A SH possui uma das soluções que usam fôrmas preenchidas com concreto in loco para produzir casas, o Lumiform SH| Foto: SH/Divulgação

Controle tecnológico e limitações

Além das várias normas da ABNT (são mais de 10 relacionadas à construção com o bloco de concreto) e outras exigências, como as regras de qualidade que a própria CEF impõe sobre os projetos que financia no sistema (nenhum novo jeito de construir tem sucesso sem o aval do banco), os profissionais da construção seguem uma rotina de controle rígida em uma obra de alvenaria estrutural. "Parte desse controle está em recolher os blocos de concreto e testá-los individualmente e em prisma (nome dado a uma simulação de uma pequena parede) para o teste de resistência e desempenho. A fá­­brica faz o controle dela e nós fa­­zemos mais um", esclarece o di­­retor técnico da Baú Construtora, Norley Baú.

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Segurança da construção

Uma das compradoras do Bou­levard de France, empreendimento residencial da Doria Cons­truções e Frentte Incor­poradora, no bairro Cristo Rei, em Curitiba, a bancária Yara Regina Rodrigues só percebeu que o prédio seria construído na chamada alvenaria estrutural quando leu algumas cláusulas do contrato que diziam, por exemplo, que paredes não po­deriam ser derrubadas. "Fui atrás, então, de mais informações sobre o sistema de construção que não conhecia. Visitei obras já prontas da construtora e me informei com o corpo técnico a respeito. Com isso consegui pedir a alteração de algumas coisas até uma certa fase da obra, como novos pontos de tomadas."

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Legos de concreto

A base para tornar a construção ci­­vil mais moderna e zerar o déficit habitacional do país está na in­­dus­­trialização do processo. É o que di­­­zem os especialistas e as empresas do setor que apresentaram novidades nesse sentido na terceira edição do Concrete Show, em São Paulo, rea­­lizada em agosto. De forma geral, a novidade está em peças de concreto (paredes e lajes) confeccionadas in­­­teiras no canteiro de obras ou ainda vindas prontas da fábrica para serem montadas como um grande "lego de concreto" em tempo recorde, de duas horas até dez dias cada casa.

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Alvenaria estrutural é o mé­­todo que baseia a sustenta­ção da casa ou prédio nas paredes (em blocos de concreto altamente resistentes) em vez de vigas e pilares de concreto armado (e preenchimento dos vazios com tijolos de cerâmica comuns e argamassa, a chamada alvenaria convencional). O jeito de construir que começou a se consolidar no Brasil ainda na década 1980 – após a construção na década anterior de um prédio de 13 pavimentos no Alphaville, em São Paulo, e com a demanda de moradias populares –, tem origem em estudos e práticas da engenharia bastante antigos, como a construção de arcos e cú­­pulas do século 17, com matérias-primas como o barro.

No início do século 20, a técnica perdeu espaço para a liberdade de criação e o avanço tecnológico do concreto armado, junto com o desenvolvimento da indústria do aço, fato que se evidenciou com movimentos com o da Ar­­quitetura Moderna, que marcou as décadas de 1960 e 1970 no Brasil.

Um pouco antes, após a Segun­da Guerra Mundial, o sistema de alvenaria estrutural já tinha encontrado espaço para se desenvolver no outro lado do Atlântico com a necessidade de reconstrução da Europa e a escassez de materiais como o aço.

Nos anos de 1980, a demanda por moradias populares impulsionou o sistema por aqui, mas nem sempre para uma boa direção. A construção pouco baseada em técnicas, mais empírica (com base no "fazer" de experiências anteriores) e a falta de um controle de qualidade dos materiais (os blocos de concreto e a argamassa) levaram a al­­ve­­naria estrutural a ser tachada de "baixa renda".

"Os primeiros blocos não ti­­nham um padrão de produção con­­­­­trolado, que garantisse sua qua­­­­­lidade. Isso somado ao uso inicial para construções populares criaram uma ideia errada de que a alvenaria estrutural é coisa de classe baixa e de qualidade inferior", ex­­­plica o engenheiro civil e gerente da regional sul da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Carlos Roberto Giublin.

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A migração do uso do sistema também para padrões médios e o investimento na pesquisa, no preparo e na certificação de produtos por parte da ABCP a partir da década de 1990, mudaram o rumo do sis­­tema para melhor. Foi nesse pe­­ríodo que surgiram normas da As­­sociação Brasileira de Normas Téc­nicas (ABNT) direcionadas ao mé­­todo de construção.

"Hoje posso afirmar que o ‘saber fazer’ está dominado e a qualidade dos materiais está mais evoluída do que nunca, com fábricas preparadas e certificadas com o selo ABCP de qualidade", afirma Giublin. No Paraná há, pelo menos, nove fornecedores de blocos de concreto para alvenaria estrutural com selo – quatro em Curitiba.

Tal certificação é valorizada pe­­­las construtoras paranaenses que trabalham com o sistema, não só direcionado às classes mais baixas, mas também para um padrão médio (apartamentos de até R$ 200 mil). "Só compramos ma­­terial de fornecedores com o selo da ABCP. Somado a isso fazemos o controle tecnológico do material e da construção", conta Norley Baú, diretor técnico da Baú Cons­trutora, em­­presa que completa 30 anos em 2009 e executa cerca de 60% de suas obras em alvenaria estrutural – entre elas está o Felice Due Condomínio Club, prédio mais alto no sistema na região sul, com 18 andares, que fica no bairro Água Verde, em Curitiba.

Não há limites de altura impostos por qualquer legislação para o sistema de alvenaria estrutural, mas se pode chegar com segurança até 20 pavimentos, de acordo com Giublin, altura de alguns prédios construídos em São Paulo. Tudo depende das soluções construtivas como a obtenção de um bloco de concreto mais resistente.

Entre as vantagens da alvenaria estrutural, em relação ao método de construção convencional, com concreto armado e tijolos cerâmicos, está a rapidez na obra (cerca de 30%), a redução de custos em cerca de 20% (devido, entre outras coisas, à dimuição do desperdício de materiais) e a diminuição de im­­perfeições no acabamento das pa­­redes, que também leva menos ma­­terial (argamassa ou gesso) pa­­ra ficar lisa – características relevantes para a construção em massa e a eliminação do déficit de 8 mi­­­lhões de casas do país. A Caixa Econômica Federal (CEF) não tem números exatos, mas afirma que, no Paraná, a maioria das obras pa­­ra suprir essa demanda é feita em alvenaria estrutural.

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