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A britânica BP, que tenta diversificar suas atividades hoje concentradas nos combustíveis fósseis, está avaliando estratégias para uma possível entrada no setor brasileiro de etanol, disse um executivo da empresa na terça-feira.

"A cana parece ser a matéria-prima mais atraente, e o Brasil parece ser o lugar onde isso é mais bem feito", disse Phillip New, vice-presidente de gerenciamento de combustíveis da BP.

"Estamos muito entusiasmados com tudo que o Brasil tem a oferecer. É claramente um líder mundial, mas é cedo demais para falar precisamente o que faremos", disse ele a jornalistas, acrescentando que o objetivo não é cultivar a cana, e sim destilá-la.

O Brasil é o maior produtor mundial de etanol de cana, que é mais barato e eficiente que o álcool de milho produzido nos EUA, país que vem tentando substituir os derivados de petróleo por biocombustíveis.

New não quis comentar uma possível aliança entre a BP e a Petrobras, que recentemente começou a investir em álcool.

A BP não produz etanol, mas o comercializa nos EUA, maior produtor mundial desse combustível. A empresa britânica estima que os biocombustíveis possam representar 30 por cento do mercado internacional de combustíveis até 2030, caso superem desafios como a resistência de ambientalistas.

Os biocombustíveis, que incluem o etanol e produtos como o biodiesel de mamona e outras plantas, atualmente representam apenas 3 por cento do mercado mundial de combustíveis.

A BP vem se mostrando mais otimista com os biocombustíveis do que com outros combustíveis em desenvolvimento, como as células de hidrogênio, segundo New. Mas a empresa vê com cautela o atual "boom" do biocombustível, pois seu uso depende de fatores como custo, disponibilidade, qualidade e sustentabilidade.

Ele afirmou que é preciso um grande avanço tecnológico para tornar os biocombustíveis mais eficientes nos carros, o que permitiria que seu uso passasse de 10 para 30 por cento do total mundial de combustíveis. Segundo New, a BP se associou à DuPont para formular um etanol mais eficiente.

O executivo citou também as preocupações com a redução da área destinada ao cultivo de alimentos por causa da demanda por etanol.

"É um pouco como o 'boom' das ponto-com. O debate público sobre os biocombustíuveis era totalmente favorável há cerca de seis meses. Agora, as pessoas de todo o mundo começaram a se fazer perguntas muito sérias sobre disponibilidade e sustentabilidade", afirmou, citando preocupações com o aumento do milho no México e do trigo na Europa.

A produção de biocombustíveis é subsidiada em muitos países, e portanto depende da opinião pública. As preocupações com a falta de alimentos e com a erosão das terras aráveis podem provocar resistência ao etanol, apesar de sua vantagem ambiental sobre a gasolina, segundo New.

Mesmo no Brasil, ONGs ambientais estão preocupadas com o possível avanço dos canaviais sobre as florestas e mananciais.

O etanol produzido da celulose de árvores, usando a planta inteira, inclusive o bagaço, e o cultivo em solos pobres, com pouco uso de água, poderiam ser alternativas ambientalmente mais sustentáveis, disse o executivo.

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