e levado para um matagal no porta-malas do carro de Edison. De acordo com o empresário, ele decidiu matar o atleta com uma faca que tinha no carro. Entretanto, Eduardo afirmou em seu depoimento nesta segunda-feira (12) que viu Edison pegar a faca na cozinha da residência.

Antes de ser preso, o empresário chegou a ligar para a família e para amigos de Daniel a fim de prestar solidariedade. Allana também trocou mensagens com uma parente de Daniel afirmando que não houve briga na casa da família e que o jogador foi embora sozinho na noite do assassinato.

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Daniel teve passagem apagada pelo Coritiba em 2017, prejudicada por lesões. Natural da cidade de Juiz de Fora (MG), teve também passagens por Cruzeiro, Botafogo, São Paulo, Ponte Preta e estava atualmente no São Bento de Sorocaba (SP). O corpo do jogador foi enterrado no dia 31 de outubro na cidade de Conselheiro Lafaiete, também em Minas Gerais.