| Foto: FERNANDO SOUZA/AFP

O Ministério Público do Rio de Janeiro convocou para esta segunda (11) reunião com dirigentes do Flamengo e autoridades para discutir o incêndio no centro de treinamento do clube que deixou dez mortos e três feridos na sexta (8).

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O objetivo, segundo a promotoria, é buscar soluções imediatas relativas às famílias atingidas e a regularização das instalações do clube, que não têm alvará da prefeitura nem certificado de autorização do Corpo de Bombeiros.

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Participarão do encontro o Ministério Público do Trabalho, a Defensoria Pública do Estado do Rio, a Polícia Civil, o Corpo de Bombeiros e a prefeitura do Rio. O Ministério Público informou que convidou representantes do Flamengo, que confirmaram presença.

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O clube trouxe ao Rio familiares das treze vítimas do incêndio. Três continuam hospitalizadas, sendo uma em estado grave. Os dez mortos já foram identificados pelo IML (Instituto Médico Legal) e liberados para suas famílias. Quatro deles, já foram sepultados.

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No sábado (9), o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, participou de reuniões com as famílias em um hotel na zona oeste da cidade. Ele garantiu apoio financeiro e psicológico às famílias e disse que o clube bancaria traslado e sepultamento dos corpos.

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As reuniões contaram ainda com o vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz, e com o médico do clube, Marcio Tannure, além de assistentes sociais e psicólogos.

Polícia quer ouvir empresa que forneceu contêineres

A Polícia Civil do Rio vai convocar para depoimentos representantes da empresa que forneceu os módulos para o centro de treinamento do Flamengo para obter maiores informações sobre o material com que as instalações foram feitas. Serão convocados também dirigentes do Flamengo. Os módulos habitacionais forma fornecidos pela empresa NHJ, com sede no Rio. Segundo o site da companhia, são montados com painéis de chapa de aço com núcleo de poliuretano injetado.

Altamente inflamável, o poliuretano foi apontado como um dos fatores que agravou o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), que deixou 242 mortos em 2013. Naquele caso, porém, o material estava exposto, usado como revestimento acústico nas paredes.

A suspeita de que materiais inflamáveis podem ter acelerado a propagação do incêndio no centro de treinamento do Flamengo foi levantada pelo Jornal Nacional, da TV Globo, em reportagem que diz que o forte cheiro de solvente em uma das vítimas indicaria a presença de material inflamável.

O delegado responsável pelo caso, Mário Petra, disse à Folha de S.Paulo que ainda não é possível fazer relação entre as dimensões do incêndio e o material usado e que está aguardando o resultado da perícia. “Mas o laudo da perícia talvez não consiga identificar, em razão do estado de destruição”, ponderou o delegado. Isso reforça a necessidade de depoimento dos fornecedores dos módulos.

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O Flamengo divulgou nota na tarde deste domingo (10) informando que a espuma que revestia os contêineres não continham material inflamável. Além disso, afirmou que os aparelhos de ar-condicionado estavam com a manutenção em dia.

Até agora, a polícia ouviu funcionários do clube e os 13 jogadores que estavam no módulo e conseguiram fugir. Eles contaram que o incêndio começou em um aparelho de ar-condicionado em um dos quartos.

O alojamento era formado por nove módulos habitáveis, cada um com três beliches. Segundo a prefeitura, o clube não tinha autorização para instalação dos contêineres no local.

Por falta de alvará de funcionamento, o Flamengo recebeu 31 multas e chegou a receber ordem de interdição, que não foi cumprida. Em pronunciamento na tarde de sábado (9), o clube não negou a falta de licenças, mas defendeu que não há relação com o acidente.

“Temos providências a tomar para que o CT seja legalizado. Estamos trabalhando para isso”, afirmou o CEO do clube, Reinaldo Belotti. “Precisávamos de nove certificados, já temos oito. E estamos trabalhando com os bombeiros para ter esse último alvará.”

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O Corpo de Bombeiros diz que o certificado de aprovação do centro de treinamento do Flamengo não foi emitido por “falta de cumprimento pleno da legislação vigente”. “Existem pendências de execução do sistema de segurança e pânico”, disse o órgão.

O clube deu entrada no projeto de segurança contra incêndio em 2010 e, desde então, os Bombeiros vêm realizando vistorias. Mas a corporação diz que a estrutura provisória onde ocorreu o incêndio não constava do projeto original e não foi vistoriada.

A reportagem ainda não conseguiu contato com a empresa NHJ.

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