Torcedores do Atlético-PR estão se mobilizando contra o projeto de ‘torcida única’ – uma criação do Ministério Público do Paraná, com adesão da gestão do clube. Os opositores da medida pretendem mudar a política imposta na Arena da Baixada com a ajuda de um abaixo-assinado online.
Criado na última terça-feira (28), em apenas dois dias o abaixo assinado ultrapassou 1500 assinaturas. O projeto é encabeçado pelo advogado Leonardo Tomeleri (23) e pelo estudante de direito da PUC-PR, Pedro Camargo (22). Ambos são sócios do Furacão.
“A ideia surgiu de uma premissa, estávamos indo aos jogos e temos contato com o pessoal dos visitantes. A gente vê que é uma medida que não resolve, já que o foco da briga não é no estádio”, explica Tomeleri.
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Para o advogado, a medida de torcida única pode acabar tendo efeito reverso ao que pretendem Ministério Público (MP-PR) e Atlético, que é de diminuir a violência no estádio e ter um grupo menor de policiamento mobilizado no interior da Arena. “Ninguém vai aos jogos com o intuito de brigar, porém acaba naquela insegurança. Como eu, torcedor do Atlético, vou comemorar um gol com um torcedor adversário do lado? E vice-versa”, analisa.
A ideia é juntar pelo menos 2.500 assinaturas para então apresentar o documento ao Ministério Público local. “Mas, paralelo a isso, estamos fazendo um parecer com vários pontos para levar para o MP e expor juridicamente que é uma medida totalmente inviável”, explica o advogado.
O abaixo-assinado serviria então para chamar a atenção e fazer o MP-PR dar uma importância maior para o caso. Para Tomereli, “a partir do momento que o Ministério Público parar de dar o aval para isso, o Atlético não teria força para manter [a medida]”.
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O abaixo-assinado foi criado após a boa repercussão da Resposta à Carta Publicada pelo Atlético, em defesa do que o clube chamou de “Torcida Humana”. Publicada no blog “Diga Não à Torcida Única” a carta rebate os principais elementos que o Furacão apontou para defender a medida.
A principal intenção da coleta de assinaturas é de representar uma parte da torcida que não é ouvida e não participa das reuniões entre MP e Atlético, que no máximo contam com a presença da torcida organizada “Os Fanáticos”, mas que ainda não discutiu esse assunto. “É uma forma democrática de mostrar um ponto de vista de uma parcela da torcida que não foi ouvida”, garante Tomeleri.
A medida adotada pelo Atlético já causou problemas em jogos na Arena. Na partida diante do Internacional, um grupo de cerca de dez torcedores foram removidos do setor Brasílio Itiberê, após comemorarem o gol dos gaúchos. Mais recentemente, na partida contra o Vasco da Gama, um grupo de cerca de seis integrantes da torcida organizada Os Fanáticos foi ao setor Coronel Dulcídio superior, onde se encontravam os torcedores cariocas. Após troca de xingamentos, os grupos foram afastados pela segurança e Polícia Militar.
Medida Legal
A medida não vai de encontro contra o Estatuto do Torcedor. A única determinação sobre os ingressos encontra-se no Regulamento Geral de Competições da CBF, que garante, no Artigo 86, que “O clube visitante terá o direito de adquirir, com pagamento prévio, a quantidade máxima de ingressos correspondente a dez por cento (10%) da capacidade do estádio ou da capacidade permitida pelos órgãos de segurança, desde que se manifeste em até três (3) dias úteis antes da realização da partida”. Porém, não determina que um espaço físico dentro do estádio deve ser reservado a quem adquirir os ingressos visitantes.
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