Desempenho do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas últimas pesquisas foi comemorado pelos aliados do governo| Foto: Isac Nobrega/PR
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Aliados do Palácio do Planalto comemoraram os recentes números das pesquisas eleitorais em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) apresenta uma recuperação nas intenções de votos para a disputa presidencial. Além disso, os governistas acreditam que a estagnação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nos levantamentos pode significar um acirramento da disputa e que isso pode favorecer Bolsonaro nos próximos meses.

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De acordo com o levantamento CNT/MDA, divulgado na última segunda-feira (21), Bolsonaro tem 28% das intenções de voto. Em dezembro, o atual presidente havia registrado 25,6%. Ou seja, um crescimento de 2,4 pontos percentuais – pouco acima da margem de erro da pesquisa, que é de 2,2 pontos percentuais. Já o ex-presidente Lula, que lidera a corrida presidencial, tinha 42,8% e agora registrou 42,2%.

Já o levantamento do instituto PoderData, divulgado no dia 16, teve mostrou uma tendência mais consistente de redução da distância entre o ex-presidente Lula e o presidente Bolsonaro, Houve um recuo de cinco pontos percentuais em um mês. De acordo com o levantamento de fevereiro, Lula lidera com 40% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro aparece com 31%. Ou seja, uma distância de 9 pontos. Em janeiro, o petista marcava 42% contra 28% de Bolsonaro – 14 pontos de diferença.

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Núcleo de campanha trabalha por melhora dos índices da economia

Para os aliados do governo, a melhora no desempenho de Bolsonaro nas pesquisas é reflexo da reorganização das pautas encampadas pelo Planalto, das sinalizações de recuperação da economia e do pagamento do novo Auxílio Brasil, que substituiu o Bolsa Família.

Em outra frente, os integrantes do Centrão, que integram o núcleo de campanha do presidente, trabalham para convencer Bolsonaro a parar com as críticas contra a vacinação contra a Covid-19. Para esse grupo, Bolsonaro cai nas pesquisas quando faz campanha contra vacinação, que é apoiada pela maioria da população.

Como sinalização de que essa ala conseguiu influenciar o presidente, Bolsonaro recentemente destacou o trabalho do governo na compra dos imunizantes. "O governo se encontra preparado e estruturado em termos financeiros, organizacionais e logísticos para executar [o plano de vacinação]. Com isso, seguimos envidando todos os esforços para o retorno à normalidade na vida dos brasileiros", disse Bolsonaro durante seu discurso na abertura do ano legislativo do Congresso Nacional, no começo de fevereiro.

Para o vice-líder do governo no Congresso, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), o esforço do Planalto precisa ser destacado. "O governo vai continuar com esta política de vacinação e assistência a estados e municípios. Vamos ultrapassar o momento da pandemia para um momento de desenvolvimento econômico e social com avanços importantes", afirma.

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Articulador da campanha do presidente, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, está empenhado em ampliar os números de Bolsonaro nas pesquisas. Nogueira acredita que a recuperação da economia será determinante para que o presidente seja reeleito.

Para isso, Bolsonaro assinou um decreto que dá mais poder à Casa Civil na execução do orçamento deste ano. O texto determina que a Casa Civil terá que dar aval para algumas ações de abertura ou remanejamento ou corte de despesas do dia a dia dos ministérios. Com isso, Nogueira terá a decisão final sobre a distribuição de recursos de acordo com os interesses de cada região.

"Ele [Bolsonaro] vai ganhar. O país nunca deixou de reeleger um presidente. Quem reelege o presidente é a economia, e a vida das pessoas vai melhorar", afirmou Nogueira em entrevista ao jornal O Globo.

Recuperação de Bolsonaro nas pesquisas acende alerta na cúpula do PT

Apesar do otimismo de integrantes do PT com o desempenho do ex-presidente Lula nas pesquisas, a cúpula do partido acredita que o presidente Jair Bolsonaro deve melhorar seu desempenho nas pesquisas e acirrar ainda mais a disputa presidencial.

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Nos cálculos, líderes petistas acreditam que a federação com outros partidos de esquerda, a composição com o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido) e a aproximação com partidos de centro serão primordiais para a candidatura de Lula.

"Bolsonaro não está tão fraco assim. Ele tem uma base resiliente e ainda pode agregar mais um pouco do eleitorado indeciso. Se a economia melhora, a tendência é ele melhorar também. Mas não acho que seja suficiente", diz a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR). Com isso, integrantes do PT avaliam que a campanha será dividida e precisa ser encarada de forma "realista" pelo partido.

Essa também é a avaliação de aliados do PT na esquerda, entre eles Guilherme Boulos (Psol). “Lula é favorito, mas a eleição não está ganha. Seria um erro grosseiro subestimar o efeito de um benefício de R$ 400 para 18 milhões de famílias brasileiras que se encontram na extrema pobreza", admitiu Boulos, citando o valor do Auxílio Brasil.

Para ampliar seu grupo político, o ex-presidente Lula ainda trabalha nos bastidores para tentar atrair o PSD para a sua coligação ainda no primeiro turno. O presidente do PSD, o ex-ministro Gilberto Kassab, no entanto, tem rechaçado essa possibilidade, já que um apoio formal ao nome de Lula poderia prejudicar a eleição da bancada de deputados do partido.

Unificação da terceira via esbarra em impasses partidários

Em outra frente, integrantes da terceira via reconhecem que a melhora do desempenho de Bolsonaro e a continuidade de Lula na liderança tendem a consolidar a polarização na disputa presidencial. Apesar das sinalizações de unificação das candidaturas do grupo, entraves partidários dificultam acordos entre pré-candidatos como o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro (Podemos), o governador João Doria (PSDB-SP) e da senadora Simone Tebet (MDB-MS).

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Durante participação em seminário promovido pelo banco BTG, em São Paulo, na terça-feira (22), Moro admitiu que a terceira via já deferia estar unificada. No entanto, descartou a possibilidade de abdicar do seu nome em detrimento dos demais pré-candidatos.

“Acho que é essencial a união contra os extremos [Lula e Bolsonaro]. Na minha opinião, já deveríamos estar unidos. Esses extremos têm máquinas de destruição. Temos o exemplo do governador [de São Paulo] João Doria, que foi atacado por defender as vacinas. Mas estou em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto e não faz sentido eu abdicar dessa candidatura para vencer os extremos”, afirmou o ex-juiz. No levantamento CNT/MDA, em terceiro lugar aparece o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 6,7%, tecnicamente empatado com Sergio Moro (Podemos) com 6,4%.

Ciro Gomes, contudo, é do campo da esquerda ou centro-esquerda, a uma unificação da candidatura dele com a de outros nomes da terceira via nem é cogitada, pois os demais candidatos estão posicionados ideologicamente mais à centro-direita.

A unificação dessas candidaturas também tem esbarrado nas discussões sobre as federações partidárias. O MDB se aproximou do União Brasil, enquanto o PSDB já conta com sinalização de se federar com o Cidadania. Uma definição por parte destes partidos só deve ocorrer a partir da segunda quinzena de março.

Metodologia das pesquisas citadas na reportagem 

A pesquisa CNT/MDA foi realizada pelo instituto MDA sob encomenda da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-09751/2022. Foram ouvidos 2.002 eleitores entre os dias 16 e 19 de fevereiro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%.

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A pesquisa realizada pelo PoderData, empresa do grupo Poder360 Jornalismo, ouviu 3 mil eleitores entre os dias 13 e 15 de fevereiro. O levantamento foi registrado Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-06942/2022 e a margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.